SANEAMENTO BÁSICO

Moradores de Brasília Teimosa, em Recife, estão há 15 dias com esgoto aflorado na rua

Vila Moacir Gomes tem sofrido com águas contaminadas na porta e dificuldades para conseguir atendimento pela Compesa

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Em quase todas as ruas, a população convive com fossas entupidas e esgoto a céu aberto com frequência - Pollyana Ventura

No bairro de Brasília Teimosa, zona central do Recife, os moradores da Vila Moacir Gomes estão se queixando da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Na vila, uma das mais antigas do bairro, vivem cerca de 300 famílias. Em quase todas as ruas a população convive com fossas entupidas e esgoto a céu aberto com frequência. Muitas têm encontrado muita dificuldade para contatar a empresa.

A microempresária Joelma Nascimento, moradora da 8ª travessa Francisco Valpassos, na Vila Moacir Gomes, avalia que os serviços prestados não solucionam o problema. “Nesta terça-feira (6) por exemplo, vi um carro da Compesa desentupindo a fossa de uma das ruas. Perguntei se iriam nas demais ruas vizinhas que estão com o mesmo problema, mas eles disseram que não, que só havia solicitação para aquela rua”, se queixa Nascimento. “Eles fazem esses serviços de maneira esporádica e sem resolver em definitivo”, completa.


Vila Moacir Gomes chegou a ficar por duas semanas com vazamento de esgoto / Arquivo Pessoal

A moradora explica que os sistemas de esgoto vizinhos são conectados. “As fossas da rua são interligadas. A de uma casa passa na da outra casa e assim por diante. São 10 casas na minha rua. Mas quando eles vêm fazer a limpeza, limpam só uma das fossas, a da esquina. E pouco tempo depois entope novamente devido as outras”, reclama.

“Já faz 15 dias com o esgoto escorrendo na rua. As crianças da vizinhança brincam na rua, pisam naquela lama de esgoto e adoecem. A culpa é dos pais? Não. A culpa é do Estado e do município que não estão cumprindo com seu dever”, opina a microempresária. “Toda a Vila Moacir Gomes está nessa situação, assim como outras ruas da Brasília Teimosa”, pontua Joelma.

:: Coluna | População negra e pobre será principal atingida por privatização da água e saneamento ::

Na conta da Compesa, são disponibilizados dois números “0800” para os clientes, sendo um para atendimentos e outro especificamente para casos de vazamentos. Ao entrar em contato pelo número destinado às demandas de vazamentos, Joelma Nascimento afirma ter sido informada que aquele não era um número da Compesa.

“Quando liguei, passei 4 minutos esperando e a atendente disse que o número não era da Compesa, mas do Grande Recife [consórcio de transporte]. Ela me mandou ligar para o ‘0800-0810195’, que é o número do ‘atendimento’ da Compesa. Mas esse número eles não atendem”, se queixa a cliente. “Tenho a conta em mãos, com dois telefones disponíveis. Um atende, mas diz que não é da Compesa. O outro ninguém atende. Então não consigo atendimento”, resume.

A conta de água na casa de Joelma custa R$92,56 e taxa de esgoto. “Estou em dia, tentei fazer o protocolo e não consegui. Eles não atendem. A gente já paga por um serviço que é básico e deveria ser de graça. Mas o governo nem fornece o serviço direito”, reclama a moradora.

O Brasil de Fato Pernambuco entrou em contato com a Compesa questionando sobre as queixas dos moradores da Vila Moacir Gomes. A companhia de saneamento não respondeu às perguntas sobre os telefones para atendimento, mas horas após o contato da reportagem, uma equipe foi enviada à Vila Moacir Gomes e passou esta quarta-feira (7) limpando as fossas de diversas ruas da Vila.

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga