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Últimas notícias da vacina: Butantan suspende produção e Anvisa autoriza mais testes

Instituto paulista já utilizou todo o insumo proveniente da China e ainda aguarda novo carregamento

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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frasco de vacina
A CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, corresponde a aproximadamente 80% das imunizações - Créditos da foto: reprodução/Site Butantan

O Instituto Butantan suspendeu a produção da vacina CoronaVac, desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac, devido à falta do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA). Desde de dezembro do ano passado, o Butantan recebe o insumo da China e realiza o envase em território brasileiro, para seguir, então, com a distribuição e aplicação.

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No entanto, sem o componente, a produção da vacina está suspensa há pelo menos 10 dias, e deve se estender por pelo menos mais uma semana, uma vez que a previsão da chegada do carregamento nesta quinta-feira (8) mudou para a próxima semana, segundo afirmou Dimas Covas, o diretor do instituto, à GloboNews na noite da última quarta-feira (7). 

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Em nota, o Instituto Butantan informou que todo o IFA proveniente da China já foi envasado. "Neste momento, cerca de 2,5 milhões de vacinas encontram-se em processo de inspeção de controle de qualidade - parte integrante do processo produtivo - para serem entregues na semana que vem ao Programa Nacional de Imunizações.”

Desde janeiro deste ano, o Butantan entregou cerca de 38,2 milhões de doses para o Plano Nacional de Imunização. Com a chegada do novo carregamento será possível completar as “46 milhões de doses referentes ao primeiro contrato com o Ministério da Saúde até o dia 30 de abril”, informa. No entanto, caso o carregamento não seja entregue nos próximos dias, o calendário de remessas ao Ministério pode ser afetado.

Atraso x corrida pelas doses

O atraso do insumo pode estar relacionado à aceleração da imunização da população chinesa. "Essa demanda do governo chinês por vacinas pode, de certa forma, interferir no fornecimento de vacinas para o Brasil e para o mundo”, afirmou Dimas Covas à GloboNews.

De acordo com um balanço do Our World in Data, na última semana de março, a China ultrapassou os Estados Unidos, país com mais doses aplicadas no mundo, na quantidade de vacinas aplicadas por semana. No total, até 7 de abril, a China aplicou 149,07 milhões de doses e os EUA, 171,48 milhões. 

Nesta fila, o Brasil aparece em quinto lugar, com 24,20 milhões de doses, atrás da Índia (90,20 milhões). Na conta, a CoronaVac produzida pelo Instituto Butantan corresponde a aproximadamente 80% das imunizações. O dado diz respeito apenas ao número absoluto de pessoas vacinas, e não a taxa de vacinação por habitantes.

Segundo o consórcio dos veículos de imprensa, até esta quarta-feira (7), 21.445.683 pessoas receberam a primeira dose da vacina, cerca de 10,13% da população brasileira. Já a segunda dose, em 6.065.854 pessoas, ou seja, 2,86% da população. No total, foram aplicadas 27.511.537 em todo o país.

Autorização para novos ensaios

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta quinta-feira (8), a realização de testes de fase 3 para mais um imunizante contra a covid-19 no Brasil.

Desta vez, a vacina é desenvolvida pela biofarmacêutica Medicago R&D Inc, do Canadá, e pela farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK) e utiliza tecnologia de partícula semelhante ao novo coronavírus, além de ser aplicada em suas doses com um intervalo de 21 dias entre ambas.

Segundo a Anvisa, o ensaio, que é a última etapa, envolve cerca de 3,5 mil voluntários a partir de 18 anos, que receberão uma dose única da vacina ou um placebo, sendo este último como grupo de controle.

Não há, no entanto, ainda uma data estabelecida para o início dos testes, estando sob aprovação do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e da organização dos pesquisadores para recrutamento dos voluntários.

Edição: Poliana Dallabrida