Sem insumo

Últimas notícias da vacina: quatro capitais suspendem vacinação por falta de doses

Em João Pessoa, até mesmo a aplicação da segunda dose foi interrompida

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Rodoviários estiveram em carreata para pedir a vacinação da categoria; segundo lideranças, dezenas de motoristas e cobradores já faleceram em função da infecção por covid-19 - Reprodução

Quatro capitais brasileiras, Salvador, Curitiba, João Pessoa e Rio Branco, paralisaram a imunização da população com a primeira dose contra o novo coronavírus, nesta quarta-feira (14), devido à escassez de doses.

Continua após publicidade

A situação é pior em João Pessoa, onde até mesmo a aplicação do reforço foi interrompida. Durante todo o mês de abril, em outras capitais, a vacinação já havia sido suspensa pelo mesmo motivo

A escassez ocorre principalmente em decorrência da ausência de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para a produção e envase das doses da vacina CoronaVac, o imunizante mais distribuído aos brasileiros, cerca de 85%.

No dia 7 de abril, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, que desenvolve junto com a biofarmacêutica chinesa Sinovac Life Sciences a CoronaVac, afirmou que o envase estava suspenso há pelo menos 10 dias, ou seja, dia 28 de março. 

A situação deve ser normalizada entre o fim deste mês e o começo de maio. Na noite desta quarta-feira (14), a biofarmacêutica iniciou o processo de envio de um novo carregamento de insumos para o Instituto Butantan.

A matéria-prima deve chegar em São Paulo no dia 19 de abril, um dia antes do previsto pelo instituto, possibilitando o envase de 5,3 milhões de doses da CoronaVac.

Até a manhã desta quarta, o governo paulista enviou 40,7 milhões de doses ao Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde.

Com as 5,3 milhões de doses ainda a serem entregues, o Instituto Butantan irá atingir a quantidade prometida no acordo com a pasta: 46 milhões de doses. Apesar de o acordo prever a entrega completa até o fim de abril, com os atrasos no recebimento do insumo, a data pode mudar.

Também falta vacina da Fiocruz

O ritmo de produção da vacina produzida em parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade de Oxford e o laboratório britânico AstraZeneca também contribui para a quantidade pequena de doses circulando no país atualmente.

Até agora, a Fiocruz entregou 8 milhões de doses ao PNI, cerca de cinco vezes menos do que o Instituto Butantan.

Até o fim do mês de abril, a Fiocruz prevê finalizar a entrega de 18 milhões de doses e, depois, 21,5 milhões, em maio; 34,2 milhões, em junho; e 22 milhões, em julho.

A previsão de ritmo acelerado de vacinação nos próximos meses é com base em contratos e acordos já estabelecidos, mas não informam quais. 

No dia 9 de abril, o governo de Jair Bolsonaro informou que não irá mais divulgar a previsão de doses que espera receber mensalmente dos fabricantes, após alterar pelo menos cinco vezes o cronograma de entrega das vacinas. Agora, para saber da previsão, é necessário procurar diretamente os fabricantes.

Os primeiros cronogramas de recebimento de imunizantes foram divulgados em janeiro, ainda na gestão do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

Naquela época, os documentos já se mostravam defasados em comparação com a realidade dos atrasos dos imunizantes.

Dinamarca abandona imunização com AstraZeneca

Em mais um revés, o uso da vacina do laboratório britânico AstraZeneca foi abandonado pela Dinamarca após os relatos de coágulos sanguíneos, efeitos considerados raros, em pacientes que receberam doses do imunizante. É a primeira vez que um país europeu toma essa decisão.

 O diretor da Agência Nacional de Saúde do país, Søren Brostrøm, afirmou em uma entrevista coletiva que “a campanha de vacinação na Dinamarca continua sem a vacina da AstraZeneca”, apesar das recomendações favoráveis da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) ao uso do imunizante.

Até o dia 4 de março, a EMA registrou 222 casos de trombose, decorrente da presença de coágulo sanguíneo, entre 35 milhões de vacinados, ou seja, um caso a cada 175 mil imunizados, o que é considerada uma incidência baixíssima e, por isso, não deveria justificar o abandono do imunizante.

No Brasil, a vacina de AstraZeneca é a principal aposta do presidente Jair Bolsonaro.

Balanço de imunização x óbitos

Segundo o último balanço do consórcio de veículos de imprensa, até às 20h desta quarta-feira (14), o Brasil aplicou a primeira dose em 24.956.272 pessoas, o que representa 11,79% da população. Já a segunda dose foi aplicada em 8.121.842 pessoas (3,84% da população). No total, foram aplicadas 33.078.114 doses.

Até segunda-feira (12), 11,26% da população brasileira já havia tomado a primeira dose e 3,49%, a segunda, um aumento inexpressivo.

Paralelamente, na última quarta (14), o Brasil registrou 3.459 óbitos por covid-19 nas últimas 24 horas. É o quinto dia seguido com registros acima de 3 mil.

Com as atualizações desta quarta, o país soma 361.884 vítimas desde o início da pandemia, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass).

No mesmo período, foram notificados 73.513 infectados, totalizando 13.673.507 doentes em pouco mais de um ano de pandemia no Brasil.

Estabilidade em casos

Em seu canal do Youtube, o biólogo e microbiologista Átila Iamarino afirmou, nesta terça-feira (13), que “depois de muita subida e casos de internação, algumas regiões estão estabilizando em casos". 

De acordo com o balanço do consórcio de veículos de imprensa, a média móvel de aproximadamente 70 mil novos casos por dia representa uma variação de -6% em relação aos casos registrados anteriormente, o que indica uma estabilidade, mesmo que ainda com números elevados. 

Dez estados estão com alta nos números: AC, AP, MA, MG, PE, PI, PR, RJ, RR, e SE; 12 estão em estabilidade: AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MS, MT, PA, RN, SP e TO; e quatro estão em queda: PB, RO, RS e SC.

Edição: Leandro Melito