Barraco no STF

Julgamento de suspeição de Moro acaba em bate-boca e microfones de ministros cortados

Defensor dos métodos da Lava Jato, Luís Roberto Barroso discutiu rispidamente com Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
"Não precisa vir com grosseria", disse Barroso a Gilmar - Reprodução - Youtube

O ministro Luís Roberto Barroso e os ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes protagonizaram nesta quinta-feira (22) duas discussões ríspidas e com direito a ofensas pessoais durante a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que confirmou a suspeição do ex-juiz Sergio Moro no processo do "triplex do Guarujá", que tinha o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como réu.

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Barroso, primeiro, participou de um debate acalorado com Lewandowski. Depois, já no final da sessão, discutiu com Gilmar Mendes, e o bate-boca foi encerrado pelo ministro presidente da corte, Luiz Fux, que desligou o microfone dos dois e encerrou a sessão, que deve ser retomada na próxima quarta-feira, embora a maioria já tenha sido formada em favor da suspeição de Sergio Moro.

No primeiro episódio, Lewandowski estava proferindo seu voto em favor da suspeição do ex-juiz de Curitiba. Seu voto vinha após o de Barroso, que aproveitou a oportunidade para discorrer sobre a importância da luta contra a corrupção no Brasil e os supostos feitos da Operação Lava Jato nesse sentido. 

Lewandowski, por sua vez, aproveitava seu voto para criticar os métodos da Operação Lava jato, que, a seu ver, ultrapassaram os limites da lei. Em dado momento, Barroso interrompeu a fala do colega, perguntando: "Vossa excelência acha que o problema, então, foi o enfrentamento da corrupção e não a corrupção?"

A resposta do colega já foi em um tom irritado: "Vossa excelência sempre quer trazer à baila aqui a questão da corrupção. Como se aqueles que estivessem aqui contra o modus operandi da Lava Jato fossem favoráveis à corrupção".

Continuando sua argumentação, Lewandowski defendeu as mensagens trocadas entre Moro e procuradores da Lava Jato - periciadas pela Operção Spoofing, da Polícia Federal - deveriam ser consideradas como prova das ilegalidades cometidas pela operação do MPF

Ao que o ministro Barroso devolveu: "Mas [o uso das mensagens hackeadas] é produto de crime, ministro. Então, o crime compensa para vossa excelência?"

A discussão foi interrompida na sequência, uma vez que nem a Operação Lava Jato nem as conversas de Moro com procuradores estavam em análise naquele julgamento.

Ao fim da sessão, quando Luiz Fux já tentava encerrar os trabalhos, foi a vez de Gilmar Mendes e Barroso discutirem com rispidez. A refrega começou com Barroso lembrando que, em 2018, Gilmar pediu vistas em um recurso que defendia a parcialidade de Sergio Moro "e sentou em cima dele por dois anos". "Vossa excelência manipulou a jurisdição e pensa que pode ditar regras pros outros", acusou Barroso.

Gilmar Mendes, então abandonou os argumentos técnicos e atiçou o descontentamento de Barroso frente ao resultado do julgamento: "Vossa excelência perdeu!", disse referindo-se ao placar do julgamento desta quinta, de 7 a 2 pela suspeição do ex-juiz, tendo Barroso como um dos votos vencidos. O ministro já então respondia aos gritos, quando a sessão foi encerrada por Fux, que cortou o microfone dos dois. Veja abaixo.

Edição: Vinícius Segalla