luto na ARGENTINA

Morre Mercedes de Meroño, vice-presidenta da Associação Mães da Praça de Maio

Conhecida como Porota, a ativista veterana foi torturada quando criança na Espanha por agentes de Francisco Franco

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |
Mercedes de Meroño, conhecida como Porota, faleceu aos 95 anos em sua casa em Buenos Aires, depois de meses doente - Resumen Latinoamericano

A Associação Mães da Praça de Maio da Argentina informou em nota o falecimento da sua vice-presidenta, Mercedes Colás de Meroño, conhecida como Porota. A Madre faleceu, ao meio dia da última quarta-feira (21), na sua casa em Buenos Aires, depois de passar meses doente. Porota tinha 95 anos e havia fraturado a bacia, o que lhe impedia de caminhar. 

"Ela se foi devagar, todos os dias morria um pouco", relatou a presidenta da Associação, Hebe de Bonafini. 

A Associação Mães da Praça de Maio foi criada em 1977 pelas mães de cerca de 30 mil argentinos desaparecidos pela ditadura militar, que durou de 1976 a 1983. O grupo luta por memória, justiça e reparação e até hoje consegue promover o reencontro de famílias. 

A única filha de Mercedes, Alicia Meroño, foi sequestrada pela ditadura argentina, no dia 5 de janeiro de 1978, quando tinha 31 anos de idade. Durante os últimos 43 anos, Porota procurou pela sua filha ao lado das Mães da Praça de Maio.

Em várias entrevistas, Porota dizia que colocou o nome da sua filha de Alicia, porque ao pronunciá-lo era necessário sorrir. 

A vice-presidenta da Associação nasceu na Argentina, no dia 11 de julho de 1925, mas com apenas 6 anos emigrou com sua família para a Espanha. Durante a Guerra Civil espanhola, seu pai, José María Colás, um pedreiro de orientação anarquista, foi fuzilado em Navarra pelos militares fascistas e Mercedes, ainda criança, foi torturada.

Quando voltou para a Argentina com sua família sofreu os anos de chumbo da ditadura militar.

Apesar do horror, herdou do pai a identificação com o anarquismo. Como vice-presidenta da Associação se reuniu com vários líderes políticos e chefes de Estado, como Lula da Silva, Hugo Chávez, Fidel Castro e Yasser Arafat.

"Outra companheira que se vai e nos deixa um vazio enorme, mas a vida segue. Assim são as Mães: estamos mais compostas que podemos, cada vez que alguma se vai, leva um pedaço de nós mesmas. Mas sabemos o compromisso que temos com nossos filhos e devemos seguir", afirmou Hebe de Bonafini, presidenta da Associação, em nota. 

Edição: Vinícius Segalla