VIDAS X ECONOMIA

Brasil registra 2.914 mortes por covid em 24h, e Bolsonaro reduz gastos com pandemia

São Paulo, com quase 900 mortes em 24h, reabre salões de beleza, academias, clubes, parques e cinemas nesta sábado (24)

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Enquanto Bolsonaro vetava recursos para o setor, o Brasil viu crescer em 69.105 os novos casos de infectados pela covid-19 nesta sexta-feira (23) - Douglas Magno/AFP

O Brasil chegou nesta sexta-feira (23) a 2.914 mortes por covid-19 em um período de 24 horas. Já são 386.416 as vítimas da pandemia do novo coronavírus e do descaso do governo federal desde o início da pandemia.

Apesar de o Brasil ser um dos epicentros mundiais da doença, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) reduziu de R$ 524 bilhões para R$ 103 bilhões a previsão de gastos extraordinários contra os efeitos da pandemia.

“Os valores foram confirmados nesta sexta-feira (23) pelo secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, durante entrevista no Palácio do Planalto sobre o Orçamento de 2021”, informou o jornal O Globo.

Aprovado com vetos por Bolsonaro na data limite (22), o orçamento prevê ainda a retirada de R$ 2,2 bilhões do Ministério da Saúde, comprometendo programas de adequação de sistemas tecnológicos, ações de pesquisa e desenvolvimento, manutenção de serviços laboratoriais, assistência farmacêutica e construções de sedes regionais da Fiocruz.

Enquanto Bolsonaro vetava recursos para o setor, o Brasil viu crescer em 69.105 os novos casos de infectados pela covid-19, que já atinge 14.237.078 de contaminados em um ano e um mês de pandemia. Os números reais, no entanto, são ainda mais altos, já que o Brasil está entre os países que menos testa sua população.

São Paulo se abre para a covid-19

estado de São Paulo contou 863 mortes por covid-19 no período de 24 horas, com 17.812 novos casos. Mais de 2,8 milhões já adoeceram e 91.673 foram vitimados pela doença no estado que tem cerca de 80% das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) ocupadas.

Mesmo assim, o governo de João Doria (PSDB) decidiu dar sequência à fase de transição da quarentena. A partir deste sábado (24), está autorizada a reabertura de salões de beleza, academias, clubes, parques, cinemas e convenções em todo o estado.

O vice-governador, Rodrigo Garcia, justificou o avanço por uma pequena melhora nos índices de novos casos, internações e mortes pela covid-19, mas em todas as regiões os parâmetros seguem acima do nível máximo estabelecido no Plano São Paulo, que coordena a reabertura do comércio e dos serviços.

Além disso, das 17 regiões do estado, quatro ainda têm mais de 90% de ocupação de UTIs para pacientes com covid-19. Outras nove regiões estão com mais de 80% de ocupação dos leitos de terapia intensiva, o que os mantaria na fase vermelha.

Apenas quatro regiões tiveram uma maior redução nas internações e chegaram a índices de fase laranja na ocupação de UTI: Baixada Santista, Grande São Paulo, Campinas e Piracicaba, mas todas mantêm altos índices de novos casos, internações e mortes.

Pandemia jovem

Fiocruz alerta para o que chamou de rejuvenescimento da pandemia. Levantamento referente às semanas 14 e 15, período de 4 a 17 de abril, constata que o aumento diferencial por idades se manteve entre os casos e óbitos de covid-19.

“A análise aponta que a faixa etária dos mais jovens, de 20 a 29 anos, foi a que registrou maior aumento no número de mortes por covid: 1.081,82%. Nas idades de 40 a 49 anos (1.173,75%) houve o maior crescimento do número de casos”, relata o boletim da Fiocruz.

As taxas de ocupação de leitos de UTI para adultos no SUS, em diversos estados, se mantêm, em geral, em níveis muito elevados. “Dados obtidos em 19 de abril, em comparação aos do último dia 12, indicam a saída do Amapá de zona de alerta crítico para zona de alerta intermediário, na qual já se encontravam Amazonas, Maranhão e Paraíba. Exceto por Roraima, fora de zona de alerta, os demais estados e o Distrito Federal permaneceram em zona de alerta crítico. 

A análise constata, ainda, as incidências de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), outro indicador estratégico. Apesar de estarem em estabilidade em alguns estados ou em redução, os níveis são considerados ainda muito altos. Cerca de 90% dos casos de SRAG são devido a infecções por Sars-CoV-2.

Dezenove estados e o Distrito Federal apresentam taxas de incidência muito elevadas, acima de 10 casos por 100 mil habitantes: Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás. Os pesquisadores alertam que “estabilidades em níveis elevados não são desejáveis porque os leitos hospitalares ainda permanecem com ocupação alta”.