Contra o genocídio

Campanha "Fora Bolsonaro" lamenta as 400 mil mortes e convoca plenária para dia 11

Declaração divulgada nesta quinta (29) denuncia negligência do atual governo e lista demandas populares na pandemia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Retroescavadeira abre vala coletiva em cemitério público na zona oeste de Manaus - Michael Dantas/AFP

Os partidos políticos, movimentos sindicais e populares, organizações da sociedade civil e coletivos militantes que compõem a Campanha Nacional Fora Bolsonaro publicaram, nesta quinta-feira (29), uma declaração lamentando a marca de 400 mil mortes por covid-19 no Brasil e responsabilizando o governo Jair Bolsonaro (sem partido) pelo fracasso no enfrentamento à pandemia.

Além de se solidarizar com as famílias das vítimas do coronavírus, os organizadores da Campanha convocam uma plenária nacional para o próximo dia 11. A ideia é reunir, virtualmente, trabalhadores e militantes de todo o país para organização definição dos próximos passos da luta popular em oposição ao atual governo.

::Coluna | A "CPI do Genocídio" é essencial para que possamos investigar os crimes deste governo - Por Alexandre Padilha::

A Campanha foi lançada há pouco menos de um ano, em uma articulação entre integrantes da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo.

No texto desta quinta, os autores explicam por que são favoráveis ao impeachment de Bolsonaro.

"Essa crise tem tido consequências tão graves para o Brasil e para a vida do seu povo que não podemos, passivamente, esperar por uma nova eleição. Elencamos os crimes de Bolsonaro, pedimos seu impeachment à Câmara dos Deputados várias vezes, e por várias razões e não fomos ouvidos até agora", afirmam.

"Entendemos que o país não é vítima da simples incompetência. Ele é presidido por um projeto de destruição da nação brasileira. É um projeto de destruição do território nacional, que se dá pela acelerada degradação ambiental e também pela ânsia de entregar solo, subsolo, água, energia e petróleo ao controle privado internacional", acrescenta o texto.

Auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia, programas de proteção aos empregos e apoio à produção de alimentos da agricultura familiar são algumas das demandas elencadas pela campanha, que saúda a criação da CPI da Pandemia para investigar a omissão do governo brasileiro.

Ao pedir "vacina no braço e comida no prato", os autores também convidam "toda a militância social que compartilha dos nossos compromissos de luta a se somar em nossa Jornada de Lutas e Solidariedade com a classe trabalhadora (...) que se estenderá até o sábado, Primeiro de Maio, dia Dia do Trabalhador."

Confira a declaração na íntegra:

"DECLARAÇÃO DA CAMPANHA NACIONAL FORA BOLSONARO

No dia em que o Brasil ultrapassa os 400 mil mortos pelo coronavírus, nos solidarizamos com as famílias e com todo o povo brasileiro atingido pela pandemia e conclamamos mais uma vez o país a interromper o governo da morte e da destruição nacional.

Há quase um ano o movimento sindical e popular, organizações da sociedade civil, partidos políticos e coletivos militantes se uniram para dar vida a Campanha Fora Bolsonaro e acabar com as mortes evitáveis. 

Compreendemos, ainda nos primeiros meses da pandemia, que não há saída para a crise brasileira enquanto a nação for dirigida pelo governo Bolsonaro. Essa crise tem consequências tão graves para o Brasil e para a vida do seu povo que não podemos, passivamente, esperar por uma nova eleição.

Elencamos os crimes de Bolsonaro, pedimos seu impeachment à Câmara dos Deputados, várias vezes e por várias razões e não fomos ouvidos até agora. Outros, antes de nós, já haviam elencado os crimes que tornaram possível sua vitória nas eleições de 2018 e até hoje também não tiveram veredicto da justiça eleitoral para a cassação da chapa Bolsonaro/Mourão.

Entendemos que o país não é vítima da simples incompetência. Ele é presidido por um projeto de destruição da nação brasileira. 

É um projeto de destruição do território nacional, que se dá pela acelerada degradação ambiental e também pela ânsia de entregar solo, subsolo, água, energia e petróleo ao controle privado internacional.

É um projeto de destruição da democracia e da cultura brasileira, que passa pela tentativa de revisar nossa história, pelos sucessivos ataques às instituições e liberdades democráticas e pela perseguição à diversidade política e cultural, buscando submeter o país a uma visão de sociedade única, violenta e conservadora.

É um projeto de destruição do Estado e, consequentemente, dos serviços públicos sufocados por uma austeridade burra e por um teto de gastos criminoso. 

E é, cada vez mais, um projeto de destruição da vida do povo trabalhador, indígena, quilombola e negro que morre aos milhares, todos os dias, vítima da negação da ciência, da incompetência na gestão e da indiferença de um governo que coloca, sempre, o lucro acima da vida.

Hoje o Brasil chega a terrível marca de 400 mil mortos por coronavírus. Ainda estamos em abril e já morreram mais pessoas em 2021 de covid-19 do que em todo o ano passado. Em algumas cidades morrem mais pessoas do que nascem.

Nos irmanamos com o povo brasileiro que sofre com o desespero do desemprego, a agonia da fome, o medo da doença e o vazio deixado pela morte de alguém próximo. Não somos indiferentes! 

Não podemos nos calar!

O Brasil vive uma calamidade sanitária e social.

Continuaremos a lutar pela vacina para todas as pessoas pelo SUS. Renovamos nossa defesa do Sistema Único de Saúde, que já salvou milhões de vidas e poderia salvar ainda mais com financiamento adequado e coordenação de ações entre governo federal, estados e municípios.

Continuaremos a luta para que todas as pessoas tenham o direito ao isolamento social e para que a fome não seja um medo ainda maior do que o da doença. É urgente que o Congresso Nacional restabeleça um Auxílio Emergencial digno de, no mínimo, R$600 até o fim da pandemia, retome os programas de proteção aos empregos e apoie a produção de alimentos da agricultura familiar.

Continuaremos a lutar por Fora Bolsonaro! Um governante que promove desemprego, pobreza, fome, doença e morte é um genocida e deve ser responsabilizado urgentemente pelos seus crimes, seja pelo congresso nacional através do impeachment, seja pela interdição judicial de uma presidência criminosa.

Saudamos a criação da CPI da Pandemia no Senado Federal que iniciou nesta semana os trabalhos da CPI da Pandemia que poderá dar transparência à sociedade brasileira quanto aos inúmeros crimes cometidos pelo governo federal no enfrentamento ao coronavírus.

Saudamos também a iniciativa dos partidos de oposição que articulam a unificação dos mais de 100 pedidos de impeachment que dormem nas gavetas do Presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira (PP/AL), apoiamos toda a pressão social, política e jurídica para que esses pedidos sejam analisados com urgência pelo Congresso Nacional. 

E, por fim, conclamamos toda a militância social que compartilha dos nossos compromissos de luta a se somar em nossa Jornada de Lutas e Solidariedade com a classe trabalhadora: “QUEREMOS VACINA NO BRAÇO E COMIDA NO PRATO!”, que se estenderá até o sábado, Primeiro de Maio, dia Dia do Trabalhador.

Estamos juntos, movimento sindical e popular em centenas de ações em todo o Brasil que levam nossa mensagem de luta, esperança e solidariedade aos trabalhadores e ao povo que mais precisa.

Nos encontraremos, no próximo dia 11 de maio, para uma grande plenária nacional de organização das lutas populares para a qual toda a militância está convidada e na qual definiremos juntos os próximos passos da nossa agenda unitária.

Em defesa da vida do povo brasileiro!
Vacina Já!
Auxílio Emergencial de R$600!
Revogação da EC do Teto de Gastos
Fora Bolsonaro e Mourão!

Brasil, 29 de abril de 2021"

Edição: Vinícius Segalla