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Número de mortos na ação no Jacarezinho sobe para 28, informa a Polícia Civil

Moradores da região protestaram na noite desta sexta (8). A partir das 17h de hoje, ato também será realizado em SP

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Operação é considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro - Mauro Pimentel/AFP

O número confirmado de mortos decorrente da operação policial no Jacarezinho, no Rio de Janeiro, subiu para 28, conforme informou a Polícia Civil neste sábado (8). Apenas a identidade do policial morto André Leonardo de Mello Frias, de 48 anos, foi apresentada. Quanto às outras 27 vítimas, o órgão apenas informou que eram "criminosos".

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A operação realizada, na manhã da última quinta-feira (6) pela Polícia Civil, é considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro. Denominada “Operação Exceptis”, foi realizada para desarticular uma quadrilha de traficantes de drogas suspeita de aliciar menores de idade.

“Chacina”

Em uma nota conjunta, Anistia Internacional no Brasil, Justiça Global, Instituto Marielle Franco e Movimento Negro Unificado classificaram a operação como uma “chacina”. Na mesma linha, moradores do Jacarezinho e defensores de direitos humanos realizaram manifestações na noite deste sábado (7) na capital fluminense.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), cobrou da Procuradoria-Geral da República (PGR) investigação sobre o caso. Ele enviou à PGR vídeos enviados ao seu gabinete pelo Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

No ofício encaminhado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, Fachin afirma que "os fatos relatados parecem graves e, em um dos vídeos, há indícios de atos que, em tese, poderiam configurar execução arbitrária".

Manifestações

Em São Paulo, na capital, a partir das 17h, também haverá manifestação no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP), organizada pela Coalizão Negra por Direitos.

“É a maior chacina da história do Rio de Janeiro, que ocorreu de forma ilegal, após a decisão do STF em 2020, que proíbe ações do porte no contexto da pandemia. Não podemos nos calar! São Paulo irá se manifestar em solidariedade e por justiça. Venha de máscara e mantenha o distanciamento social”, destaca o informe. 


Manifestação é organizada pela Coalizão Negra por Direitos / Reprodução/Facebook

Desde junho de 2020, as incursões de agentes nas favelas do estado estão proibidas pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), em decorrência da pandemia da covid-19.

Em entrevista ao Brasil de Fato, o advogado criminal André Lozano Andrade responsabilizou o Poder Judiciário e o Ministério Público pelo "completo desastre", como ele ressalta, ocorrido na capital fluminense.

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"Na maior parte das vezes, o Ministério Público é omisso com o crime, especialmente quando um policial mata. O caso de agora faz com que o MP tenha as mãos sujas de sangue com as mortes do Jacarezinho", critica Andrade, que é também professor de Direito Penal e Processo Penal.

Edição: Daniel Lamir