Coronavírus

Manifesto do Movimento Negro por mais vacinas é destaque no Programa Bem Viver

Documento também reivindica quebra de patentes dos imunizantes contra a Covid-19, afim de ampliar seu acesso

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Ampliação da vacina é melhor forma de evitar mortes de pessoas negras, mais vulneráveis ao contágio por Covid-19 - Christof Stache / AFP
Estudos comprovam que a taxa de imunização de pessoas brancas é o dobro da de pessoas negras

O fato de as pessoas negras estarem mais vulneráveis ao contágio pelo novo coronavírus motivou a Coalizão Negra por Direitos e outras 150 organizações sociais a publicar um manifesto cobrando o compromisso do Congresso Nacional com a ampliação da vacinação para todos os brasileiros. O documento reivindica ainda a quebra de patente das vacinas contra a Covid-19, afim de ampliar e democratizar seu acesso.

“As 400 mil mortes que infelizmente tivemos tem se concentrado em regiões onde há maior população negra e periférica. Por isso nossa chance de sobreviver é ter uma vacinação ampla, pelo Sistema Único de Saúde, em que todas e todos possam ter acesso a vacina”, disse a advogada Sheila Carvalho, integrante da Coalização Negra por Direitos, entrevistada na edição de hoje (11) do Programa Bem Viver.

O manifesto defende que a vacina é a única ferramenta para estancar a elevada mortalidade da população negra por Covid-19. Estudos comprovam que a taxa de imunização de pessoas brancas é o dobro da de pessoas negras. Os últimos dados oficiais publicados com recorte racial da pandemia, em maio do ano passado, mostram que a população negra do Brasil tinha 5 vezes mais chance de ser morta pela doença que a branca.

“Isso se dá por uma série de fatores, um deles é a privação histórica do direito à saúde. Os negros têm uma dificuldade maior de ser atendido adequadamente e têm índices maiores de comorbidades”, diz Sheila. “A isso se somam as circunstâncias econômicas que aumentam os riscos de contaminação. Quem está na linha de frente dos serviços essenciais, como o de entregas, o Uber e os trabalhadores dos supermercados? Sabemos as pessoas negras, são mais suscetíveis a terem trabalhos precarizados, que não pararam durante a pandemia.”

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Profissão, doula

Ao longo do mês de Maio, a Fiocruz realiza encontros com doulas em diversas regiões do país, visando a elaboração de um documento de referência para a atuação dessas profissionais no SUS. Elas têm o papel de prestar auxílio físico, informacional e emocional às mulheres durante a gestação.

As doulas são as principais representantes do movimento do parto humanizado. O Brasil é o segundo país com a maior taxa de cesáreas do mundo, atrás apenas da República Dominicana. Ao todo, 55% dos partos ocorrem com intervenção cirúrgica. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a taxa de cesarianas fique entre 10% a 15%.

Vale lembrar que muitas vezes as cesárias são necessárias para garantir a saúde da mãe e do bebê. Mesmo quando não é, a decisão por esse método cabe exclusivamente à gestante. O que o movimento defende é que mães que desejam e podem ter partos humanizados sejam incentivadas e acolhidas na decisão.

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Dia do Reggae

Hoje, 11 de maio, é comemorado o Dia Nacional do Reggae.  Essa data foi escolhida em homenagem àquele que é considerado o rei do reggae: Bob Marley. O músico jamaicano morreu justamente em 11 de maio de 1981, vítima de câncer.

O que chama a atenção é que no Brasil a cultura reggae ganhou um pouco da nossa cara. Hoje temos o reggae nacional, ou melhor, o reggae do Maranhão, que traz muitos elementos semelhantes ao jamaicano, como o ritmo, os instrumentos e a referência a cultura Rastafári.

Porém, o reggae do Maranhão tem elementos que deixam bem evidente que trata-se de algo novo, genuinamente brasileiro. Um deles é o uso das radiolas, as montanhas de caixas de som semelhantes ao Sound System jamaicanos. Além disso, os maranhenses curtem um reggae para ser dançando juntinho, chamado de agarradinho, e batizaram os grandes hits do gênero de “melo”, um encurtamento da palavra “melodia”.

“Há várias lendas e tentativas de explicar como o reggae chegou aqui, mas cultura não é matemática, não precisa ser exata. O que se sabe é que nós estamos nas bordas de fazer 50 anos de reggae”, diz o curador do museu do reggae do Maranhão, Ademar Danilo. “É uma cultura que prega paz, amor e harmonia, mas mostra que só por meio da luta poderemos chegar a esses objetivos.”

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Edição: Sarah Fernandes