Rio Grande do Sul

Saúde Mental

Conselho de Psicologia promove reflexões sobre a exclusão como forma de cuidado

Nesta terça-feira (15), Dia da Luta Antimanicomial, o Conselho Regional de Psicologia do RS promove ações sobre o tema

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Neste ano, a campanha do CRPRS alusiva à data tem o tema “Excluir não é cuidar – Vamos refletir para não repetir?” - Reprodução

No 18 de Maio, Dia da Luta Antimanicomial, o Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS) vai realizar uma ação de conscientização sobre a exclusão e o encarceramento como forma de tratamento das pessoas pessoas em sofrimento psíquico ou que façam uso abusivo de álcool e outras drogas. O tema da campanha neste ano é Excluir não é cuidar – Vamos refletir para não repetir?”.

Para marcar a data, o CRPRS realiza, na terça-feira (18), diversas ações em prol da defesa do cuidado em liberdade e da completa substituição do modelo manicomial. Às 18h será realizada uma projeção, na fachada de um prédio na elevada do túnel da Conceição, no centro de Porto Alegre.

No mesmo dia, será lançada uma História em Quadrinhos inédita, produzida especialmente para a data. A HQ foi criada pela ilustradora Sophia Andreazza, mostrando diferentes histórias de vidas afetadas pela exclusão. Segundo o CRPRS, o objetivo é defender a completa substituição do modelo manicomial pelo cuidado em liberdade, reforçando que a exclusão jamais será uma forma de cuidado para pessoas em sofrimento psíquico ou que façam uso abusivo de álcool e outras drogas.

Mais informações no site do CRPRS. Os debates promovidos pelo conselho também podem ser conferidos em seu canal do Youtube e página do Facebook.

A programação da campanha este ano iniciou com uma live no dia 14, com o tema “Manicômio nunca mais”, organizada pela Comissão de Saúde Mental do Conselho Municipal de Saúde de Caxias do Sul, que tem o apoio do CRPRS.

Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial

A Reforma Psiquiátrica abriu, nas últimas décadas, um campo de possibilidades e mudanças na forma de lidar com a loucura. Com a substituição gradativa dos hospitais psiquiátricos por espaços de acolhimento em saúde mental presentes no território, os usuários de serviços de saúde mental, antes confinados aos manicômios, puderam acessar novas formas de atenção e cuidado. Entre diversos serviços destacam-se o Acompanhamento Terapêutico, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e os Residenciais Terapêuticos.

“Cabe ressaltar, porém, que a superação do manicômio enquanto estrutura e enquanto lógica nunca se efetivou de fato, pois para além das estruturas físicas com modelos de internação que persistem até hoje como é o caso das Comunidades Terapêuticas e Hospitais Psiquiátricos, a lógica manicomial existe também nas práticas de segregação e desumanização associadas ao aprisionamento e à exclusão das diferenças e de sujeitos considerados ‘indesejáveis’”, explica a psicóloga, presidenta da Comissão de Direitos Humanos do CRPRS, Cristina Schwarz. 

Conforme Cristina, nos últimos anos, tem-se acompanhado o crescimento de políticas que adotam a segregação em espaços de confinamento como estratégia principal para o tratamento de pessoas em sofrimento psíquico e de usuários de álcool e outras drogas, sob novas (ou nem tão novas) roupagens.

“Marcadores sociais, econômicos e étnico-raciais são balizadores para o modelo de atendimento oportunizado, em que, não raramente, pretos e pobres são ainda mais excluídos do convívio com a sociedade, levados para lugares que aprisionam, como manicômios, prisões e comunidades terapêuticas, sob a justificativa do risco para si ou para a sociedade”, exemplifica.


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Edição: Marcelo Ferreira