Surto escolar

Levantamento aponta mais de 100 casos de covid em escolas estaduais gaúchas 

Pesquisa ouviu membros 90 educadores de 77 escolas; 43 delas, de 32 municípios, relataram casos de covid, 56% do total

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Apenas 15 (35%) das escolas com casos positivos suspenderam as aulas após o diagnóstico de contaminados - Apeoesp

Desde a retomada das atividades presenciais nas escolas gaúchas, no dia 3 de maio, pelo menos 105 casos de covid-19 foram detectados nas escolas da rede estadual. Os dados, ainda parciais, foram coletados pelo CPERS-Sindicato (que representa os trabalhadores da educação no estado) em formulário lançado nesta quarta-feira (19). De acordo com a entidade, ao todo, 90 educadores(as) de 77 escolas responderam o questionário até a manhã desta quinta-feira. A pesquisa segue em andamento. 

Conforme o levantamento preliminar, entre as escolas que responderam ao questionário, 43 delas, de 32 municípios relataram casos de covid-19 (56%), incluindo 34 professores(as), 22 funcionários(as), 13 integrantes da equipe diretiva e 36 alunos(as). Apenas 15 (35%) das escolas com casos positivos suspenderam as aulas após o diagnóstico.

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A pesquisa também coletou dados sobre a sensação de segurança em relação ao ambiente escolar, qualidade e quantidade dos EPIs e adequação das orientações enviadas pelo estado a respeito dos protocolos.

Para o vice-presidente do sindicato, Edson Rodrigues Garcia, os dados coletados até o momento não são surpresa para a entidade. “Essa é a realidade que estamos vivendo hoje. Infelizmente a grande mídia não registra, fazendo com que todas e todos acreditem que tudo esteja indo muito bem. E não está, porque se multiplicarmos esses 105 que apresentaram covid nesses poucos dias de atividades presenciais por membros de cada família, é uma infinidade de gente contaminada”, afirma. 

Segundo o dirigente, o CPERS-Sindicato há algum tempo se manifesta sobre a contrariedade do retorno das aulas presenciais no estado, visto que não há nenhuma segurança sanitária, com a precariedade dos EPIs e protocolos que não são claros.

“Tudo isso faz com que a gente realmente diga às nossas comunidades escolares, que são de 2.400 no estado, para não enviarem os seus filhos e filhas para as escolas. Não temos nenhuma segurança sanitária, nem EPIs, e nem protocolos claros e tão pouco o governo quer se responsabilizar pelas vidas. Está passando um termo de responsabilidade para que pais, mães e responsáveis assumam a responsabilidade caso aconteça alguma coisa para seus filhos”, aponta Edson. 

O levantamento completo será apresentando para a Secretaria Estadual de Educação (SEDUC), para que ela, como mantenedora e responsável pelas comunidades escolares, reavalie a orientação de reiniciar aulas presenciais sem a devida imunização das comunidades, explica o vice-presidente.

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Principais dados obtidos até o momento:

  • 73% responderam que a escola não oferece condições de segurança adequadas para a realização de aulas presenciais

  • 47% responderam que não há EPIs suficientes e adequados para a proteção da comunidade escolar

  • 83,5% responderam que o governo não fez um bom trabalho na orientação da comunidade escolar a respeito dos protocolos de segurança sanitária

Municípios com casos de covid-19 nas escolas, segundo o CPERS:

Alvorada

Bom Princípio

Braga

Cachoeira do Sul

Canguçu

Caxias do Sul

Eldorado do Sul

Estação

Ibarama

Ijuí

Jaquirana

Nao-Me-Toque

Nova Prata

Novo Hamburgo

Osório

Paraíso do Sul

Passo Fundo

Pelotas

Porto Alegre

Restinga Seca

Rio Grande

Rio Pardo

Santa Cruz do Sul

Santa Maria

Santa Vitória do Palmar

Sant’Ana do Livramento

Santiago

Santo Ângelo

São Luiz Gonzaga

Segredo

Uruguaiana

Viamão

A pesquisa continua em andamento e pode ser acessada neste link.

O Brasil de Fato RS entrou em contato com a a secretaria Estadual de Educação, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

* Com informações do CPERS-Sindicato

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira