Pandemia

Programa Bem Viver debate risco da variante indiana da Covid-19 no Brasil

Nova mutação do coronavírus foi confirmada no país na última semana, em navio que atracou no Maranhão

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Falta de medidas de segurança e controle , aliadas a flexibilização precoce da quarentena, podem levar o Brasil a um novo pico de casos e mortes pelo novo coronavírus no Brasil - Mauro Pimentel/AFP
É uma questão ética: por que vacinar atletas se motoristas de ônibus estão trabalhando sem vacina?

Estudos científicos ainda em fase de revisão sugerem que a variante B 1.617 do novo coronavirus, também chamada de variante indiana, teve prevalência entre as outras identificadas na Índia, sugerindo que ela se adaptou e circulou mais entre a população. Esta mutação da Covid-19 foi confirmada pela primeira vez no Brasil, na última semana, no Maranhão, em um navio que atracou no porto de São Luís com tripulantes infectados.

“Temos ainda poucos estudos e eles estão em fase de revisão, o que dificulta o entendimento sobre transmissão e acometimento, mas mostraram que a presença desta variante aumentou na Índia, sugerindo que ela se adaptou melhor”, diz a médica da família e comunidade Fernanda Americano Freitas Silva, entrevistada na edição de hoje (24) do Programa Bem Viver. “As pesquisas apontam que as vacinas tiveram ação neutralizante, mas é importante lembrar que não é só a vacina que vai segurar a propagação”.

A falta de medidas de segurança e controle do vírus, aliadas a flexibilização precoce da quarentena, podem levar o Brasil a um novo pico de casos e mortes pelo novo coronavírus. “Um levantamento da Fiocruz mostra que os casos de síndrome aguda respiratória grave estão com tendência de aumento em grande parte dos estados”, diz Fernanda. “Uma terceira onda ou mesmo a manutenção na pandemia neste patamar alto colabora para o aumento da fome, do desemprego e do caos na saúde”.

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Olimpíadas na pandemia

Mesmo diante da pandemia do novo coronavírus e da desigualdade na aplicação de vacinas em diferentes países, o Comitê Olímpico Internacional (COI) está irredutível em realizar as Olimpíadas de Tóquio em 23 de julho deste ano. Os jogos estavam marcados para o ano passado, mas foram adiados por conta da pandemia.

O governo do Japão, país sede das Olimpíadas, também apoia a realização do evento na data marcada, porém uma pesquisa realizada na última semana apontou que 80% da população do país não é a favor dos jogos. Uma entidade de médicos japoneses fez uma carta contra as Olimpíadas que somou mais de 350 mil assinaturas.

Do outro lado, o COI tem acelerado a imunização de atletas com vacinas doadas pela entidade. A expectativa é que mais de 1200 atletas sejam vacinados. “A gente tem aí uma questão ética: por que vacinar atletas se motoristas de ônibus estão trabalhando desde o começo da pandemia sem imunização? Assim como os caixas de supermercado, de farmácias? Essas pessoas tinham que ser imunizadas, os professores têm que ser imunizados”, diz a coordenadora do Grupo de Estudos Olímpicos da Universidade de São Paulo (USP), Katia Rubio.

Outro fator problemático apontado pela professora é a desigualdade nas oportunidades de treinamento dos atletas. “Em países onde se tem estrutura mínima para fazer uma bolha, um isolamento bem feito, os atletas estão conseguindo manter um ciclo de treinamento, mas em países onde isso não é bem feito os atletas vão chegar em condição de desigualdade e um dos princípios olímpicos é o de igualdade”.

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Imposto de renda

Termina na próxima segunda-feira (31) o prazo de entrega para o imposto de renda de 2021. Quem perder o prazo paga uma multa que varia de R$ 165 a 20% do imposto devido.

Os contribuintes que receberam pelo menos R$28.579 de rende tributável ao longo de 2020 precisam declarar o imposto. A Receita Federal espera receber 32 milhões de declarações, o mesmo montante do ano passado. Ao menos 60% delas devem ter restituição.

O prazo de entrega, previsto inicialmente para abril, foi adiado em quase um mês por conta da pandemia. Um projeto de lei que tramitou no Congresso Nacional pedia o prazo fosse prorrogado para junho, mas a proposta não chegou a ser aprovada.

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Edição: Sarah Fernandes