Mais 2.398 mortos

Pelo menos três indicadores dão sinais de chegada da 3ª onda de covid-19 no Brasil

Média móvel de contaminação, taxa de contágio e ocupação de leitos apontam para novo recrudecimento da pandemia no país

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Bolsonaro RJ
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse em ato com motociclistas no Rio de Janeiro que a "pandemia está chegando no final" - Alan Santos/PR

O Brasil registrou nas últimas 24 horas mais 80.486 novos casos confirmados de covid-19, totalizando 16.274.695. E mais 2.398 óbitos, chegando à marca de 454.429. Os dados são do boletim divulgado nesta quarta-feira (26) pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Mas, além do boletim do Conass, pelo menos três grandes indicadores apontam para o surgimento de uma terceira onda de covid-19 no Brasil. Isso porque a média móvel diária de casos sobe com consistência há semanas, sete estados já estão com taxas de ocupação de leitos de UTI acima de 90% e a taxa de contágio superou o teto de 1 pela primeira vez em dois meses nas cinco regiões do país. Outro dado significativo é que pela primeira vez desde o início da pandemia a mediana de idade nas internações está abaixo dos 60 anos.

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Segundo o Worldometer, a média móvel de sete dias de novas infecções ganhou força no início do mês, superando a marca de 60 mil no dia 7, para não mais baixar desta marca. No dia 20, beirou os 66 mil (65.961), a maior desse recorte, e permanece acima de 65 mil desde sábado (22) com alta nos últimos três dias, culminando nas 65.910 de terça-feira (25).

O pico desde o início da pandemia foi no dia 27 de março, com 77.129. Há, ainda, casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que, segundo a Fiocruz, apresenta sinais de aumento em oito das 27 unidades da federação. As síndromes respiratórias são, neste momento, causadas em sua grande maioria por infecções de coronavírus.


Os números da pandemia nesta quarta-feira (26) / Conass

Colapso

Segundo reportagem do Estado de S. Paulo, o aumento dos casos é refletido nas ocupação de leitos de UTIs. Sete unidades da federação têm taxas iguais ou superiores a 90%: Piauí (91%), Ceará (94%), Rio Grande do Norte (96%), Pernambuco (97%), Sergipe (93%), Paraná (95%) e Santa Catarina (95%). Mato Grosso do Sul e Distrito Federal devem ser as próximas a superar a marca, pois tiveram as maiores altas nos últimos dias.

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São Paulo, estado mais populoso do país, superou os 80% na terça-feira (25). Na capital, também há sinais da terceira onda de covid-19. Seis hospitais da rede pública ou com leitos contratados estão com 100% dos postos ocupados, e a rede particular já acendeu o alerta. O hospital Albert Einstein, por exemplo, deve abrir 60 novos leitos nas próximas semanas, após ver saltar de 114 para 168 o total de infectados em apenas duas semanas. No Sírio-Libanês, o crescimento foi de 141 casos para 174 em uma semana.

Jovens na UTI

De acordo com o Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado na sexta-feira (21), a mediana de idade nas internações ficou abaixo dos 60 anos pela primeira. Foi de 55 anos na semana epidemiológica entre 2 e 8 de maio, 11 anos mais baixa do que entre 3 e 9 de janeiro. O mesmo vale para quem precisou de UTI, caindo de 68 para 58 anos nas mesmas bases de comparação.

“Diferente das últimas semanas, mais da metade dos casos de internação hospitalar e internação em UTI ocorreram entre pessoas não idosas. Em relação aos óbitos, embora a mediana ainda seja superior a 60 anos, ao longo deste ano houve queda num patamar de 10 anos. Os valores de mediana de idade dos óbitos foram, respectivamente, 73 e 63 anos”, diz o boletim da Fiocruz.

Taxa de contágio

Outro dado que mostra uma possível terceira onda de covid-19 já apontando no horizonte é a taxa de contágio, conhecida como (Rt). De acordo com reportagem do portal UOL, em todas as regiões do país ela superou na última terça-feira (25) o índice 1, considerado o teto, após 57 dias. As piores foram no Sul e Nordeste, com 1,12 cada. No Norte ficou em 1,06; em 1,02 no Centro-Oeste e 1,01 no Sudeste. Os dados são da Info Tracker, organizados pelas universidades estaduais de São Paulo, Unesp e USP.

O Rt representa a quantidade de pessoas que um infectado está contaminando. Ou seja, se está acima de 1, cada doente pode transmitir o coronavírus para mais de uma pessoa. Sendo assim, entende-se que esse número nunca pode passar de 1.

O índice geral do país entrou neste ano em 1,11, chegou a 1,3, recorde de 2021, em 20 de janeiro e só foi baixar do teto 11 dias mais tarde. Voltou ao 1 em 22 de fevereiro, bateu em 1,29 no dia 16 de março e havia retornado para abaixo do teto em 18 de abril, chegando a 0,86, índice mais baixo do ano, entre os dias 21 e 24 daquele mês. Voltou para o 1 em 4 de maio e ficou em 1,12 de domingo (23) até terça (25).