Direitos Humanos

ONU fala em possível "crime de guerra" nos ataques de Israel contra palestinos

Segundo Bachelet, seria preciso verificar "impacto desproporcional em Gaza, onde 243 morreram; em Israel, 12 pessoas

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Edifício é atingido durante um ataque aéreo israelense contra Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 20 de maio de 2021 - Foto: Said Khatib/AFP

A alta comissária dos Direitos Humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet, afirmou nesta quinta-feira (27) que os bombardeios realizados por Israel na Faixa de Gaza durante 11 dias neste mês de maio podem ser classificados como "crimes de guerra", caso "se verifique" uma desproporcionalidade nos ataques.

Segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, 243 pessoas morreram por conta dos bombardeios, incluindo 66 crianças. Foram registrados, também, mais de 2 mil feridos. Já do lado israelense, 12 pessoas morreram – dentre elas, uma criança.

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"Se for verificado que o impacto sofrido por civis e seus bens materiais foi indiscriminado e desproporcional, esses ataques podem se constituir como crimes de guerra", disse Bachelet durante uma reunião do Conselho de Direitos Humanos.

Segundo a chilena, apesar de o governo de Tel Aviv afirmar que os prédios atingidos em áreas de população civil abrigavam o que Israel chama de "terroristas do Hamas", o país "não apresentou provas a respeito". Bachelet ainda lembrou que diversas das estruturas atingidas por bombas "eram edifícios governamentais, casas, edifícios residenciais, de organizações humanitárias, instalações médicas e estradas".

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Durante os ataques israelenses, que ocorreram entre 10 e 21 de maio, Tel Aviv recebeu apoio de diversos governos – incluindo o norte-americano, liderado pelo democrata Joe Biden -, que afirmavam que Israel "tinha o direito de se defender" dos foguetes lançados pelos grupos Hamas e Jihad Islâmica, mas que a resposta "deveria ser proporcional". 

Estes apoios, no entanto, ignoram o fato de que Israel ocupa ilegalmente regiões palestinas, como a Cisjordânia, e a resistência local. Em Gaza, apesar de controlar o espaço aéreo e a costa marítima, Tel Aviv se considera mais uma força ocupante. Diversos países contestam esta afirmação.

Apesar do cessar-fogo, a polícia israelense atacou, ainda no dia 21, palestinos que estavam rezando e comemorando a interrupção dos bombardeios na frente da mesquita de Al-Aqsa, local sagrado aos muçulmanos que fica em Jerusalém oriental. 

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"Eles estavam cantando quando um contingente da polícia israelense entrou no complexo e começou a usar medidas de controle de multidão que eles usam, como de costume, incluindo granadas de choque, bombas de fumaça e gás lacrimogêneo", relatou o jornalista de Al Jazeera Imran Khan.

O Departamento de Negociações da Palestina informou ainda que cinco jornalistas foram agredidos na ocasião, incluindo um produtor da CNN.