Um estudo mostra que o uso de um agrotóxico nas lavouras de soja levou a um aumento de 5% na mortalidade infantil no país. A porcentagem significa que mais de 500 crianças morreram pelo uso do produto na agricultura. O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Princeton, Fundação Getúlio Vargas e Insper.
O estudo revela que o uso do glifosato nas lavouras de soja é responsável pela morte de cerca de 503 crianças ao ano. As taxas de mortalidade associadas ao produto foram constatadas em municípios do Sul e Centro-Oeste que recebem água de regiões de cultivo de soja.
Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) constatou que o glifosato era um possível causador de câncer em humanos. Isso resultou em um amplo debate na União Europeia sobre a possibilidade de proibição do uso do agrotóxico.
No entanto, aqui no Brasil, em 2019, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), concluiu que o produto não possuía características proibitivas previstas na legislação.
Para Nilto Tatto, Deputado Federal (PT-SP), e atual secretário nacional de Meio Ambiente e Desenvolvimento do partido, o posicionamento do Brasil em relação ao uso do produto não prejudica somente a saúde da população como também influencia as relações comerciais.
O Brasil caminha para o lado oposto em comparação a outros países quando o assunto é o uso de agrotóxicos. Somente no ano passado, foram aprovados os registros de 493 desses produtos, o número mais alto já contabilizado pelo ministério da agricultura.
O cenário "é resultado dos interesses do agronegócio apoiados pelo governo Bolsonaro", aponta Leonardo Melgarejo, engenheiro agrônomo e colaborador da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida.
*Com informações de Júlia Pereira.
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Edição: Mauro Ramos
