Oriente Médio

ONU abre investigação sobre violações de direitos humanos feitas por Israel em Gaza

Bachelet já havia dito que ataques israelenses poderiam ser classificados como "crimes de guerra"

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Israel realizou ataques à Faixa de Gaza no mês de maio - Ali Jadallah/Agência Anadolu

O Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou nessa quinta-feira (27) a abertura de um inquérito internacional sobre as possíveis violações dos direitos humanos de Israel no território palestino durante os bombardeios contra a Faixa de Gaza ocorridos entre os dias 10 e 20 de maio. 

A resolução foi aprovada por 24 votos a favor, nove contrários e 14 abstenções. O Brasil está entre as nações que se abstiveram da votação, junto com países como Dinamarca, França, Itália, Japão, Holanda, Coreia do Sul e Ucrânia. Reino Unido, Alemanha, Áustria, Uruguai, Bulgária, Camarões, República Tcheca, Malawi e Ilhas Marshall foram contra.

documento aprovado ainda pede que sejam averiguadas "todas as causas profundas das tensões recorrentes (...), como a discriminação e a repressão sistemática baseadas na identidade nacional, étnica, racial ou religiosa". 

"A impunidade antiga e sistemática mina todos os esforços para alcançar uma solução justa e pacífica", aponta a resolução.

Mais cedo, a alta comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, havia dito que os bombardeios realizados por Israel na Faixa de Gaza poderiam ser classificados como "crimes de guerra".

"Se for verificado que o impacto sofrido por civis e seus bens materiais foi indiscriminado e desproporcional, esses ataques podem se constituir como crimes de guerra", disse Bachelet durante uma reunião do Conselho de Direitos Humanos.

Ainda de acordo com a chilena, apesar de o governo de Tel Aviv afirmar que os prédios atingidos em áreas de população civil abrigavam o que Israel chama de "terroristas do Hamas", o país "não apresentou provas a respeito". Bachelet ainda lembrou que diversas das estruturas atingidas por bombas "eram edifícios governamentais, casas, edifícios residenciais, de organizações humanitárias, instalações médicas e estradas".

Segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, 243 pessoas morreram por conta dos bombardeios, incluindo 66 crianças. Foram registrados, também, mais de 2.000 feridos. Já do lado israelense, 12 pessoas morreram – dentre elas, uma criança.

Israel rechaça decisão da ONU 

Após o anúncio da abertura de investigação da ONU, o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que "rejeita completamente a resolução aprovada pelo Conselho de Direitos Humanos" e classificou o órgão como "uma instituição de maioria anti-israelense movida pela hipocrisia e pelo absurdo".

"Qualquer resolução que não condene o lançamento de mais de 4,3 mil foguetes por uma organização terrorista contra civis israelenses ou mesmo mencione o Hamas, não passa de uma falha moral, uma mancha na comunidade internacional", diz a nota.

Já o chanceler da Autoridade Nacional da Palestina, Riyad al-Maliki, que estava presente durante a reunião que ocorreu mais cedo nesta quinta com Bachelet, celebrou a decisão e acusou Israel se ter se tornado um "regime de apartheid baseado na opressão do povo palestino e seu deslocamento forçado".

Al-Maliki ainda defendeu o direito do povo palestino de "resistir à ocupação" e disse que os "colonos [israelenses] deveriam estar na lista de terroristas".

*Com Ansa e Sputnik.