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Crianças indígenas tiveram o dobro de risco de morte por covid no Brasil, diz estudo

Estudo da UFMG publicado na The Lancet mostra que desigualdade é maior fator para morte de crianças por covid

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
Pesquisadores da Faculdade de Medicina da UFMG  traçaram o perfil das crianças brasileiras hospitalizadas por conta de complicação do novo coronavírus - Leonardo Milano

As crianças indígenas no Brasil tiveram pelo menos o dobro do risco de morte em relação às outras etnias, aponta estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicado na revista The Lancet Child and Adolescent Health.

O estudo também mostrou que  crianças da região Norte ou Nordeste mostram maior risco de um desfecho negativo do que as da região Sudeste. 

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da UFMG  traçaram o perfil das crianças brasileiras hospitalizadas por conta de complicação do novo coronavírus.

Os estudiosos utilizaram dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), com todos os casos confirmados de covid-19 referentes à população com menos de 20 anos, entre 16 de fevereiro de 2020 e 9 de janeiro de 2021. Para traçar esse perfil, foram analisados dados de 82.055 crianças brasileiras internadas.

Num universo de 11.613 crianças e adolescentes com infecção confirmada de SARS-CoV-2, a mortalidade foi de 7,6% (886 crianças).

A porcentagem de óbitos entre as crianças foi maior do que o observado em outros países. A pesquisa mostrou que no Brasil as desigualdades regionais e de condições de vida contribuíram mais na mortalidade do que o número de comorbidades que a criança possuía.

Vulnerabilidade social

O estudo englobou a análise de crianças hospitalizadas, com formas moderadas e graves da doença, sem incluir dados sobre as formas leves. Observou-se que os fatores de maior mortalidade foram a idade, a etnia, a macrorregião geográfica de origem e a presença de comorbidades.

A principal conclusão do estudo é que a vulnerabilidade social pode contribuir para aumentar a mortalidade da doença em crianças e adolescentes. “Fatores sociais e biológicos parecem estar intrinsecamente interligados e podem agir sinergicamente para aumentar o impacto da doença para esta população mais vulnerável”, afirmam os pesquisadores.

“Entendemos que os poucos recursos disponíveis para a assistência à saúde, incluindo a pouca disponibilidade de UTI pediátricas, pode ter impactado nessa realidade”.

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Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Elis Almeida