vitória

No Paraná, acampados em Quedas do Iguaçu conquistam cadastro de produtor rural

Visto como a “carteira de trabalho” de camponeses, o CAD/PRO é uma reivindicação antiga das famílias acampadas

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Em março, uma nota técnica do Ministério Público do Paraná recomendou a emissão do cadastro para as famílias acampadas - Foto: Márcio Luiz Zanetti

Famílias Sem Terra do acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu (PR), comemoraram a conquista do Cadastro de Produtor Rural (CAD/PRO), na última sexta-feira (11).

:: “A solidariedade vence a fome”, diz secretário da CNBB durante ação em Curitiba (PR) ::

O prefeito da cidade, Elcio Jaime (PSD), esteve pessoalmente na comunidade para a entrega de 100 blocos de produtor - equivalente ao bloco de notas fiscais. Outros 900 cadastros foram emitidos a camponeses e camponesas de outras comunidades de acampamento e assentamento do município.

A iniciativa do município responde a uma reivindicação antiga das famílias camponesas acampadas, e também a uma nota técnica emitida pelo Ministério Público do Paraná no dia 14 de março.

:: Vai protestar contra Bolsonaro? Saiba como ir às ruas seguindo protocolos sanitários ::

O órgão orienta que as prefeituras incluam no CAD/PRO famílias acampadas que vivem em pré-assentamentos, posseiros e filhos de assentados.

Com a medida, os produtores acampados têm suas atividades agropecuárias reconhecidas, passam a ter o direito de venderem formalmente os alimentos que produzem e a pagar tributos ao município.

“[...] O produtor rural acampado, uma vez cadastrado pelo fisco, passa a ser reconhecido como um agente econômico que contribui oficialmente para a formação da riqueza nacional e, por isso, torna-se merecedor do acesso a linhas de crédito bancários e de fomento para expandir os seus negócios, buscando a emancipação dos programas de assistência social”, diz a nota técnica do MP.


Entrega dos blocos de produtor / Comunicação MST-PR

“Carteira de trabalho” do produtor rural 

A conquista do CAD/PRO é um passo importante na consolidação de direitos das famílias camponesas acampadas, em especial para a sobrevivência no campo nesse período em que a fome assola milhões de brasileiros, em que faltam empregos e políticas de enfrentamento à pandemia da covid-19.

"Hoje significa um dia de vitória. Para nós, camponês, ter o bloco de produtor é ter sua carteira de trabalho, é ter os direitos como qualquer outro trabalhador tem”, resume Jonas Natan, camponês integrante da coordenação da comunidade Dom Tomás Balduíno e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

:: Manifestação contra Bolsonaro: veja lista com locais de atos do próximo sábado (19) ::

Lurdes Carvalho, moradora do acampamento, conta que sem o bloco de produtor não havia garantia de conseguir comercializar a produção. “Sendo reconhecida a nossa produção, temos coragem de produzir a mandioca, batata, abóboras, feijão e saber onde a gente vai entregar, ganhar nosso lucro para sustentar nossas famílias com o trabalho do campo, onde merecemos ser reconhecidos”, diz.

A comunidade tem cerca de seis anos e é formada por 576 famílias. Para conseguir o CAD/PRO, a coordenação do acampamento organizou as informações de cada família para apresentar à prefeitura.

:: “Xepa” da vacina: como se candidatar para as doses que sobram nos postos de saúde ::

“Quem ganha com isso é o produtor e o município. A arrecadação aumenta, os direitos do agricultor estão nesse documento”, conta o prefeito Elcio Jaime (PSD), durante a cerimônia de entrega dos blocos, realizada no centro comunitário do acampamento. O pagamento de tributos pelos produtores rurais têm impacto direto no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).

Também participaram da cerimônia a vice-prefeita da cidade, professora Edith Helma Maier (PSL), o secretário de Agricultura Alcindo Penso, e o secretário de Meio Ambiente Rubens Drzindzik.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Lia Bianchini