19J

Artigo | O Fora Bolsonaro não é uma hashtag, é uma necessidade

Foram mais de 750 mil brasileiras e brasileiros que ocuparam as ruas em todos os estados e em 17 países

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Cada dia que Bolsonaro passa no poder, provoca novas centenas de mortes, retrocessos no desenvolvimento do nosso país e a subtração de direitos - Ricardo Stuckert

O dezenove de junho, ou 19J foi um dia marcado na história do Brasil. Foi o dia em que atingimos mais de 500 mil mortes por covid-19, mas foi também um dia de resistência, de grandes mobilizações em todo território nacional.

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Segundo reconhecem os veículos de comunicação do Brasil, o 19J pelo #ForaBolsonaro, foi maior – muito maior – que o 29M. Foram mais de 750 mil brasileiras e brasileiros que ocuparam as ruas em diversas cidades, em todos os estados, além de protestos em 17 outros países. 

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Os atos, convocados por entidades da Campanha Fora Bolsonaro, como a Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, centrais sindicais, movimentos populares, partidos políticos, instituições religiosas e torcidas organizadas, conseguiu alcançar todo território nacional, e sem dúvida nenhuma, foi um grande sucesso. 

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Entretanto, há de se fazer uma análise profunda de todos os aspectos do movimento para estabelecer os próximos passos do das mobilizações que tem um objetivo claro: a saída, o impedimento, o impeachment de Bolsonaro, já!

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Pois temos a consciência, e a mais absoluta convicção de que, cada dia que Bolsonaro passa no poder, provoca novas centenas de mortes, retrocessos no desenvolvimento do nosso país e a subtração de direitos e de programas sociais que visam a inclusão social, o combate à pobreza e às inaceitáveis ameaças à democracia.

Em 2016 o país assistiu, não sem resistência, uma presidenta ser apeada do poder, sem que tivesse cometido um único crime sequer. Sabe-se perfeitamente que aquela decisão foi tomada a partir da formação de uma maioria política - formada pelo mercado, pelo judiciário, pela mídia e pela maioria parlamentar.

Uma ampla frente que se formou em torno dos interesses do capital financeiro e dos grandes conglomerados econômicos internacionais. Uma frente que queria ver o avanço do neoliberalismo no Brasil, das privatizações, das reformas previdenciária, trabalhista e administrativa, que queria uma política que canalizasse ainda mais os recursos públicos para os ricos e poderosos.

Já em relação a Bolsonaro não faltam crimes de responsabilidade. São em torno de 120 representações que dormitam nas gavetas do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL). 

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É diante desse descaso, ou melhor, da conivência de uma maioria parlamentar, que se move apenas por interesses pessoais, e, segue sugando os recursos públicos através de um orçamento paralelo e ilegal, que uma frente suprapartidária deverá apresentar, em breve, um “novo” e “super” Pedido de Impeachment contra o presidente Jair Messias Bolsonaro.

A nova representação lista pelo menos 20 crimes de responsabilidade, entre os quais, as ameaças aos poderes constituídos - STF e Congresso Nacional; interferência na Polícia Federal; omissões e erros no combate à pandemia; promoção de revoltas contra medidas legais necessárias à proteção da população contra o coronavírus, entre tantas outras.

As revelações apresentadas na CPI da Covid do Senado Federal são comprovações cabais da responsabilidade de Bolsonaro diante da crise sanitária que se prolonga no país, diante principalmente de tantas mortes, que poderiam ter sido evitadas, caso o presidente não tivesse, em meados de 2020, negado a compra de vacinas para a população, não tivesse trocado as vacinas pela insistência na implementação de um tal “tratamento precoce“ contra covid-19, sem qualquer comprovação científica, e o que é mais grave, contra as próprias orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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O momento é grave e exige, das forças progressistas e democráticas, responsabilidade política. Responsabilidade diante da vida e do Brasil, de nosso presente e futuro. Não podemos mais continuar perdendo tantas vidas, não podemos mais conviver com as ameaças permanentes e crescentes contra a nossa democracia. 

O Fora Bolsonaro, portanto, não é uma hashtag, é uma necessidade! O Brasil não suportará conviver e sofrer com Bolsonaro até 2022.
2022 poderá ser tarde demais.

Sabemos da gravidade do momento, caracterizado ainda pelo avanço da pandemia, pelo aumento do número de infectados e de mortos, sabemos que o momento nos impõe muita cautela e cuidados, mas sabemos também da necessidade de nos mobilizar, de mobilizar as mais amplas massas, de protestar contra as ações de Bolsonaro, que só traz morte, fome e desemprego. 

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As manifestações tem sido crescentes, mas precisam crescer e ampliar ainda mais. Precisamos construir uma grande e ampla Frente Democrática em defesa do Brasil, em defesa do emprego, da renda, da educação, do SUS, do meio ambiente, em defesa da nossa Constituição, em defesa da democracia e em defesa da vida.

Impeachment de Bolsonaro Já!

 

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*Vanessa Grazziotin é ex-senadora da República, membro do Comitê Central do PCdoB e colunista do Brasil de FatoLeia outros textos.

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**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Vivian Virissimo