Rio Grande do Sul

Serviço Público

Policiais civis do RS paralisam contra a reforma administrativa nesta quarta-feira

Para o presidente do Sindicato dos Agentes de Polícia, a PEC 32 vai dificultar o trabalho de investigação das polícias

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Paralisação de meio turno durante a manhã de quarta (23) faz parte do "Dia Nacional de Lutas contra a PEC 32" - Divulgação

Policiais civis do RS farão uma paralisação de meio turno durante a manhã desta quarta-feira (23). O protesto é convocado em função do chamado "Dia Nacional de Lutas contra a PEC 32", a chamada reforma administrativa. Este dia de lutas é convocado por uma série de sindicatos e entidades que organizam trabalhadores, principalmente do serviço público, entre elas a Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol).

O protesto é organizado pelo Sindicato dos Agentes da Polícia Civil do RS (Ugeirm). Em Porto Alegre, haverá uma concentração da categoria em frente ao Palácio da Polícia. A Ugeirm informa que também serão realizadas mobilizações no interior do estado, com os policiais paralisando e protestando em frente à delegacias de polícia. Informa também que será cobrado dos policiais presentes o uso de máscaras e cuidados de higiene.

Segundo Isaac Ortiz, presidente da Ugeirm, os policias civis estão se mobilizando contra a reforma administrativa, pois ela destrói o serviço público que já esta alicerçado e que vem sendo aperfeiçoado desde a Constituição de 88.

"Esta reforma administrativa não atinge todos os servidores, vai atingir os servidores da saúde, segurança e educação, atinge os pilares da nação, e deixa de fora o Judiciário, Ministério Público e forças armadas", afirma Isaac.

Ele lembra que essa reforma prevê a demissão de servidores de forma muito mais facilitada, além de nomeações sem concurso, indicadas por políticos.

"Será uma verdadeira farra, qualquer governante que entrar vai poder fazer uma limpa em servidores e contratar outros a seu bel prazer", lamenta o presidente. Ele lembra que o concurso publico é uma garantia para que o estado e o serviço público sejam impessoais, que os servidores não sejam "escolhidos", e sim, selecionados de acordo com suas qualidades.

"Com a reforma, o Estado e o governante vai poder olhar e decidir quem contrata ou não: se quer gente para proteger a si próprio e sua família ou para fazer o serviço publico", lamenta o presidente da Ugeirm.

Especificamente sobre a segurança pública, ele ressalta que a reforma irá prejudicar a defesa da população e o trabalho de investigação da polícia.

"Só vai poder ter a devida segurança quem puder pagar. Vai fragilizar as polícias de tal forma, que vai ser impossível a gente investigar qualquer caso de gente 'abonada', a polícia vai pegar só o pobre. Se hoje temos uma dificuldade grande em pegar a todos, com essa PEC, mais ainda", comenta Isaac.

Sindicato afirma que "PEC 32 é maior ataque ao serviço público"

Segundo informativo da Ugeirm, o projeto de reforma administrativa que está em tramitação no Congresso "representa o maior ataque já efetuado ao serviço público em todos os níveis". Algumas iniciativas, como o fim da estabilidade dos servidores e das promoções por tempo de serviço, podem significar uma mudança sem retorno na forma como são praticados os serviços públicos hoje.

"No momento em que o país chega a 500 mil mortos pela pandemia da covid-19, chega a beirar a crueldade, discutir e votar uma proposta que ataca diretamente o serviço público, entre eles os serviços de saúde, que estão na linha de frente do combate à pandemia", afirma o Sindicato.


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Edição: Marcelo Ferreira