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"Demarcar terras é defender o Brasil", diz indígena ao Programa Bem Viver

Para cacique Darã Tupi Gurani, a aprovação do PL 490, que altera demarcação de terras, é um ataque a soberania do Brasil

Ouça o áudio:

Povos indígenas, que realizam o Acampamento Levante pela Terra em Brasília, presentes no ato contra Bolsonaro - Tiago Rodrigues
Esse é o PL da morte para os povos indígenas. Ele vai dizimar comunidades inteiras

Para o cacique Darã Tupi Gurani, de São Paulo, a aprovação do Projeto de Lei (PL) 490, que altera drasticamente o processo de demarcação de terras no país, é um ataque a soberania do Brasil e a preservação da saúde e do meio ambiente. Ele comentou sobre o projeto, em tramitação na Câmara Federal, durante entrevista a TVT, repercutida a edição de hoje (23) do Programa Bem Viver.

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“É derrubando esse PL que vamos garantir a soberania país e a preservação da natureza. Quando falamos de território estamos falando do Brasil. Estamos aqui porque estamos lutando para salvar vidas. Isso porque mais de 90% das terras indígenas são áreas preservadas, com mata, rio e animais, garantindo saúde. Se o PL passar será uma grande destruição”, disse o cacique.

:: Entenda o “bolo de retrocessos” contra os indígenas que o PL 490 carrega ::

Ontem (22), a Tropa de Choque da Polícia Militar reprimiu com violências um protesto de indígenas, em Brasília, contra a aprovação do PL 490. Crianças e idosos foram atacados com spray de pimenta e ao gás lacrimogêneo.

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Dois indígenas foram hospitalizados e outros dez ficaram feridos, segundo informações do movimento indigenista. Uma dezena de crianças, idosos e mulheres tiveram ferimentos leves e receberam atendimento na tenda de saúde do acampamento Levante Pela Terra, onde ao menos 850 indígenas de 48 etnias de várias regiões do país estão acampados há três semanas, em Brasília, para protestar contra o projeto de lei.

:: No DF, indígenas aguardam julgamento que pode mudar regra das demarcações ::

O PL, elaborado pela bancada ruralista, traz mudanças significativas na demarcação de terras indígenas: ao invés de reconhecer as terras como um direito garantido pela Constituição de usufruto pelos povos indígenas a demarcação precisaria passar a ser feita por leis, o que abre brechas para dificultar ainda mais o processo.

“A proposta é muito grave. Esse é o PL da morte para os povos indígenas. Ele vai dizimar comunidades inteiras. É completamente inconstitucional”, disse o cacique. “Queremos um país alegre. Que o brasileiro possa sentar na sua mesa e tomar café, almoçar jantar, ter um lar para jantar. Não é só para a gente que pedimos, mas para todos. Nossas reivindicações são inclusive para acelerar a vacinação dos brancos.”

Eletrobras

A Câmara aprovou na última segunda-feira (21) o texto-base da Medida Provisória (MP) 1.031, de privatização da Eletrobras, que responde por quase 30% da geração de energia no país. Foram 258 votos a favor e 136 contra. A MP segue para sanção do presidente Jair Bolsonaro.

Para parlamentares da oposição, que fizeram diversas fez obstruções e apresentaram requerimentos pra tentar tirar o projeto da pauta, a privatização da estatal aumenta o risco de apagão e fere a soberania energética do país.

“Nós estamos falando da sexta empresa mais lucrativa do Brasil entre públicas e provadas. É um acinte essa privatização! É só ver o que aconteceu no Amapá: 22 dias de apagão, com energia privatizada e quem solucionou o problema foi a Eletrobras”, disso o líder da Minoria, Marcelo Freixo (PSOL-RJ, às vésperas de anunciar sua filiação ao PSB). “O Brasil caminha para um apagão. A Eletrobras é uma empresa lucrativa, sólida e fundamental para estratégia nacional no que diz respeito a energia.”

::Conheça quatro mentiras sempre repetidas sobre a privatização da Eletrobras::

O modelo aprovado de privatização da estatal prevê a venda de ações emitidas no mercado, aumentando o capital social sem participação da empresa. Isso resultará em perda do controle acionário da União.

“Essa MP vai fazer os brasileiros pagarem para privatizar uma empresa lucrativa que é Eletrobras. É muito grave votar um proposta recheada de reservas de mercado e interesses privados, que levam ao fim do planejamento estratégico no momento em que o Brasil corre o risco de ter outro apagão”, afirmou o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ).

Especialistas apontam que a privatização pode acarretar em um aumento de 16,7% na conta de luz, além do maior risco de apagão e do fim do planejamento energético do país

Vinho quente

Apesar da pandemia, é possível manter algumas tradições das festas juninas em casa, com segurança e muito sabor. Então o Bem Viver traz uma receita simples, deliciosa e muito tradicional de vinho quente, com a cozinheira Letícia Massula.

:: Para abrir o mês junino: aprenda a fazer canjica (mungunzá) doce com coco ::

Você vai precisar de mix de especiarias com cravo canela e cardamomo, açúcar, vinho tinto, casca de uma laranja e uma maçã cortada em cubinhos.

O primeiro passo é derreter o açúcar na panela. A quantidade é a gosto. Depois é hora de acrescentar as especiarias e quando mistura estiver muito saborizada misturar o vinho e acrescentar as cascas de laranja e a maçã em cubinho. Aí é só servir.

Na receita, Letícia dá outras dicas deliciosas de como aproveitar as cascas de laranja para você não jogar fora mais esse ingrediente super versátil.


Produção da Rádio Brasil de Fato vai ao ar de segunda a sexta-feira / Brasil de Fato / Bem Viver

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Edição: Sarah Fernandes