Rio de Janeiro

LINHA DE TIRO

Relatório aponta aumento da violência no Grande Rio durante o primeiro semestre de 2021

Dados do Fogo Cruzado apontam ainda que Baixada Fluminense concentrou o maior número de chacinas

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Ações policiais de alta letalidade cresceram 67% se comparadas com o mesmo período de 2020 - Reprodução/Júnior Hekurari Yanomami

O relatório semestral do Instituto Fogo Cruzado lançado nesta segunda-feira (12) aponta que no ano de 2021 houve o aumento desordenado da violência armada que registrou uma média de 15 tiroteios por dia. O levantamento da organização revela que ações de rotina e operações policiais aumentaram 7% neste período, inclusive com crescimento do número de mortes por armas de fogo nessas ações, totalizando 19%.

A chacina do Jacarezinho, ocorrida em seis de maio, que terminou com 28 pessoas mortas, é apontada como exemplo. De acordo com o Fogo Cruzado, as ações policiais de alta letalidade mantiveram a rotina e só nesse semestre, cresceram 67% se comparadas ao mesmo período de 2020.

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O levantamento destaca ainda que em 2021, o Leste Fluminense, apesar de estar em terceiro lugar no ranking de tiroteios (594), atrás da Zona Norte (871) e da Baixada Fluminense (630), liderou a lista de disparos feitos na presença de agentes, assim como no número de mortos e também no de feridos no Grande Rio. Nesses últimos seis meses, a região, que foi palco do maior número de tiroteios envolvendo policiais do Grande Rio (34% do total), acumulou o mais alto risco de morte para a sua população. 

Chacinas na Baixada

Se o Leste foi a região mais letal deste ano, a Baixada Fluminense foi a que concentrou o maior número de chacinas, quando há três ou mais pessoas mortas por arma de fogo no mesmo caso. Segundo dados do Instituto Fogo Cruzado, das 37 chacinas que aconteceram no Grande Rio nestes seis meses, 32% delas foram na Baixada. 

Ainda de acordo com o levantamento, as chacinas aumentaram seis vezes e o número de mortes subiu mais de oito vezes na região. Enquanto a Zona Sul da capital registrou queda total desse tipo de crime e na Zona Oeste caiu 20% nesse período em comparação ao mesmo período de 2020.

Vidas em risco

O policial civil, André Frias, foi morto a tiros durante a operação policial no Jacarezinho. Além dele, o Instituto Fogo Cruzado registrou 94 agentes de segurança baleados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, 38 morreram e 56 ficaram feridos. O número de baleados já é 27% maior que o registrado no mesmo semestre de 2020. Cerca de 44% dos agentes foram atingidos quando estavam em serviço, o que indica que as operações policiais são um risco para toda a comunidade.

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Para Maria Isabel Couto, diretora de programas do Instituto Fogo Cruzado, o saldo do primeiro semestre de 2021 é de tragédias e recordes emblemáticos.

“Esse cenário é resultado de escolhas políticas falidas, que oferecem violência policial ou abandono como resposta à insegurança crônica que afeta o Rio de Janeiro. Enquanto nossos governantes não passarem a de fato cuidar da sua população, oferecendo condições dignas de vida, oportunidades e atuando com inteligência, infelizmente mortes como as de Kethlen Romeu e Thiago Freitas de Souza continuarão sendo rotineiras”. 

Kathlen Romeu, de 24 anos, grávida de 14 semanas, foi atingida com um tiro de fuzil no tórax, na comunidade do Lins, quando visitava a avó. Já o fotógrafo, Thiago Freitas de Souza, 32 anos, foi alvejado em Niterói após pedir silêncio para que o seu bebê pudesse dormir.

Edição: Jaqueline Deister