Protegendo grileiro

Belém: candidato de Bolsonaro à prefeitura em 2020 é acusado de vazar operação sobre mineração

Delegado Eguchi é investigado por violação de sigilo funcional em operação contra mineração ilegal

Brasil de Fato | Belém (PA) |
O delegado afastado pela Justiça, Eguchi, foi candidato à prefeitura de Belém, apoiado por Bolsonaro - Divulgação

Nesta quarta-feira (14), a Polícia Federal (PF) realizou uma operação de busca e apreensão na casa do delegado da polícia federal e ex-candidato à prefeitura de Belém, Everaldo Eguchi (Patriota). Em razão da operação, a Justiça Federal ordenou o afastamento do delegado de suas funções, e teve manifestação favorável ao pedido pelo Ministério Público Federal (MPF).

::Edmilson (PSOL) derrota bolsonarista e é eleito em Belém: "Vitória contra o fascismo"::

Bolsonarista e apoiado durante a candidatura à prefeitura da capital paranaense em 2020 pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), o delegado afastado é o alvo da "Operação Mapinguari", que investiga o vazamento de informações da operação por parte de um servidor público da própria Polícia Federal. O servidor foi identificado e afastado.

Além dele, a operação tem como alvo seis empresários ligados à exploração ilegal de manganês, em Marabá, no sudeste do Pará.

A violação de sigilo funcional é crime previsto no artigo 325 do Código Penal Brasileiro e se caracteriza como um crime subsidiário praticado por funcionário público, que revela fato que deveria permanecer em sigilo, em razão do cargo que ocupa. 


Artes foram usadas na campanha pela internet e estão no Facebook do ex-candidato / Reprodução/Facebook

Proteção de grileiro

A informação da busca na casa do ex-candidato de Jair Bolsonaro, no Pará, foi confirmada tanto pela assessoria do delegado quanto pela Polícia Federal. Segunda a PF, a investigação do vazamento existe desde 2018.

O ato de vazar informações trouxe prejuízos para investigação, uma vez que um dos investigados teve conhecimento antecipado da ação policial e isso fez com que alguns alvos não fossem encontrados no dia da operação.

Além do crime de violação de sigilo funcional são investigados também os de: corrupção passiva, ativa e associação criminosa, com penas previstas superiores a 20 anos de reclusão. A operação está cumprindo oito mandados de busca e apreensão, expedidos em Belém, Marabá, Parauapebas e no estado de Goiás.

O que diz Everaldo Eguchi (Patriota)?

A assessoria de Everaldo Eguchi (Patriota) enviou um vídeo – gravado pelo delegado – em que ele confirma a operação. Nas palavras de Eguchi: "Eu fui à Polícia Federal, minha instituição, esclareci tudo o que me solicitaram, confio muito na Polícia Federal, no trabalho da Polícia Federal, no Ministério Público Federal e na Justiça Federal. Estou e estarei sempre à disposição. Tenho certeza que a verdade sempre vai aparecer e vão verificar que eu não tenho nada com o que existe no inquérito. Esse é o preço a se pagar por brigar contra os poderosos". 

Edição: Rebeca Cavalcante