Paraná

Edição 220

Editorial | Tirem as mãos de Cuba!

Os protestos em Cuba, com apoio de Biden (EUA), ocorrem num momento em que a América Latina passa por rebeliões sociais

Curitiba (PR) |
Manifestante com seu cartaz em prol da Revolução Cubana - Nayá Tawane/Brasil de Fato

É notável como a mídia empresarial brasileira noticia a crise cubana ignorando a questão central: o bloqueio econômico imposto há décadas pelo governo dos Estados Unidos. Tal medida faz com que falte comida, remédios e outros insumos ao país, o que se agrava em período de crise econômica e sanitária da Covid-19, mesmo com os avanços cubanos na saúde pública e pesquisa, com média de mortes menor que a de outros países.

Os protestos em Cuba, com incentivo do governo Biden, ocorrem justamente num momento em que a América Latina passa por rebeliões sociais – caso do Haiti, Colômbia, Chile; quando há o começo das mobilizações no Brasil, e quando a esquerda peruana vence as eleições. Diante da crescente crítica ao modelo da direita, de privatizações e retirada de direitos, vemos um contra-ataque do governo dos EUA, desestabilizando, via redes sociais, o governo de Cuba. Curioso que o presidente do Haiti foi assassinado por mercenários na semana passada e agora já não é mais assunto.

No Brasil, um governo Bolsonaro acuado, com maioria da população a favor de seu impeachment, tenta criar o velho espantalho da “ameaça comunista” para atiçar sua base de apoio e desviar o foco de seu governo. As veias da América Latina seguem abertas, mas ainda pulsam e resistem.

Edição: Lucas Botelho