CPI DA COVID

Representante da Davati diz que pedido de propina veio do "grupo do coronel Blanco"

Segundo Cristiano Carvalho, os envolvidos chamariam de “comissionamento” a propina

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Carvalho diz ainda que a informação do "comissionamento" teria sido passada por Dominguetti após o jantar de com representantes do Ministério da Saúde - Pedro França/Agência Senado

O representante de vendas da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, afirmou à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, nesta quinta-feira (15), que o pedido de propina relativo à compra da vacina da Astrazeneca partiu do “grupo do coronel Blanco”.

O tenente-coronel Marcelo Blanco, então assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, esteve presente no jantar com então diretor de Logística, Roberto Dias, que teria pedido propina de US$ 1 por dose de vacina.

Segundo Cristiano Carvalho, o pedido de propina para a compra de vacinas, que os envolvidos chamariam de “comissionamento”, teria partido do “grupo do coronel Blanco” e de “Odilon”, que teria apresentado o representante da Davati Medical Supply no Brasil, Luiz Paulo Dominghetti ao coronel Blanco.

Em seu depoimento, Carvalho diz ainda que a informação do “comissionamento” teria sido passada por Dominguetti após o jantar de com representantes do Ministério da Saúde. Carvalho, porém, acrescentou que não participou do jantar.

:: Ao vivo: CPI da Covid ouve Cristiano Carvalho, da Davati, sobre suposto esquema da AstraZeneca ::

Contato com Dias

Ainda durante a oitiva na CPI da Covid, o representante da Davati afirma que ficou “incrédulo” com os contatos de Roberto Ferreira Dias. De acordo com ele, Dias buscou contato no dia 3 de fevereiro deste ano, por meio de mensagens e ligações.

Dias se apresentou como diretor de Logística do Ministério da Saúde. “Eu estava incrédulo que um funcionário do Ministério da Saúde estava entrando em contato comigo”, relatou Carvalho. “Fui até checar na internet se ele era diretor mesmo, achando que poderia ser fake news, mas verifiquei que ele era mesmo funcionário do governo”, acrescentou.

Segundo a testemunha da CPI, Dias, no telefonema do começo de fevereiro, queria informações sobre como a vacina poderia chegar ao Brasil. “Meu contato com ele sempre foi sobre comércio exterior, transporte internacional. Roberto Dias perguntou sobre preço, mas nunca disse sobre favorecimento. Foi algo sempre profissional”, disse ele.