Distrito Federal

Ato Fora Bolsonaro

Em Brasília, ato contra Bolsonaro é marcado pela voz de mulheres negras

A pandemia escancarou ainda mais o projeto de morte que o governo Bolsonaro aplica às mulheres negras

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Mulheres negras em manifestação contra Bolsonaro - Matheus Alves

O protesto contra Jair Bolsonaro realizado em Brasília (DF) no último dia 24 de julho, além dos motes que vê sendo utilizados - “Vacina no Braço, Comida no Prato” e “Fora, Genocida!” - teve como eixo principal a questão da mulher negra, como antecipação do Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.

“Mulheres negras movem o Brasil” foi um brado ouvido diversas vezes, ao lado das denúncias e críticas à omissão do presidente da República que resultaram na demora da vacinação, no número gigantesco do número de mortes, no desemprego e na fome.

A concentração para a manifestação começou por volta das 15h, ao lado da Biblioteca Nacional. Quando saiu em marcha, o ato tomou um dos sentidos da Esplanada dos Ministérios. Sem a divulgação de números por parte da Polícia Militar, quando os primeiros manifestantes chegaram ao Congresso Nacional, os últimos ainda se encontravam na altura do Museu Nacional.

Mulher Negra

No ato, diversas falas ressaltaram como o impacto da pandemia sobre o Brasil, ao contrário das primeiras impressões que apontavam uma “doença democrática”, aprofundou desigualdades sociais, raciais e de gênero.

“A pandemia escancarou ainda mais o projeto de morte que o governo Bolsonaro aplica às mulheres negras. É sintomático que a primeira morte registrada pela Covid-19 foi uma mulher negra, periférica e trabalhadora doméstica”, disse Aline Cortes, da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude.

Neste sentido, a “omissão” de Bolsonaro é, na verdade, parte de uma postura machista e racista mais geral.

“Quando olhamos para o mundo do trabalho, vemos que as taxas de desemprego são maiores quando se trata de mulheres negras, que também são as que ocupam os serviços mais precarizados. Não é coincidência, é projeto. Para este desgoverno, se a pele não é alva, vai ser pele alvo”, complementa ela.

Outras entidades que têm integrado os protestos em Brasília pelo fim do governo Bolsonaro estiveram novamente presentes. Sandra Cantanhede, da direção-nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ressaltou como o projeto bolsonarista, além do negacionismo na pandemia, envolve ataques a direitos dos trabalhadores e trabalhadoras: “Temos que acabar com o projeto genocida. Não só na perda de pessoas para a covid, mas pela ausência de coordenação e governança. Os direitos e a vida não têm nenhuma importância para a esse governo”.

Críticas aos projetos do governo federal de privatizar a Eletrobrás e os Correios, por exemplo, também foram feitas pelas entidades presentes durante a manifestação.

“Nós precisamos que a população se mobilize cada vez mais. É o responsável por 550 mil mortes até o momento. É um governo corrupto, ladrão. A CPI está demonstrando cada vez mais as falcatruas”, sintetizou o ex-presidente da Associação dos Docentes da UnB (Adunb) Luis Antonio Pasquetti.

 

Edição: Flávia Quirino