Cultura

Saberes dos povos indígenas: coletivo Fora da Asa inicia festival virtual

Com rodas de conversa e exibição do espetáculo “Terra Adorada”, programação é gratuita e segue até o dia 18 de agosto

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |

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Terra Adorada apresenta um olhar crítico sobre esse Brasil parido à força, inventado a partir das dores de mulheres pegas no laço - Foto: Maria Luiza Rosa

Para celebrar seu terceiro ano de existência, o coletivo Fora da Asa: experiências plurais, inicia nesta quarta-feira (4), uma programação virtual voltada aos saberes dos povos indígenas.

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O evento inclui rodas de conversa e o espetáculo teatral “Terra Adorada”, com o tema central da violência contra mulheres indígenas. A peça foi vencedora do prêmio Açorianos de Teatro 2019 de Melhor Dramaturgia e Prêmio Braskem 2020 segundo Melhor Espetáculo. 

Com contribuições espontâneas, o coletivo pretende arrecadar recursos para custear a ida das mulheres a Brasília, onde indígenas de diversos povos estarão reunidos em agosto para protestar pelo direito à terra. A programação ocorre no Instagram @foradaasa e no Google Meet.

As atividades iniciam nesta quarta-feira (4), às 18h30, com uma roda de conversa entre Iracema Gã Téh, Kujã Kaingang e Rejane Paféj, mestranda em Psicologia Social e Institucional.

Na semana seguinte (11), às 18h30, a cacica Xokleng Cullung Vei-Tcha Teie, representante do Conselho dos Povos Indígenas do Rio Grande do Sul, e Cullar Maiule Teie, ambas representantes da Retomada Xokleng Konglui em São Francisco de Paula, debatem sobre a luta das mulheres pelo direito aos territórios tradicionais.

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A programação encerra com o espetáculo “Terra Adorada”, que será exibido no dia 18 de agosto, às 19h. Entrelaçando narrativas vivenciadas em terras indígenas Guarani e Kaingang, notícias jornalísticas, dados históricos, palavras de Renata Tupinambá, Davi Kopenawa, Daniel Munduruku, Jaider Esbell, “Terra Adorada” apresenta um olhar crítico sobre esse Brasil parido à força, inventado a partir das dores de mulheres pegas no laço.

Após o espetáculo, haverá uma conversa mediada por Angélica Kaingang, com a participação de mulheres indígenas e da atriz e idealizadora do espetáculo, Ana Luiza da Silva. 

A produção é da Complô Cunhã, produtora cultural dedicada a mover projetos de, com e por mulheres, e terá inscrições prévias pelo email [email protected].

Confira a programação:

04/08, às 18h30 - Psicologia e medicina tradicional Kaingang 

Com Rejane Paféj e Iracema Gã Téh

Rejane Paféj, kanhgág psicóloga, mestranda em Psicologia Social e Institucional.

Iracema Gãh Téh, mulher indígena Kaingang, kujà (xamã). Palestrante de cosmopolítica. Artesã. Militante, luta pela causa e pelos direitos indígenas através de debates e trabalhos com a medicina tradicional Kaingang.

Na live, haverá arrecadação de colaborações financeiras para a ida de Iracema Gã Téh a Brasília, na mobilização dos povos indígenas em agosto contra o PL490 e o Marco Temporal. Pix da Iracema Gã Téh: CPF 349.022.360-87

11/08, às 18h30 - A luta das mulheres indígenas pelo direito aos territórios tradicionais 

Com Cullung Vei-Tcha Teie e Cullar Maiule Teie 

Cullung Vei-Tcha Teie, cacica da retomada Xokleng Konglui em São Francisco de Paula. Primeira coordenadora do Conselho dos Povos Indígenas do Rio Grande do Sul. Liderança feminina, militante na luta pelos direitos dos povos indígenas. 

Cullar Maiule Teie, representante do Conselho dos Povos Indígenas do Rio Grande do Sul. Representa o povo Xokleng Konglui, cursando faculdade em Porto Alegre. Participa do movimento pelos direitos indígenas desde os 15 anos de idade. Cresceu na aldeia, atualmente é militante da retomada de São Francisco de Paula.

Na live, haverá arrecadação de colaborações financeiras para a ida de Cullung Vei-Tcha Teie a Brasília, na mobilização dos povos indígenas em agosto contra o PL490 e o Marco Temporal.  Pix: [email protected]

14/08, das 18h às 20h - Minicurso: Por que devemos considerar uma psicologia decolonial?

com Rejane Paféj

O curso abordará as questões relativas ao nosso kanhgág êg my há (o que faz bem para nós kaingang) para uma Psicologia das florestas, dos rios, dos encantados, dos nossos jagrês, seres da floresta, dos médicos espirituais, dos nossos kofás, velhos sábios que carregam consigo uma biblioteca inteira de conhecimentos ancestrais para resistir para existir nesses momentos tão duros.

Valor de contribuição à ministrante: R$ 50. Inscrições: [email protected]

18/08, às 19h - Espetáculo teatral “Terra Adorada” (via Google Meet)

Um espetáculo sobre nós, dirigido a nós, os brasileiros que não se consideram índios. Entrelaçando narrativas vivenciadas em terras indígenas Guarani e Kaingang, notícias jornalísticas, dados históricos, palavras de Renata Tupinambá, Davi Kopenawa, Daniel Munduruku, Jaider Esbell, Terra Adorada apresenta um olhar crítico sobre esse Brasil parido à força, inventado a partir das dores de mulheres pegas no laço. Um espetáculo sobre um país que "vai pra frente".

O valor arrecadado será dividido entre o coletivo de artistas do espetáculo e um coletivo de mulheres indígenas do RS para colaborar com o transporte para a II Marcha das Mulheres Indígenas que acontecerá em setembro em Brasília.

Após o espetáculo, haverá uma conversa com mulheres indígenas mediada por Angélica Kaingang.

 

 

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko