agosto dourado

Mês do Aleitamento Materno: mães passam anticorpos da covid-19 através do leite para bebês

Em Pernambuco, mais de 70 mil gestantes e puérperas foram vacinadas com a primeira dose do imunizante contra a covid-19

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Pesquisa aponta que os anticorpos contra o coronavírus podem ser passados da mãe ao filho pela amamentação - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A primeira vacina. É assim que os especialistas se referem ao leite materno, capaz de imunizar o bebê contra uma série de doenças. Uma delas pode ser a covid-19, segundo um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e publicado na revista Physiological Reports. A pesquisa aponta que os anticorpos contra o coronavírus podem ser passados da mãe ao filho pela amamentação. Neste agosto dourado, mês voltado para o incentivo ao aleitamento, entenda os benefícios do aleitamento materno e como ele é importante para a saúde do recém-nascido neste momento de pandemia.

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O Ministério da Saúde elencou pessoas grávidas e puérperas como grupo de risco para o SARS-CoV-2, uma vez que o perfil de mortalidade pelo vírus para esse perfil é maior que no público geral, conforme explica o vice-presidente da Sociedade Pernambucana de Pediatria, Eduardo Jorge Fonsêca. 

“A covid representa para a gravidez o risco de mortalidade materna e de aborto e por isso foi fundamental a conscientização e as campanhas em Pernambuco. O estado foi um dos que manteve a vacinação das gestantes como forma de prevenir as formas graves de covid nas gestantes e a repercussão da doença no binômio mãe e filho. Estávamos dando uma vacina que protege duas pessoas”, comentou o pediatra. 

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Após meses de pandemia, o resultado foi a notificação de vários casos de bebês que testaram positivo para a presença de anticorpos após o nascimento. “Os anticorpos da mãe produzidos pós vacina também ultrapassa a barreira placentária e faz com que as crianças filhas de mães vacinadas recebam anticorpos tanto pela passagem intrauterina quanto pelo aleitamento materno”, afirma o médico, ponderando que por enquanto não se sabe ainda a importância epidemiológica desse fato.

O mesmo vale para mães que foram infectadas pelo coronavírus e por isso adquiriram os anticorpos. No entanto, essa proteção dura apenas seis meses, assim como os outros tipos de anticorpos que a gestante possa ter passado ao filho. Existe, ainda, outro tipo de proteção conferido pela amamentação que é fundamental para a saúde, e que perdura a vida inteira: “O microbioma intestinal é formado nos meses do aleitamento e isso tem um papel importante na prevenção de alergias futuras, de doenças crônicas, diabetes, e até na prevenção do câncer no adulto”, explicou.

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A regulação do microbioma intestinal é importante porque, como pontua Fonseca, “o intestino é dito como o segundo cérebro”. “Ele controla muitas funções hormonais, pode estar relacionado a obesidade, a doenças inflamatórias”, citou.

Uma vacina protege dois

Em Pernambuco, até esta quinta-feira (12), 70.075 gestantes e puérperas foram vacinadas com a primeira dose do imunizante contra o coronavírus. Com a segunda dose, foram 6.859. Uma delas foi a fotógrafa Bela Paiva, de 25 anos. Sua primeira dose foi aplicada em maio, quando ainda estava grávida, e a segunda no início de agosto, após o nascimento da filha Olívia, de apenas 2 meses.

Bela relata que tomou as precauções de isolamento social desde cedo e que, por isso, não sentiu tanto medo no início da gestação. “Por volta de maio, começaram a aparecer mais casos de mulheres grávidas com covid que tiveram bebês prematuros e os bebês não resistiram ou a própria mãe não resistiu após o parto e isso me deixou bastante apreensiva, então eu me isolei mais ainda”, conta.


Com o aleitamento, Bela espera que a filha Olívia esteja mais segura em relação à covid-19 / Arquivo Pessoal

Agora que completou o esquema de vacinação, a fotógrafa diz se sentir muito mais segura. "Já tem algumas evidências de que o leite materno passa o anticorpos para o bebê, já tiveram casos de bebês que nasceram imunizados. Eu não fiz o teste em Olívia, mas eu sei que um pouco pelo menos imunizada ela vai estar", fala.

Mesmo assim, ela garante que os cuidados continuam. "Não dá para voltar ao normal. Ainda tem a nova variante, a delta, e a gente não sabe como vai funcionar, então a gente fica feliz mas ao mesmo tempo fica triste, porque não tem como saber se eu ou meu bebê podemos pegar alguma coisa."

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga