Política

Deputados vão ao MPF contra economista do Santander que sugeriu golpe contra Lula

“Surge um novo parvo a propagandear a possibilidade de rompimento com a ordem democrática”, dizem os parlamentares

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"É a junção do capitalismo selvagem com o fascismo, a pior combinação possível e a sociedade que se dane", postou Gleisi Hoffmann sobre o episódio - Ricardo Stuckert - Santander/Divulgação

Os deputados federais do PT, Bohn Gass (RS), Alencar Santana Braga (SP) e Reginaldo Lopes (MG) entraram com uma representação no Ministério Público Federal (MPF) contra o economista ligado ao banco Santander Victor Candido. Em um relatório enviado a clientes e operadores do mercado financeiro, ele falou sobre a possibilidade de um golpe contra o retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governo federal.

“Se o sistema político e judicial, se o establishment político brasileiro acha cômico o governo Bolsonaro, o retorno de Lula e seus aliados representa uma ameaça bem mais séria. Hoje, Lira é o presidente da Câmara, mas sob um governo do PT, seria um modesto aliado abrigado em um cargo menor”, disse o economista. “Em suma, ninguém apoiará um golpe em favor de Bolsonaro, mas é possível especular sobre um golpe para evitar o retorno de Lula. Ele era inelegível até outro dia, por exemplo. Pode voltar a sê-lo.”

Na representação, os parlamentares afirmam que “Mais uma vez, de forma totalmente antidemocrática, surge um novo parvo a propagandear a possibilidade de rompimento com a ordem democrática, tentando restabelecer um triste capítulo da realidade vivenciada duramente pela nação brasileira, tudo em nome de calar as vozes da oposição, especialmente do presidente Lula”.

“Não se pode admitir como possível que um profissional que representa uma das principais instituições bancárias nacional e internacional (…) possa vir a público ameaçar impedir a eleição, pela via democrática, do presidente Lula, aventando a possibilidade de apoiar um golpe de Estado”, dizem ainda os deputados do PT.

Reação ao economista do Santander

Após o relatório vir à tona, a reação de personalidades políticas foi imediata. A presidenta nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) foi uma das primeiras a criticar a postura do analista. “Declaração de economista do Santander sobre barrar Lula mostra como o mercado está de mãos dadas com o golpe pretendido por Bolsonaro e cia. É a junção do capitalismo selvagem com o fascismo, a pior combinação possível e a sociedade que se dane. Deplorável!”, afirmou Gleisi.

Nesta sexta-feira (13), Gleisi voltou às redes sociais para dizer que o banco Santander procurou o PT afirmando se tratar não de uma opinião da instituição, mas sim de uma consultoria independente. “Santander nos procurou p/ dizer q posição s/ golpe p/ tirar Lula das eleições é de consultoria independente, ñ reflete sua visão e q ñ censuram textos. Divulgar opinião é ser co-responsável. Só medida firme em relação a consultoria demonstrará q ñ concordam c/ ataques a democracia”, postou a parlamentar no Twitter.

Um dos autores da representação, o deputado Reginaldo Lopes anunciou que também vai buscar a responsabilização junto ao conselho profissional. “Vou entrar na Justiça e no Conselho de Ética Profissional do Economista (Cofecon) contra o relatório assinado por Victor Candido, economista do Santander, que incitou abertamente um golpe para impedir a volta de Lula à Presidência”, postou em seu perfil.