Cultura

Mostra Ecofalante reúne produções audiovisuais sobre questões socioambientais e econômicas

Evento é considerado um dos mais importantes da América Latina, com 101 filmes de 40 países

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Cena do filme de Tendler: "O Brasil não produz riqueza para os cidadãos, mas para os ricos. Então, decidi contar a história dos verdadeiros protagonistas do cotidiano" - Reprodução

A Mostra Ecofalante de Cinema, que vai até 14 de setembro, apresenta produções que refletem questões socioambientais e econômicas. Aberto na última quarta-feira (11), o evento exibe um catálogo de 101 filmes de 40 países, sendo 30 inéditos no Brasil.

Esta é a 10º edição da Mostra Ecofalante, considerada o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado a temas socioambientais. On-line e gratuito, o festival oferece os filmes no site oficial e nas plataformas Belas Artes à La Carte e Spcine Play.

O catálogo possui filmes de cineastas como Silvio Tendler, Milo Rau e Costa-Gavras, que apresentam, respectivamente, seus filmes "A Bolsa ou a Vida", "O Novo Evangelho" e "Jogo do Poder". Outro título importante, mas com temática indígena, é "Apiyemiyekî?", de Ana Vaz, que faz um retrato da vida do povo Waimiri-Atroari, e dos ataques por eles sofridos durante a ditadura civil-militar.

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Pós-pandemia

Entre as produções destacadas no evento está "A Bolsa ou a Vida", do cineasta brasileiro Silvio Tendler, em pré-estreia mundial. O filme questiona como será o pós-pandemia e traz histórias de brasileiros diante da acumulação de riqueza e o aumento da desigualdade. Em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual, Tendler afirma que sua maior motivação foi o sentimento da indignação.

“Eu fiquei irritado com esse desmanche do Brasil. Inclusive, anteontem a Petrobras lucrou R$ 33 bilhões para distribuir aos sócios, enquanto a população teve a gasolina aumentada em 10%. O Brasil não produz riqueza para os cidadãos, mas para os ricos. Então, decidi contar a história dos verdadeiros protagonistas do cotidiano, trazendo os povos originários, moradores da favela, quilombolas”, explicou.

O filme também colheu depoimentos de economistas, cientistas e pensadores do Brasil e do mundo. O objetivo, segundo Tendler, é levar ao público informações “incontestáveis” sobre desigualdades, como o fato de haver 206 bilionários brasileiros, 48 do setor financeiro, sem produzir nada em troca ao país.

“É um filme-manifesto, que nasce pela mudança dos parâmetros de desenvolvimento e em defesa do estado de bem estar social. Na verdade, as pessoas podem discordar do filme por razões ideológicas, mas não podem dizer que estou mentindo. O caso do Jeff Bezos, dono da Amazon, que enriqueceu US$ 80 bilhões sob trabalhadores precários, é algo desumano”, afirmou.

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Debates virtuais
 

A Mostra Ecofalante também promoverá debates virtuais, reunindo ativistas, cientistas e especialistas que discutem, entre outros temas, biodiversidade, cidades, economia, povos e lugares, tecnologia e trabalho. Os debates serão realizados sempre às quartas-feiras e sábados, às 19h.

Além disso, a Mostra Ecofalante realiza a “Competição Latino-Americana”, que reúne produções recentes de sete países da região, e o “Programa Especial – Territórios Urbanos: Segregação, Violência e Resistência”. É uma retrospectiva de obras brasileiras produzidas a partir de 1999 assinadas por nomes como João Moreira Salles e Maria Augusta Ramos.