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Programa Bem Viver: sem segunda dose e medidas de proteção, Brasil vira terreno para nova cepa

Médica alerta que redução no número de casos não significa fim da pandemia, mas dinâmica natural do vírus

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Vírus busca formas de se adaptar para garantir sua sobrevivência - Divulgação SES/SC
É ingênuo olhar para este momento de queda nos casos e achar que não teremos um novo aumento

Com atrasos na vacinação, falta de imunizantes em grandes cidades, relaxamento das medidas de proteção e ausência de controle nas fronteiras do Brasil, o país pode se tornar terreno fértil para novas variantes do coronavírus, já que o vírus busca formas de se adaptar para garantir sua sobrevivência. É o defende a médica de família e comunidade Natália Neiva, entrevistada na edição de hoje (16) do Programa Bem Viver.

“Muitas cidades têm aeroportos internacionais e o Brasil não fechou seu espaço aéreo. Estamos lidando com a variante Delta, que é mais transmissível, com uma circulação de pessoas vindo para o Brasil constantemente e sem fazer quarentena na chegada. Além de cidades terem falta de vacina para a população ainda têm aeroportos funcionando normalmente. Sem segunda dose, com a transmissão acelerada e com pessoas vindo normalmente de outros países, estamos construindo um cenário ótimo para novas variantes”, disse a médica.

Ela reforça que a queda no número e casos, óbitos e internações por Covid-19 nas últimas semanas não pode ser entendido como o fim da pandemia, mas como um fluxo normal do vírus e da pandemia, marcada por ciclos de aumento e queda.

“A pandemia funciona em ondas. A descendência é um cenário esperado, que já vivenciamos em outros momentos de controle. Temos problemas na distribuição de vacinas e na adesão às medidas restritivas, então não podemos olhar para momento de queda achando que não vai ter uma nova ascensão. Esse pensamento é ingênuo”, pontuou. “Sem medidas de controle a tendência é uma nova subida e não uma queda constante até o fim da pandemia. Não existe essa perspectiva no curto prazo em nenhum local do mundo.”

A médica toma como exemplo países que já vacinaram um grande percentual da população, como os Estados Unidos e Israel, que liberaram as medidas de proteção individual precocemente e passaram a registrar novos picos de contágio.

“As vacinas sozinhas não conseguem fazer o controle da pandemia. É preciso usar máscara, álcool em gel e fazer distanciamento social”, disse. “A vacina só terá efeito quando atingir pelo 70% da população completamente imunizada, porque isso bloqueia na circulação do vírus. Nenhuma vacina tem eficácia de 100% então é necessário uma grande quantidade de pessoas imunizadas para construção de barreira que impeça a transmissão do vírus.”

Especial ‘Fome no Brasil’

Sucessivos cortes no orçamento do Programa de Distribuição de Alimentos (PAA), política pela qual o Estado compra a produção de pequenos agricultores para distribuir para projetos sociais, têm causado forte impacto na segurança alimentar da população e reduzido consideravelmente a renda dos produtores rurais.

O PAA foi criado em 2003 e se consolidou como um dos principais braços do Programa Fome Zero, que fez o Brasil alcançar, em 2010, o título de campeão no combate à fome no mundo, reconhecido pela ONU. De lá para cá, as políticas sofreram cortes orçamentários e alterações estruturais que desestabilizaram o programa, em especial a partir de 2016, após o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.

Em 2019, o orçamento destinado ao PAA foi o mais baixo da História. Naquele ano, o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) investiu, aproximadamente, R$ 30 milhões de reais no programa. Em 2014, o orçamento havia sido de R$ 280 milhões. Assim, famílias que tinham 100% da sua renda garantida pelo PAA se viram sem possibilidade de escoar e de comercializar sua produção.

Fome Zero

Para o criador do Programa Fome Zero, José Graziano, o governo de Jair Bolsonaro é negligente com o combate à fome e não tem interesse em garantir que as famílias brasileiras tenham comida na mesa em todas as refeições.

“Nós fizemos um programa, acabamos com a fome e introduzimos o direito a alimentação na Constituição, para garantir que seria política de Estado. Em três governos todo esse aparato foi desmontado. Primeiro começaram cortes no orçamento, depois o desmonte com a extinção e privatização de órgãos públicos”, disse. “Além do aumento da fome, o Brasil está comendo cada vez pior, inclusive nas classes médias e altas. Estamos comprometendo gerações futuras.”

O Programa Fome Zero também foi criado em 2003 pelo especialista José Graziano, quando ele atuava como ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome. Em 2014 ele assumiu o cargo de diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (Fao). Gaziano permaneceu no cargo até 2019.

Em 2010, o Brasil recebeu da ONU o título de campeão mundial no combate à fome. Antes de entregar o prêmio ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva a diretora-executiva do programa mundial de alimentos das Nações Unidas na época, Josette Sheeram, afirmou que o Brasil estava dando o mais importante para a população: esperança.

No discurso, a diretora-executiva destacou o papel importante de programas sociais para combater a insegurança alimentar, como o Fome Zero e destacou que a luta contra a fome pode gerar crescimento econômico.

Museu Nacional

Com o incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em 2018, toda a coleção de aracnídeos foi perdida. Essa foi uma das baixas mais sentidas pela ciência brasileira: eram pelo menos 200 mil animais conservados dentro do museu.

Enquanto a recuperação do espaço acontece a passos lentos, cientistas correm para reconstituir o grande acervo de aracnídeos. Nos últimos três anos, já foram coletados 7 mil animais, segundo reportagem da Rádio Agência Nacional.

No momento, o Museu Nacional trabalha para reconstruir os jardins históricos do Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista. A previsão é que o espaço seja entregue à população, junto com uma parte do museu, em 2022.

A direção do museu vem buscando formas de arrecadar fundos para completar a reconstrução. A expectativa é que os custos com as obras de restauração da parte estrutural cheguem a R$ 380 milhões. A reconstrução está sendo financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) por instituições financeiras, empresas privadas, da Câmara Federal e de doações.

Em uma entrevista recente à Agência Brasil, o diretor-geral do museu, Alexander Kellner, afirmou que o Museu Nacional tem garantido 65% da verba necessária para o projeto de reconstrução, ou R$ 240 milhões.

Conquistas olímpicas

Que papel a saúde mental ocupa no treinamento de atletas de alto rendimento? Uma reportagem da Rádio USP discute a importância de não olhar para os competidores como se fossem máquinas que devem lidar apenas com aspecto técnico da prática esportiva.

Um dos grandes exemplos nas Olimpíadas de Tóquio foi a ginasta estadunidense Simone Biles, que deixou chocou o mundo ao anunciar que desistiria de competições. Mesmo com o treinamento em dia e preparada fisicamente, ela afirmou que a saúde mental dela não estava boa para receber a pressão de competir uma olimpíada.


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Edição: Sarah Fernandes