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‘Defesa é combater vulnerabilidade’, diz Genoino em conversa repercutida no Programa Bem Viver

Um dos principais nomes do PT, José Genoino defende mobilizações nas ruas para enfraquecer Bolsonaro

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"São vários ministérios, cargos comissionados e direção de estatais na mão de militares. Há uma militarização do Estado"
"São vários ministérios, cargos comissionados e direção de estatais na mão de militares. Há uma militarização do Estado" - José Eduardo Bernardes / BdF
Esquerda não pode ter ilusão de uma frente ampla para 2022

Um dos principais nomes do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoino se diz decepcionado com a atuação dos militares durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e reforça a necessidade de uma outra política de defesa, baseada no combate às vulnerabilidades e em relações amistosas com os países vizinhos. Deputado federal por cinco mandatos, Genoino defende também a importância de ocupar as ruas contra o governo federal e afirma que esquerda não pode ter ilusão com uma frente ampla em 2022.

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“É uma grande decepção o papel que os miliares passaram a desempenhar desde 2016. Eles foram peça ativa no golpe [contra a ex-presidenta Dilma Rousseff] e na eleição de Bolsonaro”, disse em conversa ao programa Brasil de Fato Entrevista, repercutida na edição de hoje (24) do Programa Bem Viver. “A política de defesa nacional deve ser discutida com a sociedade para combater vulnerabilidades, manter boa relação com países vizinhos e defender autonomia intelectual. Não é apenas cumprir a lei e a ordem considerando o povo fraco.”

Natural de Quixeramobim, no Ceará, Genoino atuou como guerrilheiro contra a ditadura militar, na famosa Guerrilha do Araguaia, no interior do Pará. Ele foi preso pelo exército e passou cinco anos detido. Apenas em 1979 foi anistiado, momento que se juntou com antigos companheiros para fundar o PT.

Genoino não acredita que possa ocorrer um golpe no modelo que chamou de “tradicional”, com uma “aquartelada” das forças armadas, “mas pode haver um endurecimento de políticas”, em especial daquelas em que “as forças armadas cumprem o papel de sustentação e definem diretrizes”, segundo ele. “São vários ministérios, cargos comissionados e direção de estatais na mão de militares. Há uma militarização do Estado que tem que ser enfrentada com outra visão sobre defesa.”

Ex-ministro da Defesa, ele reforçou que as mobilizações de rua contra o atual governo são fundamentais e devem ter cada vez mais capilaridade. “Não podemos conviver com esse governo na ilusão que vá sangrando. Ele está se tornando viável para 2022 e se for legitimado novamente em uma eleição será um grande risco. Ele vai atender a agenda do sistema financeiro e dos monopólios e a situação povo, das liberdades políticas e dos direitos sociais vai se agravar e entrar em situação de barbárie, de desconstrução de laços civilizatórios.”

Na conversa, Genoino rebateu a ideia de uma frente ampla para derrotar Bolsonaro. “A esquerda não pode ter a ilusão de uma frente ampla. Ela tem que ser democrática a antiliberal”, disse. “Contra o governo podemos criar alianças estratégicas e alianças pontuais. Nas manifestações, por exemplo, é preciso capilaridade, não podemos descriminar A, B ou C, mas não podemos abrir de uma articulação política à esquerda.”

Fome no Brasil

Além dos impactos socioambientais, a mineração também acirra o problema da fome em comunidades rurais seja por rompimentos de barragens ou por desapropriações, desvio do curso de rios e contaminação do solo por rejeitos de minério. Sem alternativa, algumas famílias são obrigadas a tentarem a vida nas cidades e encontram centros urbanos marcados por grande inflação e especulação imobiliária.

A mineração é responsável por alguns dos maiores crimes socioambientais da história do país: o rompimento das barragens de rejeito em Mariana (MG), em 2015, e em Brumadinho (MG), em 2019, ambos empreendimentos de empresas ligadas a Vale. Somados, foram quase 300 vítimas e milhares de hectares de terra contaminados por conta da lama tóxica que invadiu áreas onde famílias plantavam e tiravam seu sustento.

Até hoje, os atingidos por esses dois crimes ainda buscam reparação na Justiça. Algumas famílias recebem um auxílio por parte das empresas responsáveis, porém elas afirmam que o valor não compensa a perda de trabalho e de locais de plantio e pesca.

Acompanhe o caso no quarto episódio da série Fome no Brasil, produzido pelo Brasil de Fato.

Inspiração vinda do Haiti

No começo dos anos 2000, o jovem estudante haitiano Jacsone Alerte realizou o sonho de estudar em uma faculdade fora do país e veio ao Brasil cursar Engenharia Civil na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Após concluir o curso, ele voltou ao Haiti em 2019 e pôs em prática os conhecimentos adquiridos: começou a construir casas com uma tecnologia específica capaz de aguentar fortes abalos sísmicos na vila onde nasceu.

Há duas semanas, quando o Haiti foi impactado por um terremoto, uma notícia encheu haitianos de esperança: as casas construídas por Jacsone seguem em pé, em contraste com outras moradias da região, que foram completamente abaladas pelo terremoto.

Cinemateca de Pernambuco

A Cinemateca de Pernambuco foi reformada e vai ser reaberta para visitação presencial ainda em agosto, após mais de um ano e meio fechada por conta da pandemia do novo coronavírus. O espaço foi criado em 2018 e, desde então, se destaca como um museu e centro de pesquisa sobre a produção cinematográfica de Pernambucano.

Quem gosta de cinema sabe bem da importância do estado para a produção nacional, com títulos marcantes, como “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e “Retribuição”, de Gentil Roiz, lançado em 1924 e considerado o primeiro com roteiro feito no Brasil.


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Edição: Sarah Fernandes