Paraíba

SOLIDARIEDADE ATIVA

Cozinha comunitária é reaberta por Comitê Popular em CG e distribui 800 refeições por dia

Conheça também outras iniciativas populares na Rainha da Borborema para conter a fome

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Cozinha Comunitária foi reativada no bairro Jeremias, em Campina Grande. - Levante

A chegada da Covid-19, em 2020, agravou os casos relacionados à fome não só em Campina Grande, mas em todo o mundo. Além disso, o aumento nos preços dos alimentos, no Brasil, tem tornado difícil manter a refeição de cada dia na mesa. 

O Centro Regional de Informação para a Europa Ocidental (CRIEO) afirmou que erradicar a fome até 2030 será uma tarefa difícil de ser alcançada. Com a pandemia de Covid-19, a situação se agravou, colocando 130 milhões de pessoas em risco de fome no último trimestre de 2020.

Segundo pesquisa da Rede PENSSAN, no Nordeste, mais de 7 milhões de pessoas convivem com a fome, outras quase 9,5 milhões passam por insegurança alimentar moderada e ainda quase 23 milhões foram classificadas com grau de insegurança alimentar leve.

Em contrapartida a esse cenário alarmante, a população se organiza para realizar a solidariedade ativa em Campina Grande.

São grupos diversos de voluntários que se solidarizam com o bem estar do outro, sejam ligados à Igreja ou militantes de movimentos populares. Um exemplo disso é a ação da Paróquia São João Paulo II e Nossa Senhora de Fátima  Gustavo, auxiliar do pároco na Paróquia São João Paulo II, localizada no bairro Aluízio Campos, disse que atualmente 850 famílias estão cadastradas no projeto realizado pela igreja. "Mais de 6 mil cestas básicas foram distribuídas desde o início da pandemia até o momento, sem contar com os materiais de higiene, cobertores e roupas distribuídas", declarou.  

A Prefeitura Municipal de Campina Grande, através da Agência Municipal de Desenvolvimento (AMDE), lançou o Programa de Auxílio Emergencial - SuperAção, no valor de R$ 400 reais, em abril de 2021. Foram 2.596 pessoas homologadas a receber o benefício, no entanto, 2.624 pessoas tiveram seus cadastros indeferidos. O objetivo inicial do programa era contemplar 4 mil famílias do município. 

Reativação da Cozinha Comunitária do bairro de Jeremias


Cozinha Comunitária foi reativada pelo MST e Comitê Popular Sindical, no bairro Jeremias, em CG. / MST


Cozinha Comunitária no bairro Jeremias, em Campina Grande. / Levante

A cozinha comunitária do bairro de Jeremias, e mais oito cozinhas, ligadas à Prefeitura de Campina Grande, estavam fechadas desde o início da gestão do ex-prefeito da cidade, Romero Rodrigues (PSDB), ou seja, há mais de 8 anos. Com a chegada da pandemia e já em decorrência da luta contra a fome, os representantes do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), junto com os moradores do bairro, outras entidades de apoio à assistência social e o Comitê Popular Sindical se uniram para ocupar a cozinha e levar alimento para a população do Jeremias e do bairro vizinho, o Araxá. 


Mulheres são o centro de funcionamento da cozinha no Jeremias. / Levante


Juventude sempre presente nas atividades da cozinha comunitária. / Levante

A luta surgiu após a pandemia de Covid-19. "Tivemos a necessidade de criar os agentes populares de saúde para orientar a população nos cuidados sanitários e autopreservação. Também na higienização de espaços e objetos e no incentivo ao uso de álcool e máscara", explicou Alan Kilson, militante do MST, na Paraíba.

Para dar início ao funcionamento da cozinha, foi feito um levantamento dos desempregados na região, pessoas em dificuldades de ter alimentos na mesa.

A cozinha comunitária do Jeremias funciona de segunda a sexta, no período da noite, atendendo à comunidade. São 800 refeições entregues todos os dias. Dia 19 de agosto fez quatro meses de funcionamento do equipamento.


Na cozinha comunitária de Jeremias, em CG. / Levante


Durante a preparação dos alimentos, na cozinha comunitária de Jeremias em CG. / Levante

"Com o agravamento da pandemia e os problemas sociais das periferias em Campina Grande, onde as pessoas estavam desempregadas e sem condições para se alimentar, sem acesso ao alimento básico, surgiu a intenção de querer ajudar, por isso, pedimos apoio a quem puder  contribuir. E quem tiver interesse de conhecer o projeto, pode se deslocar até o local para observar de perto como funciona. Toda ajuda de alimentos também é muito bem-vinda", disse Alan. 

Os próprios moradores se uniram e ajudam no preparo e entrega dos alimentos no local. Quem abastece a cozinha do Jeremias são os produtos cultivados nos assentamentos do MST e também as doações de outras entidades, do Comitê Popular Sindical, envolvidas na ação. 

 

*Milena Venancio de Oliveira é estagiária e durante esta matéria esteve sob supervisão da editora do Brasil de Fato PB.

 

 

Edição: Heloisa de Sousa