Contra a delta

Quem deve tomar a 3ª dose da vacina contra a covid?

Aplicação da dose de reforço no Brasil será destinada a pessoas acima de 70 anos e a quem tem baixa imunidade

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Com a aplicação da terceira dose em idosos, a imunização de adolescentes pode ser comprometida - Foto: Tatiana Fortes / GOVCE

A expansão da variante delta no Brasil levou as autoridades a decidirem aplicar a terceira dose de vacina contra a covid-19 em idosos e pessoas imunossuprimidas. 

Segundo o Ministério da Saúde, o Plano Nacional de Imunização começa a prever a revacinação a partir do mês que vem, para “todos os indivíduos imunossuprimidos após 28 dias da segunda dose e para as pessoas acima de 70 anos vacinadas há 6 meses”.

Embora a pasta tenha informado que só fará os envios das doses de reforço depois de 15 de setembro, alguns estados e capitais já começam a aplicar antes.

Em São Luís, no Maranhão, a terceira dose começou a ser aplicada nos idosos residentes em instituições de longa permanência (ILPI's), a partir de 70 anos, nesta quinta-feira (26). 

No estado de Minas Gerais, a terceira dose será aplicada a partir de setembro com prioridade para os idosos acima de 80 anos e pessoas com baixa imunidade.

Em São Paulo, a previsão é para o dia 6 de setembro para idosos com 60 anos ou mais.

Segundo o Ministério da Saúde, a dose de reforço vale para quem tomou qualquer imunizante e será feita, preferencialmente, com uma dose da Pfizer. Na falta deste, a alternativa será as vacinas da Janssen ou Astrazeneca. 

Com a aplicação da terceira dose em idosos, a imunização de adolescentes pode ser comprometida, uma vez que só a vacina da Pfizer tem autorização para ser aplicada neste grupo.

“Tudo vai depender da quantidade de doses que vamos receber. Pode ser que, de alguma forma, afete a vacinação de adolescentes. Vamos fazer todos os esforços para que esse impacto seja o menor possível”, disse o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, em entrevista coletiva.

Organização Mundial da Saúde

A decisão de aplicar a terceira dose em massa, ou seja, na população em geral, é uma questão polêmica. Até o momento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem criticado os países que têm organizado reforço em massa, diante da falta de imunizantes em países com menor poder econômico. 

Desde dezembro de 2020, 1,7 bilhão de doses foram aplicadas em 189 países, de acordo com um levantamento da Universidade de Oxford. Desse total, 1,3 bilhão ficaram concentrados em 10 países. 

Isso significa que, enquanto alguns países estão aplicando uma terceira dose, outros sequer conseguiram completar o esquema vacinal com duas doses. Esses países, onde a população não está protegida, se tornam um ambiente perfeito para o surgimento de novas variantes. Com a circulação do vírus, maiores são as chances de surgirem as mutações e, consequentemente, novas variantes mais perigosas que podem, inclusive, tornar ineficazes as vacinas que estão sendo aplicadas como terceira dose.

Nesse sentido, aplicar a terceira dose na população em geral como acontece em outros países “é como jogar uma segunda boia para alguns enquanto outros estão se afogando ao lado”, afirmou nesta quarta (25) o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus.

Os integrantes da OMS, no entanto, têm reforçado que a crítica não se destina aos países que têm feito a aplicação da terceira dose em idosos e pessoas imunossuprimidas, como é o caso do Brasil. 

Edição: Daniel Lamir