Rio Grande do Sul

IMPRENSA

Sindicato e Federação de jornalistas repudiam violência sofrida pelo repórter Pedro Nakamura

Sindjors e Fenaj lançam nota em defesa do repórter do Matinal que está sendo ameaçado após publicar reportagem

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Entidades repudiaram publicamente o que consideram "tentativa de cerceamento do trabalho da imprensa" - Reprodução

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lançaram uma nota em defesa do repórter Pedro Nakamura, do Matinal Jornalismo. Pedro está sofrendo ameaças após realizar uma investigação jornalística sobre testes que o Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre (HBMPA), sob a autorização do endocrinologista Flávio Cadegiani e do infectologista Ricardo Zimerman, realizou em pacientes.

A reportagem revelou que cerca de 50 pacientes com covid-19 receberam experimentalmente um medicamento que ainda não tem autorização de órgãos regulatórios. Após a publicação da reportagem, o repórter foi exposto pelos médicos do Hospital e passou a receber ameaças e assédio nas redes sociais.

Segundo a nota da Fenaj e do Sindjors, essas ameaças configuram uma "tentativa de cerceamento do trabalho da imprensa". As entidades destacam que a Constituição Federal diz, no artigo 220, que a a manifestação do pensamento, a expressão e a informação não podem sem alvo de restrições ou ameaças, tanto sobre os veículos quanto sobre os jornalistas.

A nota lembra também que um dos médicos responsáveis pelo experimento ameaçou, nas redes sociais, processar na Justiça o jornalista, o acusando de assédio para obter informações, sem apresentar provas. Recorda também que, além do próprio Nakamura, os seus colegas e o veículo passaram a serem perseguidos nas redes, inclusive com ameaças de morte e de violência física.

"A Liberdade de Imprensa é uma das bases do Estado Democrático. Mas não é o que os Relatórios Anuais de Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa elaborados pela Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj apontam. Só em 2020, segundo dados da Federação, foram 428 casos de agressão a profissionais da imprensa, ou seja, mais de um por dia" afirma a nota.

Por fim, a nota recorda que o próprio comando da Brigada Militar e o Conselho Regional de Medicina do RS decidiram abrir sindicâncias internas para investigar as denúncias dos experimentos, o que comprova a eficiência e verdade das informações levantadas pelo profissional.

Confira a nota na íntegra

Sindjors e Fenaj repudiam violência contra o repórter Pedro Nakamura

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul – Sindjors e a Federação Nacional dos Jornalistas –  Fenaj vêm a público repudiar toda e qualquer tentativa de cerceamento ao trabalho da imprensa. A CF1988 diz, em seu artigo 220, que “a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. § 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV”.

A denúncia de ameaças à Liberdade de Imprensa contra o jornalista Pedro Nakamura e os profissionais da redação de O Matinal, resulta de matéria produzida pelo repórter sobre teste com proxalutamida, sem autorização da Anvisa, em pacientes com Covid-19, no Hospital da Brigada Militar de Porto Alegre (HBMPA), publicada na terça-feira (24), no site do Matinal. Um dos médicos responsáveis pelo experimento fez uma ameaça de processo contra o jornalista, nas redes sociais, acusando o repórter de assédio para obter informações, sem provas. A partir disso, o profissional e os demais colegas passaram a ser ameaçados em comentários com xingamentos, ameaças de morte e de violência física, publicamente, nas redes sociais.

A Liberdade de Imprensa é uma das bases do Estado Democrático. Mas não é o que os Relatórios Anuais de Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa elaborados pela Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj apontam. Só em 2020, segundo dados da Federação, foram 428 casos de agressão a profissionais da imprensa, ou seja, mais de um por dia. Incluindo nesta estatística dois assassinatos. Esta violência representa um aumento de 105,77% em relação a 2019, ano em que também houve crescimento das violações à liberdade de imprensa no país.

É inadmissível que quem quer que seja ameace profissionais da comunicação por fazerem seu trabalho, por investigarem, comprovarem e tornarem públicas ações que podem trazer sérios prejuízos à sociedade. O comando da Brigada Militar e o Conselho Regional de Medicina do RS – Cremers decidiram abrir sindicâncias internas para investigar as denúncias de experimentos com proxalutamida, o que referenda o trabalho essencial da imprensa, especialmente na pandemia, que já matou mais de 570 mil brasileiros.

O Sindjors e a Fenaj estão atentos às ações antidemocráticas e de violação aos direitos conquistados pela sociedade, e tomarão todas as providências que se fizerem necessárias em defesa da categoria.


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Edição: Marcelo Ferreira