O projeto Sons do Sul vai disponibilizar uma cartografia linguística, com um mapeamento sonoro de sete línguas faladas no Rio Grande do Sul: Língua Pomerana, Talian, Japonês, Polonês, Guarani, Kaingang e Iorubá.
A iniciativa propõe fazer o questionamento "de quantas línguas diferentes se faz o Rio Grande do Sul?". O projeto será lançado em um bate-papo online no site oficial (clique para acessar), às 19h do dia 6 de setembro.
O bate papo contará com a participação da professora de Talian Maria Inês Chilanti e do agente cultural nigeriano e falante de Iorubá Kayzee Fashola, ambos integrantes do Colegiado Setorial de Diversidade Linguística do RS.
Sons do Sul faz parte da iniciativa de pesquisadores e trabalhadores da cultura residentes no Rio Grande do Sul, motivados pela diversidade e pela riqueza do patrimônio cultural do Brasil. O projeto tem o objetivo de contribuir para a visibilidade dessas línguas, de modo a inspirar que cada vez mais falantes e agentes culturais se voltem para a valorização do plurilinguismo.
Biblioteca permite o contato do público com as diferentes linguagens
Através de uma biblioteca interativa de sons, a plataforma permite que os visitantes tenham contato com falantes de diferentes idiomas. Já a área de vídeos do site traz entrevistas bilíngues ou em português, de modo a contextualizar a presença das línguas nas respectivas comunidades.
O projeto é uma iniciativa da Riobaldo Conteúdo Cultural e foi realizado através do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas, com recursos da Lei Aldir Blanc.
A plataforma é o resultado de uma pesquisa jornalística-cultural realizada com falantes dos idiomas em diversas cidades do Rio Grande do Sul, como Casca, São Lourenço do Sul e Ivoti. A narrativa foca nos modos de vida e na centralidade de cada língua na cultura que envolve os entrevistados.
Desta forma, entram em cena falantes como a professora da colônia japonesa de Ivoti, Iaioi Tao, a agricultora familiar Odília, que fala Talian desde criança em Antônio Prado, e a artesã Mbyá-Guarani Viviana Patrícia, moradora da aldeia do Cantagalo, em Viamão.
Segundo informa a coordenação do projeto, o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, revelou que há 274 línguas indígenas faladas em território brasileiro, isso sem contar as línguas crioulas, de imigração e afro-brasileiras também presentes no Brasil.
Reforça também que essa diversidade linguística do Brasil é um elemento essencial no mosaico de manifestações populares e do patrimônio cultural imaterial do país.
No entanto, alerta, essa diversidade corre perigo, como mostra um relatório da Unesco publicado em 2016. Segundo o estudo, das cerca de 6.700 línguas faladas no mundo, 50% estão ameaçadas de desaparecer até o final deste século.
"Instrumentos de políticas públicas de cultura são essenciais não apenas para salvaguardar e manter essas línguas como também para proteger em especial as culturas dos grupos sociais minoritários, na medida em que, segundo o Guia de Pesquisa e Documentação do Inventário Nacional de Diversidade Linguística (Iphan, 2016), se encontram em posição de maior vulnerabilidade linguística”, reforça o comunicado do projeto.
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