Direito das mulheres

Lei que oferece 10 mil dólares a quem delatar aborto entra em vigor em estado dos EUA

Texas contraria decisão judicial federal e aprova legislação que inviabiliza o direito à escolha

Brasil de Fato | São Paulo |

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Lei que restringe direitos das mulhereres foi alvo de protestos em Austin, capital do Texas - Sergio Flores/Getty Images via AFP

A Suprema Corte dos Estados Unidos não bloqueou a "lei da batida do coração" do Texas e agora as mulheres do Estado, profissionais da saúde e pessoas próximas podem ser delatadas por interromperem a gravidez ou ajudar no processo. Os críticos do direito ao aborto afirmam que a medida ajudará a criar "caçadores de recompensa" que buscarão um prêmio de US$ 10 mil, cerca de R$ 51 mil reais.

Sancionada pelo governador republicano Greg Abbott em maio após ser aprovada por um Senado estadual também dominado pelo Partido Republicano, a lei determina que os abortos estão proibidos a partir do momento em que um pulso cardíaco é detectado no feto, o que ocorre por volta da sexta semana. Não há exceção para casos de estupro.

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A Universidade de Austin publicou estudo em que afirma que a legislação impedirá a maioria das mulheres do Texas a ter acesso ao aborto e que mulheres negras e de baixa renda serão as mais afetadas

Em 1973, a Suprema Corte dos EUA decidiu no caso "Roe versus Wade" que a interrupção da gravidez seria um direito das mulheres do país. Outros estados já haviam passado "leis da batida do coração" para dificultar o acesso ao aborto, mas essas iniciativas haviam sido barradas pelo Judiciário. Com as indicações do ex-presidente republicano Donald Trump para a Suprema Corte, contudo, a maioria pró-escolha pode ter acabado.

Edição: Arturo Hartmann