Paraná

Coluna da Juventude

Artigo | Agro, arma e insegurança alimentar

Ao afirmar que o fazendeiro deve se armar, Bolsonaro mostra política anti-reforma agrária e genocida

Curitiba (PR) |
Coluna da edição 227 do Brasil de Fato Paraná - Arte: Vanda Moraes

Nunca acreditei que combater a fome seria uma política pública de Bolsonaro. Com o apoio quase que cego ao agronegócio, é impossível acreditar que a agricultura familiar seria de alguma maneira beneficiada com o atual governo - isso levando em consideração que 70% dos alimentos vêm da agricultura familiar.

Com a chegada da pandemia, voltamos ao mapa da fome, pequenos agricultores ficaram totalmente desamparados. Como se não fosse suficiente, Bolsonaro lançou uma fala egoísta, fascista e genocida na última semana: “Tem um idiota: 'Ah, tem que comprar é feijão'. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar."

Como um presidente da República tem o cinismo de fazer uma fala dessa enquanto milhares de pessoas morrem de fome e de Covid-19? Comprar armas não é prioridade numa pandemia - ou melhor, em nenhum momento.  

Outro trecho da mesma fala: “O CAC que é fazendeiro compra fuzil 762. Tem que todo mundo comprar fuzil, pô". Afirmar que o fazendeiro deve se armar é logicamente uma política anti-reforma agrária e genocida, já que movimentos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) - grandes produtores de alimento no nosso país - e comunidades indígenas sofrem frequentes ataques vindos da mídia e do modelo agrário latifundiário.

Samuel Felipe Bueno, Militante do Levante Popular da Juventude, técnico ambiental, comunicador e fundador da Mídia ECO. 

Edição: Lia Bianchini