Alta de combustíveis

Motoristas de aplicativos reduzem período e dias de trabalho para não parar de vez

Jornal Brasil Atual também traz dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sobre atuação política de policiais

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Frequência de corridas canceladas aumentou para usuários por conta de mais uma alta no preço dos combustíveis - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Trabalhadores e trabalhadoras de todo o país estão pagando cada vez mais para encher o tanque do carro. E isso, impacta diretamente no bolso dos motoristas de aplicativo que precisam do carro para trabalhar. Na capital paulista, o litro da gasolina está em média R$ 5,60. 

Renato Gomes da Silva, motorista de aplicativo há 3 anos, diz que a situação está complicada. Segundo ele, foi preciso além de diminuir a jornada diária, reduzir o número de dias trabalhados, para não gastar tanto dinheiro com combustível. "Não só eu como bastantes motoristas tiveram que mudar radicalmente. O meu horário de serviço era de 5 da manhã até 7, 8 da noite, e tive que diminuir praticamente pela metade, ou então, eu escolho: uma semana eu trabalho quando vejo que o combustível tá estável, e na outra semana, quando começa a aumentar, eu já tenho que parar porque senão a gente fica pagando pra trabalhar, praticamente", explica o motorista.
 
Já Osmar Antônio, que era motorista de perua escolar até março de 2020, e virou motorista de aplicativo por necessidade, afirma que não está mais compensando o trabalho por conta do preço da gasolina e o desgaste do carro. Osmar considera que quem sofre com isso, além do motorista, são os passageiros que têm mais vezes as corridas canceladas, quando um trajeto não vale a pena .

O economista Cloviomar Cararine, técnico do DIEESE na subseção da Federação Única dos Petroleiros (FUP), explica o por quê da gasolina estar mais cara: "O principal motivo para a gasolina estar subindo, é uma política de preços que a Petrobras passou a adotar a partir de 2016, quando ela mudou sua forma de reajustar o preço da gasolina, do óleo diesel, do gás de cozinha, na refinaria. Até 2016, pra reajustar o preço desses produtos, a Petrobras levava em conta uma série de fatores: o preço internacional, o custo pra ela produzir petróleo, o custo do refino, o câmbio. A partir de 2016, ela passou a considerar apenas o preço internacional do barril e o dólar. Então cada vez que o barril de petróleo no mercado internacional ou o dólar subirem, ela reajusta gasolina, diesel e gás de cozinha".

De acordo com tabela de inflação IPCA de julho de 2021, houve aumento de 9,31% no transporte por aplicativo. Ou seja, o motorista por aplicativo é prejudicado em dobro, pelo preço da gasolina e pelo valor a menos que recebe por corrida, comenta o economista Cloviomar Cararine. Segundo o economista , os preços tanto do etanol quanto da gasolina e diesel não vão baixar tão cedo.

*Com informações de Larissa Bohrer para a Rádio Brasil Atual.

Confira a reportagem e o jornal completos no áudio acima. 
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Edição: Mauro Ramos