O antidemocrático

Em SP, Eduardo Bolsonaro incita a PM: “Temos que começar a falar da paralisação da polícia”

Antes do pai falar, o deputado federal fez um discurso mais duro atacando João Doria e o STF

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O deputado federal Eduardo Bolsonaro discursou durante o ato desta terça-feira (7), na Avenida Paulista, em São Paulo. - Foto: Reprodução / Instagram

Passou despercebido o discurso do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em São Paulo, durante o ato da última terça-feira (7). O parlamentar falou antes de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e foi mais incisivo na defesa das pautas da família, distribuindo ataques e instigando policiais militares contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

“Nossa PM está sendo intimidada para não entrar nas áreas do crime”, iniciou o deputado federal.

“Verdade seja dita. Temos que começar a falar da paralisação da polícia. Colocaram câmera nos nossos policiais militares para intimidá-los, porque o governo de São Paulo negocia com o PCC desde 2006, a gente sabe disso”, acusou Eduardo Bolsonaro, que direcionou os ataques para Doria, ex-aliado da família Bolsonaro.

“Que democracia é essa, onde policiais em dia de folga são impedidos de se manifestar? Vai catar coquinho, calcinha apertada. Vem aqui calcinha apertada, ver como o público gosta de você”, disse o deputado federal, se referindo ao governador de São Paulo. Em seguida, os manifestantes começaram a gritar “Fora Doria.”

: Leia também: Sem violência e força para golpe, 7 de setembro escancara isolamento de Bolsonaro em SP e no DF

Nas últimas semanas, diante da publicação de vídeos na internet, em que policiais da reserva de São Paulo convocavam os agentes da ativa para participarem das manifestações antidemocráticas em favor de Bolsonaro, o governo paulista interveio e proibiu a participação da corporação. A determinação já está prevista no regimento interno da Polícia Militar (PM), que prevê até expulsão e prisão aos infratores.

Em seguida, Eduardo passou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Onde está escrito na lei o crime de fake news? Onde está escrito na lei a definição de atos antidemocráticos? Onde já se viu o crime de milícia digital? Que porra de democracia é essa que estamos vivendo?”, perguntou.

A Suprema Corte brasileira foi o alvo principal das manifestações antidemocráticas do 7 de setembro. Pedidos de fechamento do STF e impedimento dos ministros estavam em diversas faixas, camisetas e placas nos atos de São Paulo e Brasília.

“Esses filhos da puta nos acusam de ser antidemocráticos, quando eles são os antidemocráticos. Xingar é muito pouco, comparado ao que eles estão fazendo conosco”, encerrou Eduardo.

Outro lado

Em nota o governo do estado de São Paulo afirma que as ilações feitas pelo deputado, além de descabidas e inverídicas, revelam o absoluto desconhecimento do parlamentar acerca da política de Segurança Pública de São Paulo e da real situação do Estado, o qual ele deveria representar na Câmara Federal.

De acordo com governo, a atual gestão, desde o seu início em 2019, tem combatido firmemente o crime organizado em todas as suas vertentes. Cerca de 60 líderes de facções já foram transferidos para presídios federais e mais de R$ 1 bilhão em ativos ligados a esses criminosos foram recuperados graças ao trabalho das forças de segurança estaduais.

O governo Dória afirmou que as Policias Civil e Militar do Estado de São Paulo hoje contam com armamento de última geração para fazer frente ao crime organizado. São 175 em operação entre as policiais Civil e Militar e outras estão em aquisição.

"O trabalho das policias, aliado à política de segurança das Secretaria de Segurança de São Paulo, permitiu a manutenção expressiva dos índices de segurança em todo o Estado, com os mais baixos indicadores de homicídios do país, com taxas de 6,32 casos e 6,66 vítimas a cada grupo de 100 mil habitantes. Estudos como a 15ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública e o Atlas da Violência apontam que o Estado tem a menor taxa de homicídios do país.". conclui em nota. 

Edição: Anelize Moreira