Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Cultura
  • Opinião
  • Esportes
  • Cidades
  • Política
No Result
View All Result
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
No Result
View All Result
Brasil de Fato
Início Bem viver Cultura

Entrevista Especial

“A classe patronal no Brasil não tem energia nem para desenvolver o próprio capitalismo”

Os patrões, sobretudo os grandes, “são fracos, sempre em busca da riqueza fácil”, aponta a socióloga Eliane Martins

11.set.2021 às 14h04
Porto Alegre
Ayrton Centeno

A socióloga Eliane de Moura Martins integra a coordenação nacional do MTD, o Movimento das Trabalhadoras e dos Trabalhadores por Direitos - Arquivo pessoal

Educação popular, realidade brasileira, feminismo, história e sociologia do trabalho são alguns dos temas com que lida a socióloga Eliane de Moura Martins. Para ela, o patronato local não tem disposição democrática, nacional e soberana, preferindo as vantagens e a “riqueza fácil” propiciada pela entrega do patrimônio público construído por gerações.

Também da coordenação nacional do MTD, o Movimento das Trabalhadoras e dos Trabalhadores por Direitos, ela ataca o senso comum elaborado pela mídia empresarial que descreve a gestão pública como ineficiente. Eliane indica os reflexos negativos das privatizações e enfatiza a importância do Plebiscito Popular sobre as Privatizações do RS. É o que vamos conferir aqui em uma versão bem mais ampliada da sua entrevista à versão impressa do Brasil de Fato RS. Acompanhe:

Brasil de Fato RS – Existem pessoas que acham que o fato de um governo vender patrimônio público não as afeta. Como convenceria alguém que concordar com a venda de bens públicos construídos por gerações acaba sendo um péssimo negócio para a imensa maioria? 

Eliane de Moura Martins – Um caminho para estabelecer essa conversa pode partir de uma revisão das últimas contas domésticas, das tarifas de energia, água, gás, o preço da gasolina. Fazendo as contas junto com as pessoas de como estas tarifas sobem as vésperas da venda destas empresas, como os serviços pioram e como esses custos ligados à reprodução de nossas vidas, não entram no cálculo de nossos salários. Ou seja, uma conversa que exige um certo tempo e que precisa partir dessa base real, concreta, se possível com os boletos das contas nas mãos.

Precisamos introduzir os porquês desta situação e aí é sempre importante ouvirmos com atenção a análise. Como o cidadão explica essa situação? É do interior dessa explicação que precisamos pegar os ganchos para irmos com as pessoas reconstituindo os reais argumentos.

A militância precisa se preparar para esse tipo de diálogo. Precisa ter a habilidade de partir de uma visão de senso comum, que foi martelado por anos e intensificado nos últimos meses pela mídia burguesa, justificando os argumentos dos governos vendilhões, camuflando o fato óbvio de que nenhum empresário se coloca em um negócio ruim, falido, que não dá lucro.

Uma cooperação entre duas redes

BdFRS – Em 2002, mais de 10 milhões votaram no plebiscito que barrou a adesão do Brasil à Alca, a Área de Livre Comércio das Américas. Com base nisso, é possível pensar que, agora, a população pode repetir aquele feito? 

Eliane – É possível, mas o plebiscito que barrou a adesão do Brasil à Alca foi uma grande articulação nacional que envolveu diferentes setores progressistas da sociedade brasileira. Agora estamos travando uma luta em nível estadual e, sim, um dos fatores fundamentais é uma rede de articulações em dois níveis. O nível das redes das instituições estruturadas dos ciclos de lutas anteriores como as sindicais, partidárias, dos movimentos populares, das matrizes religiosas, da cultura, das artes, personagens dos esportes, artistas. O outro nível são as redes dos novos protagonistas, novos movimentos, grupos, associações de mulheres, negras, negros, LGBTQI+ os novos influenciadores digitais. Estas duas redes podem se colocar o desafio de viver a experiência de cooperação político-pedagógica em trabalho de denúncia como é a concepção de um plebiscito sobre os impactos da venda da riqueza coletiva.

O trabalho do governador Eduardo Leite é facilitar a vida dos patrões

BdFRS – O governador Eduardo Leite (PSDB) e sua base de sustentação na Assembleia Legislativa/RS cassaram o voto dos gaúchos ao aprovarem uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), retirando a obrigação de consultar o povo antes de vender uma empresa pública. Estão “passando a boiada” ao tentarem vender algo que não lhes pertence e sem consultar os donos?

Eliane – O governador Eduardo Leite é um quadro político a serviço da classe dominante. Suas ideias liberais são explícitas e seu trabalho é facilitar a vida dos patrões. A classe patronal no Brasil não tem energia sequer para desenvolver o próprio capitalismo, que exige mercado de consumo interno, logo precisa ter a grande massa da força de trabalho assalariada para poder consumir e dinamizar a economia. Não, eles não têm a menor disposição democrática, nacional, soberana, popular. São fracos, sempre em busca da riqueza fácil. Por isso, privatizar patrimônio público é sempre uma bandeira liberal. Para essas mentes colonizadas, o abastecimento de água e energia elétrica não são vistos primeiro como serviços essenciais à vida humana e sim regidos pela lógica do mercado.

Não é possível privatizar sem colocar em risco a soberania

BdFRS – É curioso que a ideia do plebiscito (decreto da plebe) remonta à Roma lá do ano 287 A.C., quando os plebeus se revoltaram contra a opressão da nobreza e conquistaram esse direito. De alguma maneira, a cassação do voto popular pelo governador e seus deputados nos devolve à Antiguidade?

Eliane – Temos séculos de lutas contra o silenciamento, a cassação, a interdição da participação popular na tomada de decisões públicas importantes. Mas também temos uma história de resistência diante das velhas e das novas formas de silenciamento. O plebiscito feito por nós, assim como aquele feito pelos plebeus em Roma é uma forma de organizarmos a nossa voz, denunciando que a superexploração sobre nosso trabalho e nossos poucos recursos, tem limites.

BdFRS – Governantes como Jair Bolsonaro e Eduardo Leite estão vendendo empresas públicas sem relacionar esse negócio com o fato de, agindo assim, estarem abrindo mão dos destinos do estado e do país. É possível privatizar sem colocar em risco a soberania?

Eliane – Não é possível. A soberania vem sendo atacada, sem tréguas, desde o começo dos anos de 1990, com a primeira onda neoliberal. Estamos em momento histórico em que o modelo de produção capitalista elevou os valores e as práticas da concorrência agressiva à máxima potência, ao ponto de nem poder garantir a esperança de um trabalho assalariado para a maioria.

Vivemos um retorno via agronegócio à velha fazenda do monocultivo, do latifúndio, exportando grãos e com eles a fertilidade do nosso solo, esgotando as reservas de água, a biodiversidade, gerando uma pobreza econômica, social, política, cultural, insuportável.

Onde anda a pauta dos interesses da classe trabalhadora?

BdFRS – A mídia empresarial construiu uma imagem das empresas públicas vinculada à ineficiência e ao prejuízo. Mas o governo federal e os estaduais também vendem empresas altamente lucrativas. Como se justifica que o estado e a União desistam de suas empresas e do seu lucro em favor do investidor privado?

Eliane – Estes governos não desistem das empresas e de seus lucros, ao contrário, eles lutam por elas. A diferença é que eles lutam para que a riqueza que elas geram sejam direcionadas ao setor privado, do qual eles são sócios menores ou maiores. Isto também é reflexo do quanto nós, classe trabalhadora, enfraquecemos os nossos debates políticos. Onde anda a pauta dos interesses da classe trabalhadora? Como estamos dialogando com os nossos representantes? Como estamos fortalecendo a construção de nossas forças, de base sindical popular, partidária, para participar de modo orgânico dos debates?

Os ataques à gestão pública são um capítulo da luta de classes

BdFRS – Ao longo das últimas décadas, a gestão pública foi atacada e criminalizada pela mídia empresarial. Por que isto aconteceu e continua acontecendo e por que o Estado e suas estatais são essenciais para o processo de desenvolvimento do país?

Eliane – Ataques e criminalizações da gestão pública são um capítulo da luta de classes. Pensemos na imagem do estádio e do jogo de futebol. O time patronal. A grande mídia, setores conservadores de todas as igrejas, enfim a burguesia, joga contra o enorme time dos trabalhadores. Em tese, o Estado deveria ser o juiz desse jogo e garantir as suas regras, as leis combinadas a gravadas na Constituição. Nas últimas décadas, a estratégia de jogo do time dos trabalhadores, colocou todas as forças no jogo institucional, eleitoral. Essa estratégia levou uma goleada, em especial desde o golpe de 2016. O time da burguesia atacou o trabalho, acusando-o de muito caro, cheio de direitos. Então, para ter empregos, era preciso largar os direitos. Qualquer espaço coletivo que tenhamos, e o plebiscito é um grande espaço, temos de debater a estratégia do jogo, a reorganização desta nossa imensa, fragmentada e precarizada classe trabalhadora. Estamos em condições adversas, mas também temos muitas ferramentas de luta. São tempos de afiá-las.   


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

SEJA UM AMIGO DO BRASIL DE FATO RS

Você já percebeu que o Brasil de Fato RS disponibiliza todas as notícias gratuitamente? Não cobramos nenhum tipo de assinatura de nossos leitores, pois compreendemos que a democratização dos meios de comunicação é fundamental para uma sociedade mais justa.

Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.

Editado por: Katia Marko
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

FESTIVAL ABONG

Debate sobre crise climática precisa incluir comunidades tradicionais, defendem especialistas

DISPUTA

Câmara recorre de decisão do STF sobre ação penal contra Ramagem

13 de maio

Ilú Obá De Min faz lavagem no Bixiga para marcar ‘falsa abolição’

Futuro compartilhado

China e Brasil assinam acordos de cooperação pelo terceiro ano consecutivo; confira lista

DIA DE LUTA

‘Estou cansado’: Douglas Belchior desabafa sobre ‘mentira histórica’ do 13 de maio e estagnação do racismo

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

No Result
View All Result
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Radioagência
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.