Rio de Janeiro

Do campo para cidade

Feijão e não fuzil: estado do Rio de Janeiro também produz leguminosa agroecológica

O Sítio São José, em Magé, na Baixada Fluminense, é um dos planta para comercialização e para produzir sementes crioulas

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Segundo dados da estimativa de safra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil produz cerca de 3 milhões de toneladas de feijão por ano - Divulgação

Apontado como o país que mais planta e consome feijão no mundo, a produção brasileira basicamente atende à demanda interna. A área plantada total de feijão no país é de cerca de 3 milhões de hectares. No estado do Rio de Janeiro, a área plantada de feijão é de 1,4 mil hectares e a produção chega a 1,5 mil toneladas.

Segundo dados da estimativa de safra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil produz cerca de 3 milhões de toneladas de feijão por ano, divididas em três safras. Porém, para 2021, a previsão do instituto é de uma redução de 7,4% em relação ao ano passado, alcançando 2,67 milhões de toneladas, o suficiente para atender no limite ao consumo interno.

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O cultivo do feijão preto no Sítio São José, localizado na cidade de Magé, na Baixada Fluminense, começou com o incentivo do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), para diversificar a produção no local. A experiência em 1 hectare plantado deu certo, com a colheita feita em agosto, e a família camponesa já prepara a próxima, que deve ocorrer em setembro ou outubro.

 


O objetivo do cultivo no Sítio São José, além de produzir o feijão para comercialização, é produzir também sementes crioulas / Andresa Paiva

As sementes crioulas foram doadas pelo MPA e trazem como característica o não uso de agrotóxico e a seleção manual com muito amor e atenção, um conhecimento passado localmente através das gerações. São sementes produzidas por agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas e indígenas, portanto, trazem em cada grão a sabedoria da terra e passam longe do controle das multinacionais de sementes.

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O objetivo do cultivo no Sítio São José, além de produzir o feijão para comercialização, é produzir também sementes crioulas, parte do trabalho internacional da Via Campesina para dar autonomia aos camponeses e independência de governos ou das empresas multinacionais, setores que buscam apoiar apenas o agronegócio produtor de commodities.

A iniciativa faz parte também da campanha “Cada Família Adota uma Semente”, lançada pelo MPA em 2018 para promover esse grande tesouro, que gera autonomia, cultura e soberania alimentar para os povos. Isso tudo em meio à política de desmonte dos incentivos promovida pelo governo federal.

Após o veto do presidente ao Projeto de Lei da Agricultura Familiar (PL 735/2020) em julho do ano passado, a proposta tramitou novamente no Congresso Nacional e a chamada Lei Assis Carvalho II foi aprovada pelo plenário do Senado no dia 25 de agosto. O objetivo do projeto, que segue para sanção presidencial, é executar ações para diminuir os impactos socioeconômicos causados pela pandemia de covid-19, que afetam agricultores familiares em situação de pobreza e de extrema pobreza.

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De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o consumo anual de feijão no Brasil é de 14 quilos por pessoa. O feijão é um alimento rico em vitaminas do complexo B e possui compostos antioxidantes, que previnem algumas doenças. Além de ser rico em ferro, cálcio e potássio, o feijão ajuda a reduzir o colesterol e a regular a glicose no sangue. Combinados, arroz e feijão se complementam nas proteínas necessárias para uma alimentação saudável.

Edição: Mariana Pitasse