Atraso

Estudantes da Unila, no Paraná, estão sem alojamento estudantil em plena pandemia

Universitários realizaram um protesto em crítica ao atraso na liberação de prédio aguardado desde 2018

Brasil de Fato | Foz do Iguaçu (PR) |
Estudantes da Unila criticaram a falta de diálogo da universidade com o movimento estudantil - Foto: Bruno Soares

Estudantes da Universidade Federal da Integração Latino Americana (Unila) se mobilizaram na tarde do último sábado (11) para cobrar a abertura imediata do Alojamento Estudantil da instituição.

Cercado de polêmicas e atrasos, a construção do imóvel começou em meados de 2016, com previsão de ser concluída até maio de 2018. Após problemas com a empresa responsável, que terminou por abandonar a execução da obra, a direção da universidade precisou encerrar o contrato e promover uma nova licitação. Diante do novo cronograma, a comunidade estudantil foi informada que o espaço composto por três blocos de edifícios, com capacidade de acomodar até 288 alunos, seria entregue ainda no primeiro semestre de 2020.

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Passados mais de um ano do novo prazo, as habitações permanecem vazias e os alunos sem acesso ao equipamento que já custou mais de R$ 14 milhões aos cofres públicos.

“Cheguei à Unila para viver o sonho de estudar no Brasil e fazer parte do projeto de integração da América Latina. Infelizmente a realidade tem sido outra. Sem acesso à moradia e com muita dificuldade de acesso aos auxílios, precisei vender pão e até mesmo receber cestas básicas para me manter. Eu amo a Unila, mas está cada vez mais difícil me manter estudando”, afirmou um estudante chileno entrevistado sob a condição de anonimato.


Estudantes cobram abertura imediata do Alojamento Estudantil / Foto: Bruno Soares

Presente ao ato promovido na entrada do alojamento fechado, Gabriela Silveira, diretora de Relações Internacionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), destacou a importância na manifestação e do apoio da sociedade brasileira para permanência estudantil.

“Infelizmente este não é um problema exclusivo da Unila, diversas universidades em todo o país têm passado pela mesma situação. Isso é reflexo da política de cortes promovidas pelo governo Bolsonaro que tem diminuído a cada ano os recursos destinados ao Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Enquanto representante da UNE, estamos aqui para defender a permanência estudantil na Unila e em todo o Brasil”, destacou.

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De acordo com Unila, por meio de sua assessoria de comunicação, a decisão de abertura do alojamento aos estudantes ainda depende de algumas etapas. “Concluído o aspecto físico do alojamento, restam a elaboração e definição das normas de uso, situação em elaboração no momento. Há, ainda, de se levar em conta as restrições causadas pela covid-19, que atrasou vários processos”, pontuou a universidade.

A reportagem do Brasil de Fato Paraná questionou por qual motivo estas pendências não foram sanadas, tendo em vista o prazo estendido diante do atraso das obras por parte da construtora. A resposta teve por justificativa aspectos burocráticos.

“Para que uma licitação possa ser realizada, outras etapas devem estar concluídas antes e não se pode fugir do tema orçamentário, que exige a disponibilidade para que a licitação possa ocorrer”, afirmou, sem se comprometer com novos prazos para abertura do alojamento.

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Previsto para 2018, alojamento estudantil da Unila, concluído ano passado, ainda permanece vazio em Foz do Iguaçu / Foto: Bruno Soares

Entre 2019 e 2021, os recursos destinados pelo PNAES para assistência estudantil na UNILA caíram de R$ 9,3 milhões para 6,8 milhões, sendo que, por parte da gestão da própria universidade, houve neste ano uma suplementação de mais R$ 1,5 milhão destinado ao pagamento de auxílios estudantis.

“As ações, serviços e auxílios disponibilizados buscam contribuir com o objetivo de ampliar as condições de permanência do discente na universidade agindo de forma preventiva às situações de evasão e retenção”, completou a Unila, por meio de sua assessoria.

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Na avaliação da líder do Diretório Estudantil da Unila, Ana Dória, as ações não têm sido suficientes e falta diálogo junto aos estudantes. “Até hoje não conseguem apresentar uma data concreta para abertura do alojamento. Enquanto isso, tem alunos em sérias dificuldades, repúblicas superlotadas. Falam que a pandemia prejudicou a abertura, mas o verdadeiro e único prejudicado com essa demora são os alunos. Justamente em razão da pandemia que esse alojamento precisaria ser entregue o quantos antes”, finalizou.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Lia Bianchini