Economia

Governo aumenta previsão para inflação em 2021 e se distancia ainda mais da meta estabelecida

Alta nos índices diminui espaço no orçamento já enviado ao Congresso, área econômica diz que adequação é viável

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Segundo expectativas, alta no INPC vai ultrapassar 8% - Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Boletim MacroFiscal da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia indica que até o governo já assume índices consideráveis de inflação para este ano e distanciamento da meta estabelecida para a alta nos preços, que é de 3,75%.

Segundo o documento, divulgado nesta quinta-feira (16), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode apresentar aumento de 7,9%. A expectativa anterior do governo, publicada em julho, era de 5,9%.

Entre os fatores elencados para justificar a nova estimativa estão "elevações significativas nos preços dos combustíveis e da energia elétrica, diante dos reajustes no preço do gás e das alterações nas bandeiras tarifárias". 

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Ao tratar da inflação dos alimentos o texto ressalta que houve alta observada entre março e julho, mas que agora os preços apresentam, "relativa estabilidade". Em agosto, o preço da comida tinha aumento acumulado de 16,59%, um dos sinais mais evidentes da perda de poder de compra entre as famílias brasileiras.

As previsões para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) são ainda piores. De acordo com o boletim, a escalada do INPC pode chegar a 8,4%. No mês de agosto, o governo havia enviado o Projeto de Lei Orçamentária ao Congresso com uma estimativa menos negativa: 6,2%.

Como o INPC é usado para definir o reajuste do salário mínimo, pensões e aposentadorias, a alta no índice significa que o orçamento ficará mais apertado. Para se adequar, o governo precisa rever a previsão de gastos e decidir o que vai receber menos dinheiro.

A gestão de Bolsonaro tinha planos de incremento em programas sociais para 2022, ano eleitoral. Já houve, inclusive, anúncio da criação de um novo Bolsa Família. O governo alardeou inclusão de novos beneficiário e beneficiárias e reajuste nos valores pagos. 

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Durante apresentação do boletim, o secretário de Política Econômica Adolfo Sachsida, afirmou se houver aumento em despesas obrigatórias, o governo fará cortes nos gastos discricionários.

"Nós não iremos gastar mais. Vamos gastar exatamente o que gastamos esse ano, corrigido pelo IPCA, que reajusta o teto de gastos". 

O Boletim MacroFiscal manteve a projeção para o crescimento da economia para este ano. A estimativa do governo para o Produto Interno Bruto (PIB) permanece em 5,3%. Segundo o texto, a expectativa é de que haja melhoras no setor de serviços, que contribuiria de "forma robusta para a recuperação econômica".

 

Edição: Anelize Moreira