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Programa Bem Viver alerta para aumento do consumo de álcool entre jovens

Pesquisa mostra que adolescentes estão consumindo mais bebidas alcoólicas. Maior aumento é entre as meninas

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Consumo de álcool entre os adolescente reduz rendimento escolar
Consumo de álcool entre os adolescente reduz rendimento escolar - Nick S CC BY-SA
Comportamentos adquiridos na infância e na adolescência tendem a se perpetuar na vida adulta

Como os jovens têm se relacionado com álcool e outras drogas? Um estudo divulgado recentemente aponta que o consumo de bebidas alcoólicas entre adolescentes de idade escolar está aumentando, em especial entre as meninas, e começando cada vez mais cedo. É o que mostra a edição de 2019 da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2019), divulgada na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Esses dados são particularmente importantes porque comportamentos adquiridos na infância e na adolescência tendem a se perpetuar na vida adulta. Neste caso, isso pode ter impactos na vida econômica e social”, disse Laura Curry, assessora de relações internacionais da organização ACT Promoção em Saúde, em entrevista a edição de hoje (16) do Programa Bem Viver. “A gente fala na queda no rendimento escolar, mas no futuro vamos falar de falta de produtividade, de não conseguir realizar todo o seu potencial.”

Segundo a pesquisa, 63,3% dos jovens em idade escolar, entre 13 e 17 anos, já ingeriram bebidas alcoólicas e 34,6% fizeram isso pela primeira vez com menos de 14 anos. O uso nocivo do álcool é considerado um fator responsável pelo aumento de comportamentos violentos, como a prática de bullying e o sexo não protegido. Segundo a pesquisa, 23% dos estudantes afirmaram que já se sentiram humilhados pelos colegas nos 30 dias anteriores a pesquisa e 21,4% afirmaram sentir que a vida não valia a pena.

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Apesar de historicamente o consumo excessivo de álcool estar ligado a homens, a pesquisa aponta que esse hábito vem aumentando entre meninas e mulheres. “O gênero feminino é mais vulnerável fisiologicamente ao álcool, mas também é preciso falar de ações relacionadas a indústria das bebidas”, pontuou Laura. “As propagandas estimulam o consumo de álcool como algo relacionado ao empoderamento, à emancipação, ao feminismo, ao ocupar espaço que antes era tabu, fora as propagandas com apelo sexual a partir do corpo feminino.”

Uma das saídas para equacionar essa questão delicada é criar um ambiente regulatório mais rígido para a indústria de bebidas alcoólicas. Segundo Laura, isso passa pela regulação de propagandas, pela proibição de empresas do ramo patrocinarem eventos voltados para jovens e pelo aumento de tributos sobre bebidas alcoólicas, como uma forma de desincentivar o consumo e de levantar mais verba pública para o tratamento de doenças causadas pelo consumo de álcool.

Marco temporal

O julgamento do marco temporal no Supremo Tribunal Federal foi suspenso ontem (15) após o ministro Alexandre de Moraes pedir vistas, recurso utilizado pelos membros da Corte para ter mais tempo de analisar a questão e formular o voto.

Ainda ontem, o ministro Kassio Nunes Marques se manifestou e defendeu a tese do marco temporal, deixando a votação empatada em 1 a 1, por conta do voto contra a tese, oficializado na semana passada pelo relator do caso, ministro Edson Fachin. Nunes Marques chegou à Corte por escolha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no final do ano passado, após a aposentadoria de Celso de Mello. Seu voto segue alinhado com o discurso do presidente.

Com o pedido de vistas, o caso só será retomado quando o ministro liberar o processo e uma nova sessão for agendada pelo Supremo, ainda sem data estipulada. Milhares de indígenas de diversas etnias montaram um acampamento histórico na capital federal para acompanhar o julgamento e pressionar o STF a não aprová-lo.

O marco temporal é uma tese jurídica defendida por setores do agronegócio que querem impor restrições para a demarcação de terras indígenas. A proposta define que para ter direito ao território, a comunidade teria que estar no território reivindicado em outubro de 1988, data da promulgação da constituição.

Marielle Vive

O Programa Bem Viver vai para Buenos Aires, capital da Argentina, para registrar uma homenagem a vereadora carioca Marielle Franco assassinada em 2018, junto com o motorista Anderson Gomes: uma estação do metrô da cidade recebeu uma placa para marcar a vida, a luta e o legado de Marielle.

A inauguração foi realizada por integrantes do Coletivo Passarinho, composto por brasileiros que vivem no país. A instalação da homenagem estava programada desde março, mas por conta da pandemia foi sendo sucessivamente adiada.

A Argentina não foi o primeiro país a prestar homenagens a Marielle Franco. Na Itália uma biblioteca municipal de Florença colocou o nome da vereadora em um terraço recém-inaugurado. Em Paris, na França, um dos jardins da região central da cidade também leva o nome de Marielle Franco. Este ano, um mural pintado em Berlim, na Alemanha, homenageou a vereadora. Calcula-se que pelo mundo, são pelo menos 18 homenagens para lembrar Marielle.

No Brasil, uma das cidades que já prestaram homenagens à vereadora é São Paulo: uma escadaria foi pintada com a figura de Marielle e de outras mulheres negras que marcaram a história do Brasil. Em julho deste ano, o mural amanheceu vandalizado, com tinta vermelha cobrindo o rosto de Marielle e com a frase “viva Borba Gato” pintada ao lado, em alusão ao bandeirante responsável por comandar expedições para caçar indígenas e africanos.

Dilemas da Sociedade Brasileira

Até a próxima segunda-feira (20), estão abertas as inscrições para o curso gratuito “Dilemas da Sociedade Brasileira”, promovido por diferentes organizações sociais. A proposta é colocar uma lupa e pensar propostas para superar problemas históricos do Brasil.

Democracia e soberania popular, crise ambiental, avanço do agronegócio e o futuro da economia e do trabalho são alguns dos temas que serão destrinchados nos encontros, guiados por especialistas. Serão nove encontros semanais, realizados de 22 de setembro a 17 de novembro, sempre às 19h.


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Edição: Sarah Fernandes