Diplomacia

Em cúpula da Celac, México defende bloco ‘semelhante a União Europeia’ para América Latina

Sem participação brasileira, evento discute cooperação regional e democracia no continente

São Paulo (SP) |
O presidente do México, López Obrador, na cúpula da CELAC - Ministério das Relações Exteriores do México / AFP

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, defendeu hoje (18), que América Latina, Estados Unidos e Canadá devem abrir um “processo de integração econômica” similar à União Europeia, para impulsionar as economias da regiões, reduzir desigualdades e enfrentar crises, de saúde e de outras naturezas. A proposta foi feita na abertura da 6ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe (Celac), neste sábado (18), na Cidade do México.

“Deveríamos construir no continente americano algo similar ao que foi a Comunidade Econômica que deu origem a atual União Europeia”, afirmou López Obrador. O anfitrião do encontro também disse que a Celac pode ser o "principal instrumento para consolidar as relações entre nossos países latino-americanos e caribenhos e alcançar o ideal de integração econômica com os Estados Unidos e Canadá."

O encontro reuni pelo menos 12 presidentes da região e marca um esforço da diplomacia mexicana para construir alternativas à Organização dos Estados Americanos (OEA), bloco liderado pelos Estados Unidos.

Em janeiro de 2020, o Brasil deixou a Celac. O então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, justificou a decisão alegando que "a Celac não vinha tendo resultados na defesa da democracia ou em qualquer área".

A cúpula da Celac ocorre na mesma semana das comemorações do aniversário da independência do México. O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, foi convidado do Estado mexicano e assistiu a um desfile militar ao lado de Obrador. O presidente do México aproveitou a presença do líder cubano e pediu "sensibilidade política" ao seu homólogo dos Estados Unidos, Joe Biden, para que as sanções contra Havana sejam encerradas.

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Em declaração em julho deste ano, Obrador havia afirmado que a substituição da OEA "por um organismo verdadeiramente autônomo" não deveria ser descartada. O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, todavia, disse antes de embarcar para a Cidade do México que é favorável à manutenção da OEA.

Já durante a cúpula da Celac, Benítez, e o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, trocaram farpas com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

"Digo ao presidente do Paraguai: decida você a data, o lugar e a hora para um debate sobre a democracia no Paraguai, na Venezuela e na América Latina!", reagiu Maduro.

O presidente da China, Xi Jinping, enviou uma mensagem em vídeo para a cúpula. Xi afirmou que a relação entre Pequim e os países da América Latina e Caribe entrou em uma "nova era" e elogiou "os esforços da Celac em coordenar os países da região".

Ao fim da reunião, o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, anunciou a arrecadação de US$ 15 milhões, cerca de R$ 79 milhões, para a criação de um fundo contra desastres naturais e efeitos da mudança climática na América Latina e Caribe.

Edição: Sarah Fernandes