PRIVATIZAÇÃO

Justiça recomenda que governo de Minas Gerais suspenda venda de companhias de desenvolvimento

Mesmo sem aval da Assembleia Legislativa do estado, política de desestatização está sendo executada

Belo Horizonte (MG) |
Governador de Minas Gerais, Romeu Zema, envio dois PL à assembleia legislativa sobre privatização das companhias
Governador de Minas Gerais, Romeu Zema, envio dois PL à assembleia legislativa sobre privatização das companhias - Gil Leonardi / Imprensa MG

O Ministério Público de Contas (MPC) de Minas Gerais e o Ministério Público Federal (MPF) recomendaram que o governo de Minas Gerais, comandado por Romeu Zema (Novo), suspenda a privatização da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) e da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), que detêm o controle da maior jazida de nióbio do mundo, localizada no estado.

A decisão foi tomada após uma série de investigações conduzidas pelas procuradoras  Maria Cecília Borges e Sara Meinberg Duarte, que apontam que a política de desestatização das empresas já está sendo executada, mesmo sem cumprir os ritos legais.

A orientação dos órgãos de controle se ampara na Constituição Mineira, que prevê que para a desestatização de empresas controladas pelo Estado de Minas Gerais é necessário o aval da Assembleia Legislativa, com o voto de três quintos dos deputados favoráveis.

Em outubro de 2019, Zema enviou à Assembleia Legislativa dois Projetos de Lei (1.205 e 1.203/19) sobre a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig). O primeiro propõe o recebimento antecipado dos recursos da exploração do nióbio, com cessão dos créditos até 2032. Já o PL 1203/19 trata da desestatização da Codemig. Porém, os projetos sequer entraram em tramitação na casa legislativa.

A venda de estatais é um dos principais condicionantes para a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal, que propõe uma "trégua" na cobrança das dívidas dos estados com a União durante um prazo de até nove anos. 

Política de desestatização está sendo executada

Durante as investigações, as procuradoras do MPC encontraram evidências que demonstram que a política de desestatização das empresas já está sendo executada. Em resposta, a presidência das empresas afirmou que “desinvestimentos, desmobilização de ativos e delegações podem ser feitas diretamente pela própria estatal, que possui autonomia legal para gerir seus próprios bens e direitos”.

Venda da Codemig pode causar um rombo ainda maior aos cofres públicos

Em nota, as procuradoras afirmaram que “a presidência das companhias apresentou informações que demonstram que sua conduta visa a privatizar ou extinguir a Codemge/Codemig sem a necessária autorização legal, sob a aparência de desinvestimentos”.

“Vender a Codemig é vender a galinha de ovos de ouro de MG”

Especialistas avaliam que, ao invés de resolver o problema orçamentário do Estado, a venda da Codemig pode causar um rombo ainda maior nos cofres públicos. Isso porque a Codemig é detém a exploração da maior jazida de nióbio do mundo. A mina fica no município de Araxá, região do Alto Paranaíba.

O nióbio é um mineral usado para fazer ligas de aço de alta resistência - com aplicações em plataformas marítimas, pontes e turbinas de aeronaves a jato. A reserva de Araxá tem capacidade de exploração por mais de 400 anos. Atualmente, o Estado recebe 25% sobre o valor do que é extraído na mina.

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O professor de geologia e especialista em política mineral, Cláudio Scliar, declarou ao Brasil de Fato que “para resolver o problema do Estado, o governador está matando a galinha dos ovos de ouro. A preocupação do governador deveria ser a agregação de valor a estes insumos, e não a venda da Codemig”.

 

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Sarah Fernandes e Wallace Oliveira