Paraíba

IMUNIZAÇÃO

MPPB e MPF liberam vacinação para adolescentes na Paraíba

Após polêmica instalada pelo Ministério da Saúde e do impedimento por órgãos de controle, vacina é liberada para 12+

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
A vacinação de adolescentes será concomitantemente com a imunização de outros grupos prioritários, como idosos, gestantes e pessoas com comorbidades. - SES PE

Após a suspenção da vacinação de adolescentes a partir de 12 anos, os Ministérios Públicos Federal e da Paraíba resolveram liberar a vacinação para esta faixa de público. A decisão foi tomada durante reunião realizada nesta segunda (20) entre o Governo da Paraíba e representantes de todos os municípios do estado. Anunciada na semana passada, os Ministérios haviam vetado a vacinação cobrando que os públicos prioritários deveriam ser imunizados antes da ampliação para adolescentes 12+ sem comorbidades.

Além dessa dificuldade, também houve a determinação do Ministério da Saúde do Governo Bolsonaro, no dia 16 de setembro, em suspender a vacinação de adolescentes a partir dos 12 anos sem comorbidades, alegando não ser seguro seu uso nessa faixa populacional. No entanto, a liberação da imunização foi tomada com base na ciência e em estudos demonstrados pela Pfizer e aprovados pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Brasil. 

A vacinação deste público será concomitantemente com a imunização de outros grupos prioritários, como idosos, gestantes e pessoas com comorbidades.

O município de João Pessoa, que já imunizou a faixa 18+, prevê iniciar a vacinação de adolescentes 12+ sem comorbidades ainda esta semana. 

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que conversas com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tiveram peso na suspensão da vacinação contra o coronavírus entre adolescentes, tomada por sua pasta. A afirmação foi feita em meio a críticas de que órgãos técnicos essenciais não foram consultados por autoridades estaduais para a decisão.

Na quarta-feira (15), a Saúde divulgou uma nota informativa restringindo a aplicação do doses apenas a jovens com comorbidades, deficiências permanentes ou que sejam privados de liberdade.

Em resposta, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) divulgaram posicionamento em que afirmam que não houve diálogo sobre o tema e alertam que a Câmara Técnica do Plano Nacional de Imunização nem mesmo foi informada sobre a mudança.

"Ao implementar unilateralmente decisões sem respaldo técnico e científico, coloca-se em risco a principal ação de controle da pandemia. Apesar de a vacinação ter levado a uma significativa redução de casos e óbitos, o Brasil ainda apresenta situação epidemiológica distante do que pode ser considerado como confortável", afirmaram.

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O ministro citou a influência do presidente em transmissão ao vivo pela internet ao lado de Bolsonaro, "O senhor tem conversado comigo sobre esse tema, e nós fizemos uma revisão detalhada no banco de dados do DATASUS", disse o ministro.

Na sequência, Bolsonaro afirmou que as conversas não são imposições: "Eu levo para ele o meu sentimento, o que eu leio, o que eu vejo, o que chega ao meu conhecimento", tentou explicar o presidente.

Entenda

Após a divulgação da nota informando que a imunização entre adolescentes de 12 a 17 anos seria restrita a grupos específicos, o ministro Marcelo Queiroga deu uma entrevista coletiva para falar sobre a decisão nesta quinta.

Ele citou a observação de efeitos adversos leves em 1,5 mil vacinados e vacinadas e uma morte, que aconteceu em São Paulo. Não houve, no entanto, qualquer confirmação de relação entre o caso e a vacina até o momento. O óbito, no município de São Bernardo do Campo, está em investigação por ter ocorrido após a imunização, o que é procedimento padrão.

Queiroga criticou estados que começaram a aplicar doses em adolescentes antes da data estabelecida pelo governo federal e disse que foram encontrados indícios de que imunizantes não autorizados para essa faixa etária foram usados. O ministro não apresentou detalhes sobre as afirmações.

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Ao tratar do assunto, Conass e Conasems alertam que é preciso considerar se o dado é real, "uma vez que erros de registro vêm sendo identificados, tanto por eventual esgotamento dos servidores, como por dificuldades relacionadas aos sistemas de informação".

As instituições manifestam ainda "solidariedade aos milhares de trabalhadores que vêm atuando na Campanha de Vacinação contra a Covid-19", frente a afirmações do próprio ministro de que houve erro nas aplicações.

 

Edição: Heloisa de Sousa