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CHINA

Artigo | Duas décadas da Organização para Cooperação de Xangai

Mídia ocidental ignora os movimentos da OCX, que reúne 4 potências nucleares e quase a metade da população do planeta

05.out.2021 às 12h44
Atualizado em 28.maio.2025 às 19h55
Porto Alegre
Diego Pautasso e Tiago Nogara

20º aniversário da OCX não ganhou maior destaque nas principais páginas do noticiário político ocidental - Fotos Públicas

O 20º aniversário da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX), que aconteceu em junho, não ganhou maior destaque nas principais páginas do noticiário político ocidental. A mídia brasileira, aliás, tem sistematicamente ignorado o assunto. O histórico e relevância desta organização é igualmente negligenciado nas principais publicações do campo das relações internacionais e demais áreas de humanidades vinculadas ao estudo da política internacional no Ocidente. É evidente que a visibilidade está aquém de sua centralidade no jogo político global. Afinal, trata-se de um bloco que conta com quatro potências nucleares, sendo duas destas membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

A OCX é uma entidade intergovernamental permanente, cuja criação foi anunciada em 15 de junho de 2001. Sua motivação inicial estava estritamente relacionada com o necessário tratamento político multilateral das questões securitárias da região, tendo como mote o combate aos ‘três males’ (separatismo, terrorismo e fundamentalismo). Já seu processo decisório, é governado por consenso, estruturado por dois órgãos permanentes: o Secretariado em Pequim e a Estrutura Regional Antiterrorista em Tashkent. Além disso, o Conselho de Chefes de Estado e o Conselho de Chefes de Governo da SCO (HGC) se reúnem uma vez por ano para discutir a estratégia de cooperação multilateral da organização e suas áreas prioritárias de atuação.

A OCX, herdeira do antigo grupo dos Cinco de Xangai criado em 1996, hoje é composta por nove membros (China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão, desde 2001; Índia e Paquistão a partir de 2017; e o Irã, a partir de 2021). Além disso, conta com três observadores (Afeganistão, Bielorrússia e Mongólia) e nove parceiros de diálogo (Azerbaijão, Armênia, Camboja, Nepal, Turquia, Sri Lanka, Arábia Saudita, Egito e Qatar). Tamanho é o peso político, econômico e demográfico do bloco que seus países-membros respondem por mais de 70% do território eurasiático, quase a metade da população do planeta e mais de 30% do PIB mundial.

O mais recente encontro, a 21ª Reunião do Conselho de Chefes de Estado da OCX, ocorrida em setembro de 2021, também foi ignorada pelos noticiários da grande mídia ocidental. Entretanto, a cúpula foi de grande importância para os imbricados rumos da geopolítica global, marcando o ingresso do Irã como membro-permanente da organização, após constar como membro-observador do organismo desde 2005, e candidato ao ingresso desde 2008. Tal evento trata-se, portanto, de um considerável aprofundamento da aproximação do país persa para com as dinâmicas eurasiáticas lideradas pelo eixo sino-russo.

O fato é que, quanto mais os EUA e seus aliados aprofundaram, nos últimos anos, o cerco geopolítico e geoeconômico ao Irã, maior foi o crescimento da sua corrente de comércio e de investimentos da China. A conclusão do acordo bilateral, firmado em 2021, prevê um investimento chinês em território iraniano da ordem de US$ 400 bilhões, distribuídos ao longo de 25 anos. Assim, além de contribuir com a segurança energética chinesa, o Irã também se soma aos projetos de espraiamento da Iniciativa do Cinturão e Rota, a Nova Rota da Seda chinesa.

A questão central desta cúpula, contudo, voltou-se para a retirada precipitada das tropas dos EUA e da OTAN do Afeganistão, e seus respectivos desdobramentos securitários para a região. Os países da OCX se manifestaram no sentido de buscar a construção de consensos e reunir esforços para empurrar a situação afegã em direção à estabilização do cenário regional. O representante chinês, Wang Yi, afirmou que “como iniciadores da questão afegã, os EUA não podem simplesmente ir embora, criar mais problemas para o governo afegão e despejar o ‘fardo’ nos países da região”.

Dessa forma, o Afeganistão sob o governo Talibã se torna uma prova de fogo para as movimentações políticas da OCX. O país está envolvido com a organização desde 2005, quando se estabeleceu o grupo de contato OCX-Afeganistão, suspenso em 2009; em 2012 tornou-se membro-observador; e, em 2015, assinou um protocolo com a Estrutura Regional Antiterrorista e se candidatou ao ingresso como membro pleno do grupo. Os membros da organização enfatizaram a necessidade de o território afegão deixar de abrigar qualquer força insurgente ligada ao terrorismo, ao separatismo e ao extremismo, com especial alusão ao Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, ao Tehreek-e-Taliban Pakistan, ao Estado Islâmico e às demais organizações afiliadas da Al Qaeda. A China, em especial, tem profundas preocupações com a desestabilização regional e seus impactos sobre Xinjiang. Para tanto, destacou a importância de trabalhar em conjunto para impulsionar o processo de reconciliação nacional, contribuindo para tornar o Afeganistão um país desenvolvido, independente e estável, respeitando os assuntos políticos internos dos demais países da região.

Parece evidente que embargos econômicos e intervenções militares, as tradicionais estratégias estadunidenses para lidar com os Estados “párias”, não têm resolvido situações políticas e sociais complexas tais como a do Afeganistão. A solução chinesa, por sua vez, passa por engajar Cabul, forçando a moderação do novo governo em troca de reconhecimento político e cooperação econômica e institucional. Nesse sentido, cabe destacar que o Corredor Econômico China-Paquistão (CECP) é um dos mais avançados da Nova Rota da Seda chinesa, e pode facilmente ter seus efeitos ampliados para a órbita do país vizinho, principalmente tendo em vista que o solo afegão é rico em terras raras, com depósitos de minerais e metais estratégicos avaliados em mais de US$ 1 trilhão, dentre os quais o lítio. É nesse contexto que Pequim anunciou recentemente uma ajuda de US$ 31 milhões em alimentos e vacinas para o novo governo afegão enfrentar a crise humanitária. Considerando que mais de 60% do comércio afegão já se dá com os países-membros da OCX, o custo para Cabul confrontar os objetivos estratégicos do arranjo regional tende a ser, portanto, demasiadamente elevado.

Paralelamente à retirada do Afeganistão, os EUA têm buscado fortalecer a relevância do bloco QUAD, também conhecido como o Diálogo Securitário Quadrilateral, formado por Austrália, Índia, Japão e os próprios EUA, que rivaliza com os intentos chineses de protagonizar os arranjos políticos multilaterais orientais. Todavia, tal estratégia de Washington parece insuficiente para confrontar a robusta dinâmica de cooperação política, integração de infraestrutura e desenvolvimento econômico regional liderada por Pequim, tais como a OCX, a Nova Rota da Seda e a Parceria Regional Abrangente (RCEP), entre outras.

Resumidamente, os recentes acontecimentos no Afeganistão e nos rumos dos arranjos políticos multilaterais em questão sinalizam o impulsionamento dos efeitos gravitacionais geoeconômicos e geopolíticos da China na região. Assim, indicam mais um largo passo para a consolidação de um novo sistema sinocêntrico e reafirmação da Nova Rota da Seda como o epicentro das movimentações em prol de um projeto chinês de globalização, alternativo ao da ordem neoliberal regida pela unipolaridade estadunidense. E, na medida em que a China amplia sua posição central nas redes comerciais e de investimento na grande região asiática e no mundo, mais onerosa se torna a tarefa de Washington para sustentar seus aliados e preservar sua projeção não apenas na Eurásia, mas também no conjunto do sistema internacional. Resta, pois, saber o quão errático e disfuncional será o comportamento de um hegemon (EUA) assustado com desafios e mudanças que lhe escapam ao controle.

* Diego Pautasso é doutor e mestre em Ciência Política pela UFRGS. Atualmente é professor de Geografia do Colégio Militar de Porto Alegre e professor convidado da Especialização em Relações Internacionais – Geopolítica e Defesa, da UFRGS. Autor do livro China e Rússia no Pós-Guerra Fria, Juruá, 2011. E-mail: [email protected]

* Tiago Nogara é doutorando em Ciência Política na Universidade de São Paulo (USP). E-mail: [email protected]

** Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Editado por: Ayrton Centeno
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