Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Cultura
  • Opinião
  • Esportes
  • Cidades
  • Política
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

CHINA

Artigo | Duas décadas da Organização para Cooperação de Xangai

Mídia ocidental ignora os movimentos da OCX, que reúne 4 potências nucleares e quase a metade da população do planeta

05.out.2021 às 12h44
Atualizado em 28.maio.2025 às 19h55
Porto Alegre
Diego Pautasso e Tiago Nogara

20º aniversário da OCX não ganhou maior destaque nas principais páginas do noticiário político ocidental - Fotos Públicas

O 20º aniversário da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX), que aconteceu em junho, não ganhou maior destaque nas principais páginas do noticiário político ocidental. A mídia brasileira, aliás, tem sistematicamente ignorado o assunto. O histórico e relevância desta organização é igualmente negligenciado nas principais publicações do campo das relações internacionais e demais áreas de humanidades vinculadas ao estudo da política internacional no Ocidente. É evidente que a visibilidade está aquém de sua centralidade no jogo político global. Afinal, trata-se de um bloco que conta com quatro potências nucleares, sendo duas destas membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

A OCX é uma entidade intergovernamental permanente, cuja criação foi anunciada em 15 de junho de 2001. Sua motivação inicial estava estritamente relacionada com o necessário tratamento político multilateral das questões securitárias da região, tendo como mote o combate aos ‘três males’ (separatismo, terrorismo e fundamentalismo). Já seu processo decisório, é governado por consenso, estruturado por dois órgãos permanentes: o Secretariado em Pequim e a Estrutura Regional Antiterrorista em Tashkent. Além disso, o Conselho de Chefes de Estado e o Conselho de Chefes de Governo da SCO (HGC) se reúnem uma vez por ano para discutir a estratégia de cooperação multilateral da organização e suas áreas prioritárias de atuação.

A OCX, herdeira do antigo grupo dos Cinco de Xangai criado em 1996, hoje é composta por nove membros (China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão, desde 2001; Índia e Paquistão a partir de 2017; e o Irã, a partir de 2021). Além disso, conta com três observadores (Afeganistão, Bielorrússia e Mongólia) e nove parceiros de diálogo (Azerbaijão, Armênia, Camboja, Nepal, Turquia, Sri Lanka, Arábia Saudita, Egito e Qatar). Tamanho é o peso político, econômico e demográfico do bloco que seus países-membros respondem por mais de 70% do território eurasiático, quase a metade da população do planeta e mais de 30% do PIB mundial.

O mais recente encontro, a 21ª Reunião do Conselho de Chefes de Estado da OCX, ocorrida em setembro de 2021, também foi ignorada pelos noticiários da grande mídia ocidental. Entretanto, a cúpula foi de grande importância para os imbricados rumos da geopolítica global, marcando o ingresso do Irã como membro-permanente da organização, após constar como membro-observador do organismo desde 2005, e candidato ao ingresso desde 2008. Tal evento trata-se, portanto, de um considerável aprofundamento da aproximação do país persa para com as dinâmicas eurasiáticas lideradas pelo eixo sino-russo.

O fato é que, quanto mais os EUA e seus aliados aprofundaram, nos últimos anos, o cerco geopolítico e geoeconômico ao Irã, maior foi o crescimento da sua corrente de comércio e de investimentos da China. A conclusão do acordo bilateral, firmado em 2021, prevê um investimento chinês em território iraniano da ordem de US$ 400 bilhões, distribuídos ao longo de 25 anos. Assim, além de contribuir com a segurança energética chinesa, o Irã também se soma aos projetos de espraiamento da Iniciativa do Cinturão e Rota, a Nova Rota da Seda chinesa.

A questão central desta cúpula, contudo, voltou-se para a retirada precipitada das tropas dos EUA e da OTAN do Afeganistão, e seus respectivos desdobramentos securitários para a região. Os países da OCX se manifestaram no sentido de buscar a construção de consensos e reunir esforços para empurrar a situação afegã em direção à estabilização do cenário regional. O representante chinês, Wang Yi, afirmou que “como iniciadores da questão afegã, os EUA não podem simplesmente ir embora, criar mais problemas para o governo afegão e despejar o ‘fardo’ nos países da região”.

Dessa forma, o Afeganistão sob o governo Talibã se torna uma prova de fogo para as movimentações políticas da OCX. O país está envolvido com a organização desde 2005, quando se estabeleceu o grupo de contato OCX-Afeganistão, suspenso em 2009; em 2012 tornou-se membro-observador; e, em 2015, assinou um protocolo com a Estrutura Regional Antiterrorista e se candidatou ao ingresso como membro pleno do grupo. Os membros da organização enfatizaram a necessidade de o território afegão deixar de abrigar qualquer força insurgente ligada ao terrorismo, ao separatismo e ao extremismo, com especial alusão ao Movimento Islâmico do Turquestão Oriental, ao Tehreek-e-Taliban Pakistan, ao Estado Islâmico e às demais organizações afiliadas da Al Qaeda. A China, em especial, tem profundas preocupações com a desestabilização regional e seus impactos sobre Xinjiang. Para tanto, destacou a importância de trabalhar em conjunto para impulsionar o processo de reconciliação nacional, contribuindo para tornar o Afeganistão um país desenvolvido, independente e estável, respeitando os assuntos políticos internos dos demais países da região.

Parece evidente que embargos econômicos e intervenções militares, as tradicionais estratégias estadunidenses para lidar com os Estados “párias”, não têm resolvido situações políticas e sociais complexas tais como a do Afeganistão. A solução chinesa, por sua vez, passa por engajar Cabul, forçando a moderação do novo governo em troca de reconhecimento político e cooperação econômica e institucional. Nesse sentido, cabe destacar que o Corredor Econômico China-Paquistão (CECP) é um dos mais avançados da Nova Rota da Seda chinesa, e pode facilmente ter seus efeitos ampliados para a órbita do país vizinho, principalmente tendo em vista que o solo afegão é rico em terras raras, com depósitos de minerais e metais estratégicos avaliados em mais de US$ 1 trilhão, dentre os quais o lítio. É nesse contexto que Pequim anunciou recentemente uma ajuda de US$ 31 milhões em alimentos e vacinas para o novo governo afegão enfrentar a crise humanitária. Considerando que mais de 60% do comércio afegão já se dá com os países-membros da OCX, o custo para Cabul confrontar os objetivos estratégicos do arranjo regional tende a ser, portanto, demasiadamente elevado.

Paralelamente à retirada do Afeganistão, os EUA têm buscado fortalecer a relevância do bloco QUAD, também conhecido como o Diálogo Securitário Quadrilateral, formado por Austrália, Índia, Japão e os próprios EUA, que rivaliza com os intentos chineses de protagonizar os arranjos políticos multilaterais orientais. Todavia, tal estratégia de Washington parece insuficiente para confrontar a robusta dinâmica de cooperação política, integração de infraestrutura e desenvolvimento econômico regional liderada por Pequim, tais como a OCX, a Nova Rota da Seda e a Parceria Regional Abrangente (RCEP), entre outras.

Resumidamente, os recentes acontecimentos no Afeganistão e nos rumos dos arranjos políticos multilaterais em questão sinalizam o impulsionamento dos efeitos gravitacionais geoeconômicos e geopolíticos da China na região. Assim, indicam mais um largo passo para a consolidação de um novo sistema sinocêntrico e reafirmação da Nova Rota da Seda como o epicentro das movimentações em prol de um projeto chinês de globalização, alternativo ao da ordem neoliberal regida pela unipolaridade estadunidense. E, na medida em que a China amplia sua posição central nas redes comerciais e de investimento na grande região asiática e no mundo, mais onerosa se torna a tarefa de Washington para sustentar seus aliados e preservar sua projeção não apenas na Eurásia, mas também no conjunto do sistema internacional. Resta, pois, saber o quão errático e disfuncional será o comportamento de um hegemon (EUA) assustado com desafios e mudanças que lhe escapam ao controle.

* Diego Pautasso é doutor e mestre em Ciência Política pela UFRGS. Atualmente é professor de Geografia do Colégio Militar de Porto Alegre e professor convidado da Especialização em Relações Internacionais – Geopolítica e Defesa, da UFRGS. Autor do livro China e Rússia no Pós-Guerra Fria, Juruá, 2011. E-mail: [email protected]

* Tiago Nogara é doutorando em Ciência Política na Universidade de São Paulo (USP). E-mail: [email protected]

** Este é um artigo de opinião. A visão dos autores não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Editado por: Ayrton Centeno
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

Desigualdades

Tarifa zero aos domingos é como distribuir sobremesa para quem não tem o que almoçar

Guerra às drogas

Marcha da Maconha SP acontece neste sábado (14), com presença de indígenas Guarani e MST

TENSÃO CRESCENTE

Sete israelenses feridos por mísseis e dois caças derrubados: Irã inicia resposta a ataques

HISTÓRIA

Intérprete do Brasil: Grande Otelo é protagonista de mostra no Cine Humberto Mauro, em BH

CRISE INTERNACIONAL

Prefeito de João Pessoa se refugia em abrigo após bombardeio de Israel ao Irã durante missão oficial em Tel Aviv

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.