Rio de Janeiro

VIOLÊNCIA

São Gonçalo teve 81% de atingidos por arma de fogo na área leste da Região Metropolitana do RJ

Região Metropolitana do RJ registrou 3.795 tiroteios de janeiro a setembro, 7% a mais que o mesmo período de 2020

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
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Em 2021, 100 dos 286 tiroteios ocorreram na presença de agentes de segurança. Houve aumento de 33%, em relação à mesma época de 2020, quando foram registrados 75 disparos com presença de agentes - Pixabay

A parte leste da região metropolitana do Rio de Janeiro concentrou 48% do número de pessoas atingidas por tiros no mês de setembro entre todos os municípios que integram a área. De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, houve 68 tiroteios/disparos de arma de fogo em Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Cachoeira de Macacu e Tanguá.

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O leste metropolitano ficou atrás da zona norte e empatou com a Baixada Fluminense em número de tiroteios, mas teve a maior parte das vítimas em quase todos os indicadores do Fogo Cruzado (chacinas, balas perdidas, adolescentes e idosos atingidos). As duas chacinas que ocorreram na Região Metropolitana foram nessa área. 

Entre as sete vítimas de bala perdida, cinco foram no Leste. Três, dos seis adolescentes atingidos, foram baleados no Leste Metropolitano, e o único idoso baleado em toda a região metropolitana também foi atingido na área.

Sozinho, São Gonçalo foi o mais violento para a população. Embora tenha ficado atrás da cidade do Rio de Janeiro nos tiroteios – foram 150 registros no Rio e 48 em São Gonçalo -, o município teve 51 baleados no mês – 21 mortos e 30 feridos -, o que equivale a 81% do total de atingidos por bala em todo Leste Metropolitano.

O município foi o mais letal para a população da terceira idade. Em um relatório produzido pelo Instituto Fogo Cruzado e divulgado no dia 1º de outubro, Dia do Idoso, São Gonçalo, mais uma vez, concentrou a maior parte dos idosos baleados este ano.

Últimos dados

Em setembro de 2021, o Instituto Fogo Cruzado mapeou 286 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Embora ainda um número assustador, houve queda de 9% se comparado ao mesmo período de 2020, quando foram registrados 315 tiroteios.

Neste ano, 100 dos 286 tiroteios ocorreram na presença de agentes de segurança, o que representa 35% do total de tiroteios. Houve um aumento de 33%, em relação à mesma época de 2020, quando foram registrados 75 disparos com presença de agentes.

Neste mês que passou, 131 pessoas foram baleadas quando 61 morreram e 70 ficaram feridas. O número de mortos é 39% maior e o de feridos é 1% maior que o registrado em setembro de 2020, quando houve 113 baleados, destes, 44 mortos e 69 feridos.

Em comparação com agosto, que mapeou 340 tiroteios, 172 baleados, sendo 90 mortos e 82 feridos, setembro apresentou queda de 16% nos tiroteios, de 32% nos mortos e de 15% nos feridos.

No mês de setembro, entre as datas mais afetadas pela violência armada, o dia 17 concentrou o maior número de tiroteios, com 22 registros. O dia 23 registrou o maior número de mortos, com oito vítimas e, no dia 24, o maior número de feridos, com oito atingidos.

Mapa da violência

Entre os municípios que fazem parte da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, os cinco mais afetados pela violência armada em setembro foram:

Rio de Janeiro: 150 tiroteios, 14 mortos e 16 feridos
São Gonçalo: 48 tiroteios, 21 mortos e 30 feridos
Duque de Caxias: 21 tiroteios, 6 mortos e 2 feridos
Niterói: 15 tiroteios, 1 morto e 6 feridos
Belford Roxo: 13 tiroteios, 2 mortos e 2 feridos

Os cinco bairros mais violentos:

Bangu: 10 tiroteios e 2 feridos
Brás de Pina: 9 tiroteios e 1 morto
Campo Grande: 7 tiroteios e 2 mortos
Vila Isabel: 7 Tiroteios
Vila Kennedy: 7 Tiroteios

Das seis regiões as mais afetadas por tiroteios:

Zona Norte: 78 tiroteios, 8 mortos e 11 feridos
Leste Metropolitano: 68 tiroteios, 25 mortos e 38 feridos
Baixada Fluminense: 68 tiroteios, 22 mortos e 16 feridos
Zona Oeste: 55 tiroteios, 5 mortos e 4 feridos
Zona Sul: 11 tiroteios e 1 ferido
Centro: 6 tiroteios e 1 morto

Foram 20 tiroteios em áreas de unidade de polícia pacificadora (UPP) e das áreas mais afetadas pela violência armada:

Rocinha: 4 tiroteios
Macacos: 4 tiroteios
Tabajaras: 2 tiroteios
Turano: 2 tiroteios
Andaraí: 2 tiroteios
Complexo do Alemão: 2 tiroteios
Chapéu-Mangueira/Babilônia: 1 tiroteio e 1 ferido

As vítimas

Houve duas chacinas na Região Metropolitana do Rio. Em todas elas havia presença de agentes de segurança. No total, 7 pessoas foram mortas. No mesmo período de 2020, duas chacinas e seis óbitos no total, todas na presença de agentes de segurança.

Sete pessoas foram vítimas de bala perdida, duas morreram e cinco ficaram feridas. No mesmo período de 2020, houve oito vítimas: uma morreu e sete ficaram feridas.

Seis adolescentes e um idoso foram baleados na Região Metropolitana do Rio. Destes, três adolescentes e um idoso morreram. No mesmo período de 2020, duas crianças, dois adolescentes e três idosos foram atingidos matando um idoso.

Acumulado de 2021

De janeiro até setembro, o Instituto Fogo Cruzado mapeou 3.795 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região metropolitana do Rio, em 1.168 deles houve presença de agentes de segurança. Ao todo, 1.622 pessoas foram baleadas, 843 morreram e 779 ficaram feridas.

Houve um aumento de 7% nos tiroteios gerais se comparado ao mesmo período de 2020, que teve 3.558 tiroteios, 986 na presença de agentes de segurança, deixando 665 mortos e 686 feridos. Houve ainda aumento de 18% nos casos com presença de agentes de segurança, assim como  27% no número de mortes e 13% no de feridos.

Edição: Eduardo Miranda